Lira suspende convocação de ministro de Lula na CPI do MST
Presidente da Câmara acata questão de ordem e impede depoimento de Rui Costa
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara que investiga invasões do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) não vai mais receber o ministro-chefe da Casa Civil do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Rui Costa, nesta 4ª feira (9.ago).
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O motivo: o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), acatou questão de ordem do deputado Nilto Tatto (PT-SP) para impedir a convocação.
O depoimento do ministro estava marcado para esta 4ª feira. A CPI havia aprovado o requerimento do deputado Ricardo Salles (PL-SP), relator do colegiado, para ouvi-lo. Segundo o congressista do PL, Costa, enquanto exercia o cargo de governador da Bahia, não traçou planos para impedir a invasão de terras pelo MST.
Na decisão publicada no Diário da Câmara dos Deputados, Lira afirma que não foi encontrado "fato determinado" que justifique a convocação de Rui Costa. O presidente da CPI, o deputado Zucco (Republicanos-RS), criticou a decisão de Lira em nota divulgada a jornalistas.
"Ao negar provimento para a tomada de depoimento do ministro da Casa Civil, Rui Costa, abre-se um precedente perigosíssimo para a democracia representativa.
Segundo o deputado, esta seria "uma ação deliberada de pressão do Palácio do Planalto junto às bancadas para substituir os integrantes de oposição na CPI por perfis governistas".
Leia a íntegra do texto divulgado pelo deputado oposicionista:
"A Câmara dos Deputados está escrevendo um triste capítulo de sua história. Ao negar provimento para a tomada de depoimento do ministro da Casa Civil, Rui Costa, abre-se um precedente perigosíssimo para a democracia representativa. A CPI é um instrumento das minorias parlamentares, para assegurar que o Legislativo cumpra sua função fiscalizatória sem que seja impedido ou constrangido pelos grupos políticos majoritários.
Com aproximadamente três meses de trabalhos, estamos presenciando uma ação deliberada de pressão do Palácio do Planalto junto às bancadas, para substituir os integrantes de oposição na CPI por perfis governistas. Isso levará à alteração na correlação de forças, praticamente inviabilizando qualquer tipo de investigação que contrarie os interesses de quem hoje ocupa o poder. O pneu está sendo trocado com o carro em movimento, as regras do jogo mudando na metade do campeonato.
Hoje, deixamos um alerta para toda a sociedade brasileira. Oposição calada, sufocada e perseguida é alimento para o monstro do totalitarismo, típico das piores ditaduras".