Loja tinha "código" para vigiar clientes negros ou com roupas simples
"Zara Zerou" era anunciado nos alto-falantes do estabelecimento. Gerente foi indiciado por racismo contra delegada negra
A loja Zara de um shopping de Fortaleza (CE), onde uma delegada negra sofreu racismo e o gerente foi indiciado pelo crime, tinha um "código" que alertava os funcionários sobre a presença de clientes negros ou que estivessem usando roupas simples.
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As investigações apontam que o código interno "Zara Zerou" era anunciado no alto-falante do estabelecimento. Os funcionários, então, começariam a vigiar o cliente.
Imagens de câmeras de segurança deram embasamento para o indiciamento do gerente Bruno Filipe Simões Antônio, de 32 anos e naturalidade portuguesa, pelo crime de racismo. Enquanto a delegada Ana Paula Barroso, que entrou na loja tomando sorvete, sem máscara e foi expulsa apenas 35 segundos após a chegada, outras clientes ? brancas ? foram atendidas sem interrupções, mesmo não usando o item de proteção contra a covid-19 ou, ainda, utilizando a máscara de maneira incorreta.
Um homem entrou na loja ingerindo bebida e, portanto, sem o item no rosto, e não foi incomodado. As imagens desses clientes no interior da loja foram determinantes para a conclusão do inquérito e do tratamento diferenciado que a vítima sofreu. A loja Zara se recusou a fornecer as imagens em três oportunidades. Diante da recusa, a polícia teve que abrir um mandado de busca e apreensão, concedido pela Justiça.
A polícia ouviu oito testemunhas entre funcionários e uma possível nova vítima de racismo. O crime de racismo é imprescritível e inafiançável.
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