Pará: extração ilegal de madeira cresceu 1.000% em terras indígenas
Dados da Rede Simex também apontam para aumento da atividade em unidades de conservação
O alto número de invasões em terras indígenas no Pará tem provocado um aumento significativo na extratção ilegal de madeira. Segundo dados da Rede Simex, divulgados nesta 4ª feira (21.set), a área explorada em terras protegidas passou de 158 hectares, entre agosto de 2019 e julho de 2020, para 1.720 hectares, em 2021, cifra que representa uma alta de 1.000%.
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O território mais impactado foi o Amanayé, que fica no município de Goianésia do Pará. Embora presente na base de dados de terras indígenas da Fundação Nacional de Índio (Funai), a área ainda aguarda homologação, o que a coloca ainda mais em risco. No local, 1.255 hectares tiveram exploração de madeira entre agosto de 2020 e julho de 2021, o que corresponde a 73% da área com a atividade ilegal no estado.
A segunda área indígena mais afetada no período foi a Baú, com 205 hectares (12%); seguida da Sarauá, com 117 hectares (7%); da Cachoeira Seca, com 94 hectares (5%) e da Anambé, com 49 hectares (3%). O estudo ressalta que a ação coloca em risco a vida e a cultura de pelo menos seis povos, sendo um deles de indígenas isolados: Amanayé, Isolados Pu'rô, Mebêngôkre Kayapó, Mebêngôkre Kayapó Mekrãgnoti, Arara e Anambé.
Além das terras indígenas, foi identificada a exploração ilegal de madeira em unidades de conservação, totalizando 126 hectados corrompidos. A maior parte ocorreu na Floresta Nacional do Jamanxim, que fica nos municípios de Itaituba e Novo Progresso. No local, 56 hectares tiveram registros de exploração madeireira, o que corresponde a 45% da área afetada irregularmente.
"O aumento da exploração de madeira dentro das terras indígenas e o registro nas unidades de conservação é extremamente preocupante, pois indica que esses territórios que por lei devem ser protegidos com prioridade não estão recebendo a atenção necessária para barrar novas invasões", afirma Dalton Cardoso, pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
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No total, a exploração madeireira não autorizada chegou a 57.079 hectares, cifra que representa 41% da atividade no Pará. O número é 14% superior ao relatado no período anterior, quando foram registrados 50.139 hectares. De toda a área explorada no estado, 23.390 hectares (41%) tiveram extração de madeira sem autorização dos órgãos ambientais.