Publicidade

Gabriel Galípolo para o Banco Central divide impressões do mercado

Trajetória como presidente de banco privado não evita opiniões quanto ao caráter político da indicação

Gabriel Galípolo para o Banco Central divide impressões do mercado
Diretor Banco Central
Publicidade

A indicação do nome do economista Gabriel Galípolo -- atual secretário executivo do Ministério da Fazenda -- para o cargo de diretor de Política Monetária do Banco Central vem provocando reações mistas no mercado doméstico. Galípolo tem história no meio financeiro, foi presidente do Banco Fator entre 2017 e 2021, e chega ao posto por indicação de Fernando Haddad. O ministro, por sua vez, durante entrevista coletiva em que anunciou as mudanças na pasta, nesta segunda-feira (08.mai), disse textualmente que a primeira pessoa a mencionar Galípolo para o BC foi o próprio Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. 

+ Leia as últimas notícias no portal SBT News

A posição a ser ocupada por Gabriel Galípolo também é um fator que desperta atenções e análises: a área de política monetária é encarada como uma espécie de "chefia" das diretorias. Toca diretamente as ações que definem a taxa Selic, referência para os juros -- e, consequentemente, para o alinhamento da inflação aos objetivos de governo. Tem caráter técnico, mas hoje é objeto direto das críticas até do presidente da República, que tem reiterado posicionamentos contrários ao 13,75% ao ano que a Selic mantém desde agosto de 22. Daí ganham forças as considerações quanto ao aspecto "político" da indicação, na opinião de alguns analistas. Confira abaixo opiniões sobre as mudanças no Banco Central. 

André Perfeito, economista e consultor

A escolha dele [Galípolo] não fará os juros caírem antes do que a atual diretoria do Banco Central imagina como adequado, mas sem dúvida abre o contraditório dentro do Copom [Comitê de Política Monetária, que decide os juros] e encaminha a discussão no sentido de trazer outros elementos para a mesa do colegiado. 

Galípolo, além de ser um executivo experimentado, com larga trajetória no mercado financeiro e sólida formação econômica, tem uma característica importante para este momento de transição: ele é hábil politicamente o que irá ajudar a conciliar as rusgas entre BCB e Planalto o que por sua vez pode "colocar a bola no chão" deste debate estéril que surgiu na condução de curto prazo da Selic. O mercado pode até especular que essa mudança irá tornar a política monetária mais expansionista, mas há evidências de sobra que o novo diretor não age de maneira monocrática. Haverá muita negociação e parcimônia na sua gestão - André Perfeito 

Étore Sanchez, economista chefe da Ativa Investimentos

Há um nítido peso exacerbado ao potencial voto na reunião do Copom que decide a Selic, reduzindo, por diversas vezes, as outras inúmeras atribuições do posto a ser ocupado. A pasta do Bruno Serra [a quem Galípolo deve suceder] vai além de se ter feito parte de um Banco. Envolve todo um cotidiano e instrumentos que exigem uma experiência operacional, que fogem aos atributos de Galípolo. Avalio que a indicação fica ainda mais sensível quando pensamos que recentemente circulou um boato de que o indicado para a pasta poderia ser o sucessor de RCN na presidência.

O recado é claro: colocaram um político em um posto técnico. A realidade se imporá. Quanto maiores forem os descalabros, mais rápido a realidade irá se impor. Por enquanto o membro ainda não tem peso suficiente para reverter a maioria coerente dos membros do copom, mas já se fala em eventual constrangimento de outros membros mediante a presença do futuro novo chefe - Étore Sanchez

Marília Fontes, sócia da Nord Research

Gabriel Galipolo é um economista que já atuou diversas vezes na equipe do PT, seja com um papel oficial ou consultivo. Apesar dele ter a linha mais desenvolvimentista, ele tem passagens pelo mercado financeiro e entende a importância de uma gestão fiscalmente responsável. Não é um nome que o mercado gostaria, mas também não é da esquerda radical, como os políticos escolhidos durante a gestão da Dilma.

Paulo Nogueira Batista Jr, economista

Gabriel Galipolo tem amigos e simpatizantes na esquerda e no mercado financeiro. Tem aceitação dos dois lados e agrada a gregos e troianos, portanto. Por ser ligado ao ministro Haddad, de quem era vice ministro até recentemente, ele aumenta também as chances de diálogo entre a fazenda e o banco central.  Contribuindo talvez pra evitar que se cristalize uma relação adversarial, não cooperativa, entre as duas instâncias da política macroeconomica. 

A indicação foi bem recebida ao menos por parte do mercado financeiro, a ponto de mexer com o humor da Bolsa de Valores. Apoiado ainda sobre o desempenho de commodities, como Petrobras e Vale, o Ibovespa aproveitou o que enxergou de melhor nos dois contextos e fechou em alta de 0,85% - aos 106.042 pontos. No câmbio, o dólar fechou em alta de 1,37% cotado para venda a R$ 5,01. 

Leia também

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

portalnews
sbtnews
ministério da fazenda
banco central
gabriel galípolo
economia
guto abranches

Últimas notícias

Pimenta assumirá Ministério de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul

Pimenta assumirá Ministério de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul

Lula fará anúncio oficial nesta quarta (15), em nova visita a Porto Alegre
Jean Paul Prates é demitido da presidência da Petrobras

Jean Paul Prates é demitido da presidência da Petrobras

Ex-senador foi demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A engenheira Magda Chambriand foi convidada para o cargo
Égua que estava presa em terceiro andar de prédio é resgatada por bombeiros no RS

Égua que estava presa em terceiro andar de prédio é resgatada por bombeiros no RS

Animal estava em um apartamento desocupado, em condomínio que teve primeiro andar tomado pela água
VÍDEO: novas imagens mostram motorista de Porsche momentos antes de acidente em SP

VÍDEO: novas imagens mostram motorista de Porsche momentos antes de acidente em SP

A gravação, de 10 segundos, foi anexada ao processo. Após o acidente, Fernando Sastre foi liberado por policiais militares sem fazer o teste do bafômetro
Vídeo: lareira de restaurante explode e deixa três feridos no RJ

Vídeo: lareira de restaurante explode e deixa três feridos no RJ

Imagens das câmeras de segurança do local registraram o momento que garçom despeja um líquido inflável na estrutura
Lula convida Lira e Pacheco para viagem de anúncios ao Rio Grande do Sul

Lula convida Lira e Pacheco para viagem de anúncios ao Rio Grande do Sul

Presidente da Câmara disse que tentará acompanhar comitiva entre Poderes e ministros; ida deve contar com confirmação de novo programa social
Especialistas avaliam usar mesma técnica de reconstrução de São Sebastião (SP) no Rio Grande do Sul

Especialistas avaliam usar mesma técnica de reconstrução de São Sebastião (SP) no Rio Grande do Sul

Obras realizadas no litoral paulista são consideradas um caso de sucesso da engenharia e demoraram apenas 10 meses para ficarem prontas
Estádio Olímpico é reaberto para receber doações no Rio Grande do Sul

Estádio Olímpico é reaberto para receber doações no Rio Grande do Sul

Antigo estádio do Grêmio fica em região que não foi atingida por alagamentos
Prejuízo das enchentes em Montenegro (RS) é estimado em R$ 110 milhões

Prejuízo das enchentes em Montenegro (RS) é estimado em R$ 110 milhões

Quase oito mil pessoas estão desalojadas na cidade, inundada pelo Rio Caí
Rio Grande do Sul tem 135 rodovias estaduais e federais totalmente bloqueadas

Rio Grande do Sul tem 135 rodovias estaduais e federais totalmente bloqueadas

Atualmente, 100 rodovias estaduais estão com o trânsito completamente bloqueado e 51 com interrupções parciais
Publicidade
Publicidade