Presidente da CPI do MST ataca deputada Sâmia Bomfim
"Quer remédio? Hambúrguer?", disse deputado Zucco. Comissão ouve José Rainha, líder sem-terra
A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ouviu José Rainha, líder da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL). Rainha foi um dos líderes do MST e, no depoimento desta 5ª feira (3.jul), foi categórico ao afirmar que não iria revelar os motivos pelos quais deixou o movimento.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Mais uma vez, a CPI virou palco para discussões acaloradas entre deputados da esquerda e parlamentares bolsonaristas, que lideram a comissão com o relator, Ricardo Salles (PL), e o presidente, Tenente-Coronel Zucco (Republicanos).
Um dos momentos de discussão foi quando o relator quis saber qual a relação de Rainha com a deputada Sâmia Bomfim (Psol). Diante dos protestos por causa da pergunta, o presidente da Comissão, deputado Tenente-Coronel Zucco, debochou de Sâmia. "A senhora respeite. A senhora está nervosa, deputada? Quer um remédio ou quer um hambúrguer?", disse o parlamentar.
A deputada Talíria Petrone, também do Psol, partiu em defesa da colega. Zucco se desculpou, mas reclamou de ataques de Sâmia a ele em outros momentos.
Rainha esclareceu que a ex-esposa dele trabalha no gabinete da deputada Sâmia Bonfim e que tem com ela relações fraternas, políticas e diplomáticas.
Sâmia Bomfim comentou o ataque em suas redes:
Até hoje a CPI que pretendia criminalizar o MST não conseguiu apresentar UMA prova sequer contra os movimentos sociais. Restou aos bolsonaristas apelar para ataques baixos e machistas. Mas não nos abalam: vamos seguir denunciando os crimes do agrogolpismo e seus representantes! pic.twitter.com/C2kZisjjAO
? Sâmia Bomfim (@samiabomfim) August 3, 2023
Líder do FNL
José Rainha foi chamado para falar das acusações de extorsão de donos de propriedades rurais no Pontal do Paranapanema, no oeste de São Paulo. Ele chegou a ser preso em março por isso e foi solto em junho. No depoimento, ele afirmou que "sempre as minhas prisões foram pela causa da reforma agrária".
Uma das principais indagações dos parlamentares a José Rainha foi o fato de ele e o movimento que lidera não terem registros e cadastros de pessoas jurídicas. A deputada Carla Zambelli (PL) afirmou que a prática poderia apontar "lavagem de dinheiro".
Rainha não respondeu sobre o faturamento da FNL, e disse que grande parte do movimento funciona por solidariedade.
A convocação de Rainha à CPI partiu de um requerimento sugerido por três deputados da oposição: Kim Kataguiri (União-SP), Rodolfo Nogueira (PL-MS) e Evair Vieira de Melo (PP-ES).
+ Oficial explica retirada de tropas no 8/1 e admite "mensagem infeliz" sobre invasão