Ferramenta ajuda a encurtar distância entre quem pode doar e quem tem fome
Mais de 30 milhões de pessoas vivem sem a garantia de uma refeição diária no Brasil

Solange Boulos
Com a pandemia, o Brasil enfrenta um agravamento da insegurança alimentar: hoje, mais de 30 milhões de pessoas vivem sem a garantia de uma refeição diária.
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A ONG Ação da Cidadania, em parceria com o Google Maps, criou uma ferramenta para encurtar a distância entre quem pode doar e quem não tem o que comer. Mais de 1.000 entidades estão cadastradas.
A comida que chega nas caixas, muitas vezes, é a única refeição do dia. "Gracas a Deus que ainda tem pessoas boas, que doam, que ajudam a gente", agradece Rose Lisboa, desempregada.
"A gente tem que entender que a fome é inaceitável, que a gente precisa atuar todos os dias, esse número tá crescendo", diz Rodrigo Afonso, diretor-executivo da ONG Ação e Cidadania.
Do ano passado para cá, 14 milhões de pessoas entraram no mapa da fome, um aumento de 73%, de acordo com o Inquérito Nacional de Segurança Alimentar. Hoje, no total, são 33 milhões sem ter o que comer no país, Resultado da alta da inflação, do custo de vida e do desemprego.
Tudo isso afeta também quem faz as doações, que despencaram na mesma proporção. "A gente recebeu ano passado mais de R$ 10 milhões de doação para chegar a mais de 10 milhões de pessoas, no mesmo período deste ano a gente recebeu menos de 10% desse valor, foi um valor muito pequeno", conta Rodrigo Afonso.
Para reverter esse quadro, a parceria da ONG Ação e Cidadania com o Google Maps permite rastrear, numa simples busca por "cozinha solidária", os projetos que ajudam a quem precisa. Quem quer doar, agora pode saber como e onde com um simples clique.
Além de alimentos e dinheiro, pelo aplicativo, também dá para descobrir endereços e cozinhas onde você pode doar bens não menos preciosos: seu amor e seu tempo.
Jamal, que é filho de comerciante, põe a mão na massa e entrega os pães que não são vendidos em sua padaria para alimentar os que vivem em situação de vulnerabilidade: "como dizia: dar pão à quem tem fome, eu acho pão um alimento sagrado, e por ser um alimento sagrado, mais ainda importante não desperdiçar esse bem".
Todos os sábados, o voluntário Mário Oliveira abre mão de estar com a família para fazer o bem: "devia ser inerente ao ser humano isso, né? dd pessoa se doar, poder estar ajudando. A gente se ajuda muito quando ajuda o próximo, essa é a gratificação, esse é o maior pagamento que você pode receber".
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