Publicidade

"Barco que voa" pode revolucionar a mobilidade na Amazônia

Projeto adapta veículo militar soviético para resolver problema de logística na região tomada por rios

"Barco que voa" pode revolucionar a mobilidade na Amazônia
dois homens seguram barco voador
Publicidade

Uma região irrigada e cortada por rios exige desafios no âmbito da logística e dos transportes. Não sendo possível asfaltar regiões onde predomina a maior floresta e bioma do mundo, a solução é ter um barco que voa. E não é absurdo, não. É a solução proposta pela startup Aeroriver, de Rondônia, que está no Bossa Summit, que acontece até esta 6ª feira (24.mar), em São Paulo.

+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
+ Leia as últimas notícias de Tecnologia

Felipe Bortolete, um dos fundadores da AeroRiver falou ao SBT News sobre como concebeu o projeto. Ele tem formações e especializações na área de engenharia mecânica e tecnologia aeronáutica e desde 2020 vem concebendo a ideia de um veículo que fosse capaz de atender as demandas de transporte em uma região, com poucas rodovias e muitas hidrovias. E aí veio o 'pulo do gato', no jargão popular.

"E aí em algum momento dessa minha história, juntamente com mais dois colegas, a gente viu a oportunidade de resolver uma dor da nossa região utilizando os conhecimentos de engenharia aeronáutica que a gente tinha.  E a gente viu no veículo de efeito solo uma oportunidade, porque a Amazônia é gigantesca e quase não existe infraestrutura que conecta as cidades. Então, o único meio de conectar a cidade é utilizando os rios", explica o empreendedor.

"Um barco voador"

Aeroriver espera que o Volitan seja uma grande solução de mobilidade para a região amazônica | Cido Coelho/SBT News

Segundo os dados levantados pela startup, a região amazônica tem um potencial econômico grande, porém pouco explorado devido as suas dificuldades logísticas. Uma solução plausível foi usar um projeto militar soviético de um 'veículo de Efeito Solo' que possa atender as demandas no ar e nos rios, ganhando tempo e poupando combustível.

Boa parte dos rios e lagos da região amazônica são trafegáveis e acessíveis à maioria das cidades. 

Por isso, foi pensando no Volitan como solução de transportes na região, pois consegue transportar até 10 pessoas e 1 tonelada de carga e o veículo pode pousar e trafegar nos rios dos estados amazônicos. 

Ele tem autonomia de 450 km, voa a altura de cinco a dez metros -- mas busca certificação para voar a 150 metros de altura --, velocidade de operação de até 150 km/h e econômico, pois tem eficiência energética de até 40% que outros modelos da mesma categoria.

Além disso, o Volitan é uma mistura de barco e avião e é o primeiro veículo de efeito solo do país. Ele trabalha com um efeito aerodinâmico, onde ao se aproximar da água, gera um bolsão de ar e a aeronave se desprende da água, dando mais agilidade e mobilidade pelos rios, sendo mais rápido que barcos e mais eficiente que aviões.

'Barco voador' otimiza tempo de viagens

Barco voador está em fase de captação de recursos | Cido Coelho/SBT News

O veículo foi posto a prova. A versão de testes operou em um trecho entre Manaus e Parintins. E neste percurso de 437 km, o Volitan se mostrou mais eficiente que uma lancha e um avião.

  • Com uma lancha, o percurso demorou 10h, com gasto de combustível de R$ 28,57 e 42 kg emissão de CO2 por passageiro;
  • No caso do avião, o percurso foi de 1h10, com gasto de R$ 40,98 e 58 kg de emissão de CO2 por passageiro; e 
  • O Volitan demorou um pouco mais que um avião, um pouco menos que uma lancha, 3 horas de percurso, mas economizou, com custo de R$25,57 e 36 kg de emissão de CO2 por passageiro.

Segundo o levantamento da Antaq, a startup tem um plano de negócio que envolve alcançar um público de 9 milhões de viagens de passageiros e 3 milhões de toneladas transportadas na região da Amazônia Legal com o uso de 162 veículos, sendo 68 para passageiros e 94 voltado para cargas.

Agora, a startup está em busca de um aporte para poder ampliar a operação e o desenvolvimento de dois modelos do barco voador. A ideia que a AeroRiver possa receber um investimento de R$ 10 milhões para que seja desenvolvido um Volitan "esportivo" com dois lugares, para depois desenvolver e fabricar o modelo que comporte mais passageiros.

Anac ou Marinha? Quem fiscaliza?

Fundador da Aeroriver afirma que há interessados no projeto e agora busca desenvolver um modelo viável para que possa ser vendido no mercado | Cido Coelho/SBT News

Indagado sobre como que este veículo voador e fluvial vai receber autorização para operar, Bortolete afirmou que, neste caso, o Aeroriver tem que ser fiscalizado pela Marinha do Brasil, já que o Volitan, mesmo sendo um veículo voador, as características de ser um barco fazem com que a autorização e as regras sejam observadas pela autoridade marítima brasileira.

"Já existem normas internacionais para esse tipo de veículo e o que essas normas dizem, elas classificam ele como um veículo marítimo. Então, não está sobre supervisão da ANAC no Brasil. A gente já apresentou o veículo para ANAC, já apresentou as normas internacionais e recebeu deles uma carta de liberação. Eles concordaram que esse tipo de veículo não se enquadra, não é uma aeronave e não se enquadra na supervisão deles, no caso do Brasil. Então, a gente já têm conversado com a Marinha brasileira, a gente já foi na Capitania dos Portos, já apresentou, e agora, no momento, a gente tá discutindo sobre como adaptar para que funcione aqui no Brasil. Como tem o interesse aqui, já tem gente disposta e já tem algum começo de conversa", finaliza o empreendedor.

O AeroRiver tem a ambição de entrar em operação de voar pelas águas até 2025.

Leia também:

+ Mulheres têm ideias que valem milhões

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

sbt
sbtnews
portalnews
tecnologia
hidroaviao
barco
voador
mobilidade
startup
amazônia
amazônica
rondônia
inovação
transportes
cido-coelho
bossa
summit

Últimas notícias

Mega-Sena acumula e chega a R$ 30 milhões; veja os números sorteados

Mega-Sena acumula e chega a R$ 30 milhões; veja os números sorteados

Quina teve 41 apostas ganhadoras, que vão receber mais de R$ 54 mil cada
Morre fundador do Chiclete com Banana, Missinho, aos 64 anos

Morre fundador do Chiclete com Banana, Missinho, aos 64 anos

Artista estava internado em Salvador
Prefeituras e estado terão imagens de satélites usados pela PF para ajudar no RS

Prefeituras e estado terão imagens de satélites usados pela PF para ajudar no RS

Ministro da Justiça e Segurança Pública disponibilizou mega sistema de monitoramento federal para auxiliar no enfrentamento às enchentes
Sabesp vai enviar bombas usadas na crise hídrica para ajudar RS a enfrentar tragédia

Sabesp vai enviar bombas usadas na crise hídrica para ajudar RS a enfrentar tragédia

Equipamentos têm capacidade de transferir mais de mil litros de água por segundo. Eles serão usados em áreas inundadas de Porto Alegre e Canoas
Gilmar Mendes pede vista e suspende julgamento sobre Improbidade Administrativa no STF

Gilmar Mendes pede vista e suspende julgamento sobre Improbidade Administrativa no STF

Suspensão ocorreu logo após o relator, Alexandre de Moraes, votar contra mudanças que flexibilizaram as sanções a agentes públicos
Governo e Congresso decidem prorrogar desoneração dos municípios até o fim de 2024

Governo e Congresso decidem prorrogar desoneração dos municípios até o fim de 2024

Pacheco afirmou que transição será a partir do ano que vem; alterações para cidades fará parte do projeto que está no Senado
Cidades do Vale do Taquari (RS) sofrem com os impactos da segunda enchente

Cidades do Vale do Taquari (RS) sofrem com os impactos da segunda enchente

Cruzeiro do Sul foi praticamente apagada do mapa pela força da enchente catastrófica que atingiu o estado
Polícia prende quadrilha que roubava celulares em áreas nobres

Polícia prende quadrilha que roubava celulares em áreas nobres

Quatro mandados de prisão preventiva foram cumpridos
Chuvas no RS: equipe do SBT relata desafios do deslocamento pelo estado

Chuvas no RS: equipe do SBT relata desafios do deslocamento pelo estado

Por conta das chuvas, bloqueios e interdições complicam ainda mais a vida de quem tenta se deslocar pela região
Municípios do Rio Grande do Sul já receberam quase R$ 200 milhões em ajuda do governo federal

Municípios do Rio Grande do Sul já receberam quase R$ 200 milhões em ajuda do governo federal

Ministros do governo Lula apresentaram balanço após reunião com prefeitos da região metropolitana de Porto Alegre
Publicidade
Publicidade