10% mais ricos do Brasil concentram 58,6% da riqueza do país, mostra estudo
A amostra revela também a diferença de renda entre as regiões do país
Um estudo divulgado pelo Ministério da Fazenda, com base na declaração do Imposto de Renda de 2022, mostra que os 10% mais ricos do Brasil concentram 58,6% da riqueza do país.
As declarações analisadas pelo relatório da pasta têm com base os ganhos e gastos de 2021, no auge da pandemia da covid-19.
O estudo mostra também a diferença entre as regiões do país: a renda média declarada foi de R$10.209 por mês. O Distrito Federal liderou o ranking, com média mensal de R$ 14.375.
Além do DF, apenas quatro estados, todos no centro-oeste e sudeste, superaram essa média: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro). Os outros 22 estados tiveram rendimento menor que a média. O estado com a renda média mais baixa foi o Maranhão R$ 7.158 mensais.
O estudo demonstra ainda que enquanto os 10% dos mais ricos responderam por 41,6% do total de deduções, a Fazenda afirma que as pessoas de renda mais baixa não deduziram praticamente nada- como escola e saúde.
Para corrigir essas distorções, o governo quer discutir uma proposta de reforma do Imposto de Renda. Um dos objetivos é mudar justamente a dinâmica das deduções. As eleições municipais deste ano, que reduzem o calendário de votações no Congresso Nacional, são um empecilho. Por isso, a avaliação dos parlamentares é que as mudanças devem ficar para o ano que vem.
Para o diretor da FGV Social, Marcelo Neri, o estudo revela que a desigualdade no Brasil aumentou durante a pandemia, mesmo com a distribuição do auxílio emergencial.
"O grupo que mais perdeu, e perdeu bem mais do que pobres e ricos, foi a classe média durante a pandemia. E a gente só consegue enxergar essa estrutura de renda com detalhes no topo, apenas com os dados do Imposto de Renda. Então, ela mostra que o filme da pandemia foi um filme mais difícil do que se imaginava em termos de desigualdade de renda", analisa.