Estudo aponta que quase 40% da extração de madeira na Amazônia é ilegal
Cerca de 142 mil hectares foram devastados no período de um ano, área equivalente à cidade de São Paulo
Um levantamento realizado pela Rede Simex, divulgado nesta 6ª feira (30.set), apontou que quase 40% da exploração madeireira na Amazônia entre agosto de 2020 e julho de 2021 não teve autorização de órgãos ambientais. Do número, 15% ocorreu apenas dentro de áreas protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação.
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Foram identificados 142 mil hectares com exploração madeireira não permitida no período, o que representa 38% do total. Isso significa, segundo o estudo, que a Amazônia teve uma área de floresta equivalente à cidade de São Paulo afetada pela atividade irregular em apenas um ano. As áreas protegidas, por sua vez, registraram 21 mil hectares explorados.
Em relação aos estados, sete em cada dez hectares de florestas com exploração madeireira não autorizada na Amazônia estão no Mato Grosso. Entre agosto de 2020 e julho de 2021, a atividade irregular abrangeu 103 mil hectares no estado, cifra que representa 73% da extração não permitida no bioma.
"Apesar da maior parte da exploração madeireira em Mato Grosso ter sido autorizada, a área com a atividade não permitida cresceu 17% em relação ao levantamento anterior, que analisou o período de agosto de 2019 a julho de 2020. Apenas nas terras indígenas do estado, houve um aumento de 70% na extração de madeira irregular", alertou Vinícius Silgueiro, coordenador de inteligência territorial do Instituto Centro de Vida.
O segundo estado com a maior área de exploração foi o Pará, com 57 mil hectares (15%). Rondônia, Amazonas, Acre e Roraima tiveram áreas abaixo dos 20 mil hectares afetadas pela atividade, o que representa percentuais entre 4,3% e 0,3% do mapeado na região. Já Tocantins e Maranhão registram áreas ainda menores com a atividade.
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"Esse índice de exploração não autorizada é muito alto e representa graves danos socioambientais para a Amazônia, o que contribui para impedir o desenvolvimento sustentável da região. Sem o manejo florestal sustentável a floresta pode ser degradada, há mais riscos de conflitos e deixa-se de gerar empregos formais e impostos", analisou Dalton Cardoso, pesquisador do Imazon.