Dez dias após anúncio, CPMI dos Atos ganha força na Câmara e no Senado
Governistas tentam retirar assinaturas, mas adesões crescem; atenção pode ser dividida com outros pedidos
O movimento de governistas para retirar assinaturas da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a condução dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro ainda não vingou. Dez dias após a apresentação da proposta ao Senado, poucos foram os que voltaram atrás - e o número de novas adesões mostra que as saídas não foram suficientes para frear o avanço da comissão por apoio no Congresso.
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Até 6ª feira (10.mar), quatro deputados retiraram as assinaturas ao pedido de abertura da CPMI, enquanto outros seis aderiram ao movimento. No Senado, o cenário foi de apenas adesões. De 28 de fevereiro até o momento, são 35 congressistas que defendem o colegiado - dois a mais do que o anunciado quando o pedido foi protocolado na Casa. Há dez dias, o movimento da Oposição registrava 189 assinaturas de deputados e 33 de senadores. Agora, são 191 e 35, respectivamente - o apoio mínimo para abertura é de 171 deputados e 27 senadores.
A CPMI é defendida em maioria por bolsonaristas, que insistem na abertura de um núcleo de investigação entre deputados e senadores para apurar ações contra os presos nas invasões às sedes dos Três Poderes em janeiro. Entre os parlamentares que a defendem está um grupo que chegou a visitar presídios no Distrito Federal, onde estão detentos que atuaram nos atos antidemocráticos. A instalação depende de uma leitura do pedido em uma sessão conjunta, pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O próximo encontro está marcado para o dia 28 deste mês.
Além do possível desgaste à equipe de Lula, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), vai contra o início da comissão por considerar que o grupo pode tirar o foco de pautas mais importantes, como a reforma tributária. A discussão por apoio na Câmara tem sido um destaque na pauta petista - nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a discutir o tema em um jantar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Por outro lado, um possível fôlego aos governistas pode ganhar força com dois novos pedidos de abertura de CPIs: a das Americanas, proposta nesta semana pelo deputado André Fufuca (PP-AM) para apurar a possível fraude em rombo fiscal da varejista, e a das Joias, que tem sido capitaneada pelo deputado Rogério Correia (PT-MG) e quer investigar o envio de presentes árabes ao governo Bolsonaro e que foram retidos pela receita.
Vai e vem da CPMI
O grupo dos que deixaram o projeto de investigação é formado por José Nelto (PP-GO), Chiquinho Brazão (União-RJ), Pastor Gil (PL-MA) e Célio Silveira (MDB-GO). Enquanto há seis nomes entre as novas adesões: Milton Vieira (Republicanos-SP), Luiz Nishimori (PSD-PR), Junior Lourenço (PR-MA), Celso Russomano (Republicanos-SP), Luciano Vieira (PL-RJ) e Prof. Paulo Fernando (Republicanos-DF). Todos os parlamentares fizeram o processo como requerimento individual, pois aderiram ao pedido depois do envio ao Senado.