Defesa de Bolsonaro nega relação com 8/1 e ameniza encontro com embaixadores
Advogado de ex-presidente o admitiu possível "tom inadequado" e defendeu aplicação de multas
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quer que a apuração dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro fique de fora do julgamento contra o político iniciado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em sustentação feita aos ministros da Corte Eleitoral nesta 5ª feira (22.jun), o advogado Tarcísio de Carvalho Neto afirmou não haver relação entre o encontro com embaixadores e as invasões aos Poderes.
"Tentativa de golpe conectada à reunião com embaixadores? Essa pretensão não dependeria de discursos outros que não de descrédito da Justiça Eleitoral? Alguém que pretensamente vai praticar um golpe vai se preocupar em perder tempo em desacreditar Justiça Eleitoral, em disputar eleições?", questionou.
Entre outros pontos apresentados pela defesa estão a diferença de tempo entre cada uma das ações - o encontro com embaixadores, que ocorreu em julho de 2022, não teria influenciado o movimento antidemocrático de janeiro. Tarcísio de Carvalho também alegou que as investigações do encontro em representantes internacionais já estavam em andamento em dezembro, antes da invasão aos Poderes.
A alegação contraria o pedido apresentado pelo PDT que associa os atos golpistas como uma consequência dos questionamentos ao sistema eleitoral.
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Em relação ao encontro com embaixadores, o advogado de Bolsonaro disse que é possível que o ex-presidente tenha adotado um "tom inadequado" ao citar o sistema eleitoral brasileiro. E defendeu que penalidades contra o movimento sejam aplicadas como multas.
"Se o presidente queimou a largada em matéria de propaganda, que se lhe aplique a multa do artigo 36. Se fez uso indevido do prédio público, que se aplique multa. [...] Não creio, sinceramente, ter havido um erro. O que se deu foi o uso indevido da Justiça Eleitoral como plataforma política de propaganda antecipada, como forma de catapultar uma candidatura cambaleante, que jamais decolou. Flagrante desvio de finalidade", defendeu Tarcísio de Carvalho.
Braga Netto
O advogado também defendeu que não haja possibilidade de que o candidato à vice-presidente na chapa com Bolsonaro, general Walter Braga Netto, sofra penalidade em processos eleitorais, por não ter sido responsável pelo encontro com representantes de outros países.
O advogado de Bolsonaro
Tarcísio Vieira foi membro do TSE, tendo atuado na Corte Eleitoral entre 2014 e 2021. Enquanto ministro, votou contra a cassação da chapa Dilma-Temer, em julgamento ocorrido em 2017. Na ocasião, ele defendeu que o esquema de corrupção envolvendo a Petrobras não abasteceu a campanha eleitoral dos então candidatos.
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