Publicidade

PEC das Drogas: critério de quantidade traria mais impunidade do que fiscalização, diz Efraim Filho

Relator da proposta no Senado também afirma que texto reforça distinção entre usuário e traficante já presente na Lei de Drogas, de 2006

PEC das Drogas: critério de quantidade traria mais impunidade do que fiscalização, diz Efraim Filho
Publicidade

O senador Efraim Filho (União Brasil-PB), relator da proposta de emenda à Constituição (PEC) que criminaliza porte e posse de qualquer quantidade de drogas, detalhou pontos do texto, aprovado em dois turnos no Senado, em entrevista ao Brasil Agora desta quarta-feira (17). Para o parlamentar, a proposta "reforça, ainda mais, o tratamento diferenciado entre traficante e usuário". Também argumentou que a definição de critério de quantidade traria novos problemas para segurança pública e Justiça.

+ Entidade internacional critica PEC das Drogas e recomenda rejeição

Filho apontou que "o Brasil não quer e o país não está preparado para uma experiência de descriminalização das drogas". "Ao traficante, penas de prisão e encarceramento, o rigor da lei. Ao usuário, sempre penas alternativas à prisão, o não encarceramento", disse o senador.

A PEC traz dispositivos semelhantes aos da Lei de Drogas, de 2006, e vem como reação do Congresso Nacional ao julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), que está a um voto de descriminalizar porte de pequena quantidade de maconha para uso pessoal. Após o ministro Dias Toffoli pedir vista (mais tempo para análise), ainda não há data para a Corte retomar a análise.

Enquanto isso, a PEC, de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), avança para a Câmara dos Deputados, onde deve passar por colegiados, como a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), antes de chegar ao plenário. O senador acredita que a matéria também será aprovada pelos deputados.

Filho admitiu que a distinção entre traficante e usuário já existe na Lei de Drogas, mas alegou que "a PEC reforça essa posição de tratamento diferenciado, mas mantendo a criminalização da droga, a droga ilícita".

O relator argumentou que o Senado usou duas justificativas para ir contra a tese de descriminalização discutida no STF: impactos na saúde pública e na segurança pública.

+ Lei que descriminaliza uso pessoal da maconha entra em vigor na Alemanha

"Com a descriminalização, consequente aumento do consumo e da explosão da dependência química. E na segurança, fortalecimento do crime organizado e escalada da violência", justificou.

Questionado sobre a falta de critério quantitativo para separar usuários e traficantes, presente tanto na Lei de Drogas quanto na PEC, Filho disse que essa definição "não resolve o problema e traz novos" e poderia "legitimar" tráfico em pequenas quantidades. Assim, essa distinção segue cabendo à Justiça.

"Lei traz oito circunstâncias que poderão ensejar prisão daquele acusado de tráfico. Regra [de quantidade] traria mais impunidade do que a devida fiscalização. Você também poderia criar um exército de aviõezinhos. Com 60 gramas, que o Supremo discute como sendo limite, você consegue elaborar 206 cigarros de maconha. Imagina entregar 200 cigarros pra cada aviãozinho e eles andarem livres na cidade sem serem importunados?", disse o relator.

Filho reconheceu que existem problemas na aplicação da lei, por vezes desigual entre periferias e bairros considerados nobres, mas ressaltou que a legislação "é para ser aplicada a todos".

+ "Lembro de fumar 72 pedras de crack numa noite": a história de quem venceu o vício

"Se tem equívocos, que também nos incomodam, acontecem na ponta. Quem é que aplica a lei? Autoridade policial, com parecer do Ministério Público, com audiência de custódia e sentença de juiz. Pra que um eventual usuário vá preso como traficante, têm que errar polícia, MP e juiz", explicou.

O senador sugeriu que entidades como o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) façam seminários "para orientar os juízes de forma correta" quanto à aplicação da lei.

"A saída pra esse problema não é descriminalizar. Tenho problema de aplicação da lei, eventualmente, e vou descriminalizar, deixar a droga lícita? Quem paga a conta? A sociedade, a família brasileira, aqueles que têm dependência química", analisou.

Por fim, o senador disse que "muitos países" que descriminalizaram as drogas "querem revisar a legislação". "Fizeram investimentos massivos em casas terapêuticas, centros de reabilitação, casas de saúde mental. Está provado que liberação da droga traz aumento de casos de depressão, suicídio, violência doméstica", continuou.

"O Brasil já tem um caos nos equipamentos de saúde para tratar da saúde mental. Nada de útil traria a descriminalização para essa realidade", completou.

Assista ao Brasil Agora desta quarta (17):

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

Brasil Agora
Porte de drogas
Drogas
Política
Câmara

Últimas notícias

Vendas do Dia das Mães devem movimentar R$ 13,23 bilhões no varejo, diz CNC

Vendas do Dia das Mães devem movimentar R$ 13,23 bilhões no varejo, diz CNC

Data é considerada o Natal do primeiro semestre pelo varejo brasileiro
Agência dos EUA vai rebaixar maconha a droga menos perigosa

Agência dos EUA vai rebaixar maconha a droga menos perigosa

Droga passaria da Classe I, com a heroína e o LSD, para o Anexo III, mesma classificação da Ketamina e alguns esteroides anabolizantes
Aranhas e dedos em marte, prancha na Lua e outras "descobertas" no espaço

Aranhas e dedos em marte, prancha na Lua e outras "descobertas" no espaço

As formações foram encontradas na chamada "Cidade Inca", que fica no polo sul de Marte
Caso cachorro Joca: deputado apresenta projeto para garantir bem-estar de animais em voos

Caso cachorro Joca: deputado apresenta projeto para garantir bem-estar de animais em voos

O animal de estimação morreu no último dia 22, após passar 8 horas dentro de um avião por erro da companhia aérea Gol
Garimpo ilegal: PF encontra mais de 70 pessoas em condições análogas à escravidão no Amazonas

Garimpo ilegal: PF encontra mais de 70 pessoas em condições análogas à escravidão no Amazonas

Parceria com ICMBio e Ministério do Trabalho apontou que homens estavam em situação de servidão "por dívidas"
Corpo é encontrado no lago do Parque Ibirapuera em SP

Corpo é encontrado no lago do Parque Ibirapuera em SP

Segundo informações da GCM, um frequentador contou a um vigilante que viu um cadáver no local
INSS pagou mais de R$ 193 milhões em benefícios a pessoas mortas entre 2019 e 2023, aponta CGU

INSS pagou mais de R$ 193 milhões em benefícios a pessoas mortas entre 2019 e 2023, aponta CGU

Controladoria-Geral da União faz recomendações com base nos achados da auditoria
Juiz multa Trump em US$ 9 mil por violar ordem de silêncio durante julgamento

Juiz multa Trump em US$ 9 mil por violar ordem de silêncio durante julgamento

Ex-presidente é julgado por supostos pagamentos de suborno à atriz pornô Stormy Daniels
Janja visita Palácio do Planalto e diz que galeria de presidentes será reinaugurada em breve

Janja visita Palácio do Planalto e diz que galeria de presidentes será reinaugurada em breve

Primeira-dama foi averiguar como está a estrutura do palácio presidencial, em Brasília
Governo abre concurso para 200 vagas temporárias com salário de mais de R$ 8 mil; confira os cargos

Governo abre concurso para 200 vagas temporárias com salário de mais de R$ 8 mil; confira os cargos

Cargos são para o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos com contratos de 4 anos de duração e benefícios
Publicidade
Publicidade