Debate em SP: candidatos prometem redução de impostos e volta de benefícios
Em momento mais acalorado, Elvis Cezar (PDT) atacou Tarcísio de Freitas (Republicanos)

Guilherme Resck
Atuação da Justiça, aplicação do ICMS, defesa das mulheres, preço do pedágio e passe livre do idoso no transporte público estiveram entre os temas abordados pelos candidatos a governador de São Paulo no debate do SBT, realizado na noite deste sábado (17.set). O jornalista Carlos Nascimento foi o mediador.
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O deputado federal Vinicius Poit (Novo-SP) foi o primeiro a perguntar a um concorrente; indagou a Fernando Haddad (PT) sobre o que acha da atuação do Supremo Tribunal Federal (STF). "Eu respeito as instituições democráticas do meu país. O país tem três Poderes", respondeu o petista. Ainda de acordo com ele, "se o chefe do Executivo não respeitar a Justiça e não respeitar o Parlamento, ele vai estar concorrendo para um regime autoritário". "E eu sou completamente avesso a qualquer tipo de autoritarismo".
Haddad relembrou que foi ministro da Educação por sete anos e disse que todas as medidas em sua gestão foram aprovadas "respeitando o Parlamento e o Judiciário também". Poit, por sua vez, criticou a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), sugerindo que a Corte tem uma "postura ditatorial". Ainda de acordo com ele, "a Justiça e o STF muitas vezes aqui no país estão causando uma inversão completa de valores". O político acusou os partidos dos concorrentes também de continuarem "fazendo toma lá, dá cá" e criticou a corrupção: "A corrupção mata". Haddad rebateu Poit dizendo que ele não conhece sua administração na capital paulista e que, se conhecesse, saberia, por exemplo, da criação da Controladoria-Geral do Município e a adoção de medidas para garantir a transparência da prefeitura, como a disponibilização no site oficial dos contratos firmados pelo Executivo municipal.
Elvis Cezar, ex-prefeito de Santana de Parnaíba e candidato do PDT, foi o segundo a perguntar. "Como vai discutir o pacto federativo com o objetivo de trazer mais recursos públicos para São Paulo?", falou a Tarcísio. O político do Republicanos deu início à resposta se apresentando e dizendo que, como ministro, pôde "fazer a diferença, gerar emprego". Depois, afirmou que em sua gestão, foram enviados R$ 367 bilhões em recursos para São Paulo. Quando a palavra voltou para Elvis, o pedetista atacou o concorrente dizendo que ele "deveria ter vergonha de ser candidato a governador de São Paulo" porque, entre outras coisas, "em seu orçamento [como ministro da Infraestrutura] ele destinou a menor porcentagem de investimento para São Paulo".
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"Deixou São Paulo por último de todos os estados e destinou mais dinheiro para o Acre e Roraima, que são menores que a cidade que eu nasci, Carapicuíba", afirmou Elvis. De acordo com ele, "isso é inadmissível" e é "sabotar o direito do povo paulista". O pedetista acusou Tarcísio ainda de andar com "deputado que bate em mulher, deputado que fala mal do Papa e deputado corrupto, Eduardo Cunha". A fala foi aplaudida por convidados do PSDB e, inclusive, pela candidata a vice na chapa de Vinicius Poit (Novo), Doris Alves (Novo). Em sua resposta, Tarcísio disse que é Elvis "quem deveria ter vergonha" e deveria "estudar mais". Relembrou, entre outras coisas, que foi promovido o leilão da NovaDutra quando era ministro. Quando terminou de falar, os convidados do Republicanos gritaram: "Uhuuuuul".
Posteriormente, Haddad afirmou que Rodrigo Garcia aumentou alíquota do ICMS na pandemia e perguntou o motivo. Respondendo, o tucano relembrou que foi o primeiro governador a reduzir a alíquota do ICMS sobre a gasolina -- medida adotada após a legislação federal obrigar --, e disse que as contas de São Paulo estão "equilibradas". Por esse motivo, acrescentou, deixará de fazer desconto para os aposentados que recebem até R$ 3,5 mil e retomará o passe livre do idoso entre 60 e 64 anos no transporte público, para os mais pobres.
Haddad acusou o tucano de falar "uma série de inverdades no seu programa eleitoral" e de "tentar enganar a opinião pública a respeito de com quem ele estava no verão passado"; de acordo o petista, Garcia "esconde" sua ligação passada com João Doria (PSDB) e que atuou nas gestões de Gilberto Kassab (PSD) e Celso Pitta na prefeitura de São Paulo. Além disso, prometeu reverter o fim do passe livre do idoso acima de 60 anos, criticou a velocidade com que as obras do metrô vem sendo tocando, falando não ser a "desejada" e reforçou promessa de "acabar com o ICMS sobre a carne e os produtos da cesta básica", além da outra de aumentar o salário mínimo.
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O tucano disse que na gestão de Haddad na prefeitura "cresceu três vezes a invasão de prédios" na capital paulista e que não admitirá "nenhum tipo de invasão" no estado. Garcia pontuou ainda que Haddad defendeu a desmilitarização da Polícia Militar, e se posicionou contra a medida: "Aliás, eu nem sei o que é isso. Se a polícia é militar, ela é militar. Você quer que eles reajam ao criminoso fazendo cafuné, entregando flores? Para mim a Polícia Militar tem que ser valorizada".
Questionado por Tarcísio como incentivar o empreendedorismo, Poit falou que a primeira medida é "tirar o governo do cangote do empreendedor". Ainda respondendo a questão, prometeu revogar impostos aumentados na pandemia, fornecer crédito para microempreendedores e acabar com a multa financeira aplicada nos casos em que um cidadão abre um negócio e incorre em irregularidade.
Em outro momento, Poit disse que uma eventual gestão sua atenderá todas as pessoas com necessidades especiais e implementará um passe livre no transporte público para idosos mais pobres. Depois, afirmou que, se eleito, será "o governador mais econômico da história de São Paulo". Outra promessa feita foi de recuperar o centro da capital paulista. O candidato defendeu também a existência de incentivos e bolsas para acabar com a pobreza, mas disse que o "melhor programa social é o emprego".
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Conforme Tarcísio de Freitas, se eleito, trabalhará com o Banco do Povo para fazer o crédito chegar ao empreendedor, reduzirá impostos aumentados na pandemia, e dará uma bolsa de R$ 120,00 mensais a alunos para que estes "possam permanecer em sala de aula", além de R$ 500,00 a 100 mil famílias, com o mesmo objetivo. Sobre o uso de câmeras acopladas ao uniforme de policiais militares, medida implementada pela gestão Doria, Tarcísio afirmou que a política pública "precisa ser reavaliada" e que o fará se eleito. Segundo ele, ela precisa ser olhada "não só à luz da questão da letalidade", que considera um "parâmetro complicado, porque passa a sensação de que a gente está colocando a câmera porque desconfia do policiais. A gente tem que olhar a questão da câmera à luz de outros indicadores, por exemplo indicadores de produtividade". De acordo com Tarcísio, "o bandido tem que perceber que a polícia tem respaldo, que a polícia tem respeito". Rodrigo Garcia, por outro lado, prometeu ampliar as câmeras nos uniformes e anunciar, se eleito, o Detecta Móvel - câmera dentro de viatura policial. Para a área de segurança pública, Elvis Cezar prometeu expandir as delegacias de defesa da mulher 24 horas.
Outras propostas feitas por Elvis no debate incluem concessão de crédito, redução de impostos e redução de pedágios, para fazer "São Paulo voltar a ser locomotiva deste país". De acordo com o pedetista, "se o governador do estado de São Paulo não tomar atitude, a gente vai sofrer a maior desindustrialização de todos os tempos". Ele prometeu, se eleito, fazer uma auditoria nos pedágios, porque "não é possível" que o valor das tarifas esteja correto, e isentar do pagamento as pessoas em tratamento médico.
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