Governistas vão ter que decidir entre CPI ou CPMI dos atos, diz senadora
Com pedido parado no Senado, movimento liderado por bolsonaristas pode prejudicar Lula
O governo não quer uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Mas com duas propostas no Congresso, a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ter que decidir pela participação em uma delas, caso uma chegue a ser efetivada. As opções se dividem entre a apresentada ainda na legislatura passada pela senadora Soraya Thronicke (União-MS) e a de uma comissão mista, defendida pelo bolsonarista André Fernandes (PL-CE).
A CPMI defendida por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi apresentada nesta semana, mas tem sido desmobilizada por parlamentares da ala governista. Líderes no Congresso afirmaram ao SBT News que não houve qualquer pedido por parte do governo, e que a movimentação para retirada de assinaturas de quem inicialmente apoiou a proposta se deu por parte dos próprios líderes partidários. Adesões teriam ocorrido no feriado de Carnaval, sem consulta às orientações oficiais das siglas.
No Senado, Thronicke defende a CPI apresentada por ela após as invasões de 8 de janeiro. A senadora disse que a outra opção "já começa enviesada", por ter, segundo ela, pontos de defesa em vez de uma proposta de investigação. No Congresso, deputados e senadores favoráveis à CPMI afirmam que houve excessos em prisões dos invasores aos Poderes, e questionam a condução das investigações aos atos.
A senadora também aposta que, pela adesão de parlamentares, uma das duas comissões deve ser oficializada. "Governistas vão ter que escolher. Ou fica com CPMI, ou com CPI, uma vai ter que escolher", destaca. E prevê uma pressão política pela decisão com o avanço de uma das propostas.
A jornalistas, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse que o início de uma comissão pode tirar o foco de pautas mais importantes, como a reforma tributária, e afirmou que investigações em relação aos atos já estão em andamento na esfera federal e pela própria polícia. "Não vale a pena gastar energia", argumentou. Wagner, que já assinou pelo pedido apresentado pela senadora Thronicke, disse que não se colocaria novamente a favor da instalação.
O avanço das comissões depende de decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O parlamentar foi questionado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, pela motivação em não ter oficializado a abertura da CPI no Senado - após ação apresentada por Thronicke. A falta de leitura teria sido motivada pela troca de senadores eleitos - 13 congressistas que apoiavam a comissão deixaram os cargos com para os sucessores. A CPMI também depende de uma sessão conjunta e que Pacheco faça a leitura do pedido. Bolsonaristas apostam que a ação ocorra no próximo encontro e haja abertura da comissão em 8 de março. Enquanto governistas acreditam na leitura do processo de CPMI para o fim do mês. Depois desta etapa, senadores podem retirar os nomes para a criação da comissão.