Lula: "Se eu ganhar eleição, voltaremos a ter política externa ativa e altiva"
Petista esteve no auditório Simon Bolívar, no Memorial da América Latina
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à Presidência da República nas eleições deste ano, disse nesta 2ª feira (22.ago) que se vencer o pleito em outubro, o Brasil vai "voltar a ter uma política externa ativa e altiva".
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"Pode ficar certo que nós vamos recuperar o prestígio que o país tem no mundo", completou. As afirmações foram feitas em discurso no evento de lançamento do livro O Brasil no mundo, 8 anos de governo Lula. A obra tem mais de 800 páginas e milhares de imagens registradas pelo fotógrafo oficial do petista, Ricardo Stuckert, em 136 viagens feitas durante os dois mandatos de Lula como presidente do Brasil.
O evento foi realizado no auditório Simon Bolívar, no Memorial da América Latina, na Barra Funda, zona oeste da capital paulista. O local ficou lotado nesta noite. Na plateia, convidados da Fundação Perseu Abramo. O jornalista Chico Pinheiro, um dos mestres de cerimônia da noite, anunciou o lançamento do livro como um evento cultural e não de campanha ou partidário.
O autor das fotografias, Stuckert, foi o primeiro a ser chamado ao palco que, em seguida foi ocupado pelos ex-ministros Carlos Gabas, Elói Ferreira, Paulo Vanucci, Luís Dulce, Guido Mantega, Luiz Barreto, José Graziano, Juca Ferreira, Altemir Gregório, Fernando Haddad e Celso Amorim. Eles acompanharam a entrada de Lula, que foi anunciado como o maior estadista da história do Brasil e foi recebido pelo público que, em pé, entoou "olê, olê, olá, Lula, Lula".
Stuckert também discursou. "Eu costumo dizer que não existe futuro sem passado e esse passado do senhor, a gente lembrar de um Brasil onde a gente tinha orgulho de dizer que era brasileiro fora do país. E a gente chegar com o passaporte e todo mundo perguntar 'e o presidente Lula? E o presidente Lula?'. Então, as fotografias nos ajudam a relembrar que a gente foi muito feliz nesses oito anos que o senhor foi presidente", falou o fotógrafo ao petista.
A ex-ministra Matilde Ribeiro, da secretaria de políticas de promoção da igualdade racial, lembrou a importância de Lula na promoção da população negra, o combate ao racismo, políticas de inclusão e cotas, e a aproximação com os países africanos durante os oito anos de governo. Já Haddad, que é candidato ao governo de São Paulo pelo PT, lembrou dos avanços na área da educação e o intercâmbio que o Brasil teve com países do mundo nas áreas do comércio, cultura e educação. Falou também que Lula se relacionou com chefes de estado de países desenvolvidos, em desenvolvimento e pobres, sempre de forma lúcida e sem baixar a cabeça.
"Eu diria que o ex-presidente Lula tocou com sua política externa todos os quadrantes do planeta. Não houve nenhum espaço geográfico do planeta que não tenha sido tocado pela política externa dos nossos governos", afirmou Haddad. Ao final da fala, alfinetou os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL): "Essa obra tinha que vir com uma observação, porque ela pode fazer muito mal à saúde de um bolsonarista. Então é preciso de um alerta, como ela está em domínio público, porque se comparar o que foram esses oito anos de governo, o que foi essa política externa, o que foram esses encontros, esses acordos, esses convênios internacionais, a gente só não chora porque dia 2 de outubro está chegando".
O ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim disse que quando foi convidado por Lula para o posto, não entendeu o convite, já que embora fosse o embaixador brasileiro na Inglaterra, o presidente eleito não o conhecia. Mas, acrescentou, logo entendeu que a intenção era marcar uma política de Estado e que a política externa brasileira deveria ser "ativa e altiva", e assim foi.
Em seu discurso, Lula -- o último a falar -- disse que a "ideia fundamental" do lançamento do livro "é pelo empobrecimento de política externa que vive o nosso país". Na sequência, o petista declarou que, apesar de o Brasil sempre ter sido "um país importante", sempre deixou "ser tratado como se fosse uma coisa insignificante, como se fosse uma colônia". "É quase que uma questão cultural. Uma parte da elite econômica brasileira e da elite política adora ser subalterna, adora fazer o papel de inferior, adora dizer amém e dizer 'sim, senhor' quando com a mesma força você poderia dizer 'não'. E a coisa que me dá muito orgulho é que a nossa política externa nuca permitiu que a gente falasse grosso com a Bolívia e com o Uruguai, São Tomé e Príncipe ou qualquer outro país pequeno, ou Timor-Leste. Mas também nunca permitiu que a gente falasse "sim" com os Estados Unidos".
De acordo com Lula, em seu governo, o Brasil foi respeitado, tratado como país grande e, ao mesmo tempo, foi generoso". Ainda conforme o ex-presidente, o país "não precisa fazer muito sacrifício, porque todo mundo gosta do Brasil. Todo mundo sabe que o Brasil é um povo alegre, todo sabe que é um país de paz".
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