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Investidor estrangeiro "compra" mais o Brasil do que investidor local

Aportes 'gringos' seguraram queda maior da bolsa; investimentos na B3 chegaram à casa dos R$ 110 bilhões

Investidor estrangeiro "compra" mais o Brasil do que investidor local
investidor estrangeiro
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Tem para todo mundo. Papel brasileiro é o que não falta para o investidor local (institucional e até pessoa física) e para os estrangeiros. E quase sempre, visto do exterior, o "Brasil é barato": garantia de ganhos? Ações atraentes para todos? Quem se arrisca mais? Quem tende a acertar mais? 

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A bolsa brasileira, a B3, pesquisou um comportamento que estabelece uma diferença entre dois tipos de investidores: quem entra no mercado brasileiro a partir da visão que tem das oportunidades apresentadas aqui morando no mundo, e quem respira o ar que se oferece no cenário doméstico -- estando aqui. Neste segundo caso, sofrendo diretamente a influência da velocidade da troca de informações que a proximidade entre agentes de mercado e situações obriga. Sem descartar, por isso mesmo, o jogo bruto da cena político-partidária ainda mais num ano que abrigou a mais turbulenta eleição presidencial da redemocratização. Na virada para a posse do governo eleito, de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a variável Lula entra nas contas para qualificar e quantificar o retorno das aplicações financeiras. 

Quem é quem

Os dados da bolsa apontam que o investidor institucional tem vendido a rodo os papéis brasileiros. Ao longo deste ano (confira no gráfico abaixo), isto fica transparente. 

Estrangeiros (em vermelho) compram mais papéis brasileiros do que os investidores locais | Reprodução

Em verde, nota-se que a curva que parte do zero a zero (início de um eventual investimento/desinvestimento) em nome dos investidores daqui afunda implacavelmente já a partir de janeiro, até ultrapassar os R$ 110 bihões, aproximadamente, no fechamento de 2022. Ao mesmo tempo, abre-se a "boca do jacaré" em relação ao comprador estrangeiro: a curva em vermelho, de quem é de fora do país, avança na direção diametralmente oposta aos institucionais. Inclusive o nível do fluxo do capital em direção ao mercado nacional é de intensidade quase idêntica ao da venda de papéis pelos locais, na casa dos mesmos R$ 110 bilhões. "O investidor estrangeiro passou quase o ano todo, este ano turbulento detectado pelo investidor local via política -- que não acreditou num Lula, se eleito, mais ameno -- , enxergando no Brasil que independente de quem fosse eleito, Jair ou Lula, nada mudaria muito e ambos conduziriam políticas de forma semelhante", analisa Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital. Veio daí o impulso muito forte para o fluxo de dinheiro estrangeiro em direção ao Brasil. 

A pessoa física passou o ano praticamente rondando o zero a zero.

Quem contra quem

Não dá para os dois lados estarem certos. Pelo menos não no longo prazo. A tendência é que o investidor local conheça melhor a política do país e os responsáveis -- e suas ações -- pelas políticas públicas. Daí a sintonia "finíssima" no acompanhamento das cotações. E a porta aberta para o pensamento mais de curto prazo -- ao menos na teoria. Já os estrangeiros voltam seus olhares para um paralelo entre os mercados e suas características. Equivale a dizer que, no horizonte destes "forasteiros", aparecem a eleição no Brasil, a guerra na Ucrânia, o lockdown na China. Com pesos devidamente diferentes entre eles. Leia-se, com aportes maiores ou menores a depender do tamanho da economia e das expectativas. "O gringo não tem a percepção do insider, ou seja, do local. Eles veem oportunidades de preço de curto prazo, muitas vezes por um viés de proxy, ou seja, ao pôr dinheiro em emergentes, busca o 'menos pior'", opina o gestor Jason Vieira, da Infinity Asset. O problema é que a ausência de percepção de "dentro" já levou a perdas em diversos lugares, onde os locais se anteciparam, notadamente Argentina, Rússia, México e África do Sul.

Quem pode, pode

Visto por este ângulo, o volume aportado em Brasil é, costumeiramente, em proporção que o investidor até "poderia perder", no caso de uma aposta errada. Não que seja pouco dinheiro que chega para o Ibovespa, mas, sim, que, na comparação com os demais destinos que figuram na carteira do estrangeiro, a bolada brasileira eventualmente figuraria como um prejuízo menor para o capital que procura destino ao redor do planeta. E ao sinal de uma decepção -- ou perspectiva de -- as verdinhas sempre podem voar buscando outro pouso mais seguro e mais rentável. No presente momento, os 'gringos' não sabem exatamente no que vai dar o governo Lula. Mas fazem suas apostas. O que é risco para eles é risco ainda maior para o mercado brasileiro, na leitura dos analistas. Basta dar mais uma olhada no gráfico acima: a entrada dos estrangeiros, pode-se concluir, não fez a bolsa subir, mas evitou que ela piorasse mais. Já uma saída deles... " Nesse último mês, PEC de gastança (sic), o estrangeiro se frustrou um pouco com aquela visão de um Lula mais ameno e colocou o pé atrás", diz Izac. 

"Tudo seria diferente num pretenso cenário estável; o gringo capta melhor tais percepções, mas muitas vezes se perdem no informacional do cenário adverso [quando não há como ter precisão maior nas informações]. Num cenário normal, o gringo funciona bem, tem mais paciência, mas amarga perdas mais pesadas. A questão é que, no momento, o cenário estável não é possível"
Jason Vieira, Infinity Asset  

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