Publicidade

Pacheco e Haddad discutem futuro de medida provisória da reoneração nesta segunda

Encontro ocorre sob pressão de parlamentares para que Congresso devolva MP apresentada pelo governo; texto estabelece retomada gradual da cobrança

Pacheco e Haddad discutem futuro de medida provisória da reoneração nesta segunda
Publicidade

O futuro da medida provisória (MP) que sugere a reoneração gradual na folha de pagamentos de setores e municípios segue incerto. Sob pressão de parlamentares para que o Congresso Nacional devolva o texto ao Executivo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tomará uma decisão oficial apenas após o encontro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, previsto para esta segunda-feira (15.jan).

+ Pacheco vai discutir reoneração com Haddad antes de definir posição do Congresso

A reunião foi condicionada ao fim do recesso de Haddad, e ainda terá detalhes a serem confirmados após a retomada das atividades do ministro. Sem sinalizar qual será o caminho adotado, Pacheco defendeu as decisões do Congresso que mantiveram a desoneração na folha de pagamentos – parlamentares aprovaram que o benefício continue até 2027 e derrubaram veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para sustar a desoneração. O presidente do Senado também disse que trabalhará em alternativas para compensar a perda de arrecadação, caso o benefício a 17 setores e municípios continue a valer.

Nas estimativas da Fazenda, divulgadas no anúncio da medida provisória, o governo poderá ter uma arrecadação próxima aos R$ 6 bilhões no ano de 2024. O valor foi apresentado, ao lado de outras sugestões, como caminhos para equilibrar as contas públicas do ano. Entre as metas está o déficit zero, em que as despesas são as mesmas da arrecadação.

Pacheco considera que a manutenção do benefício na folha de pagamentos não seria o impedimento para o déficit zero. “O que a consultoria [do Senado] me informou é que no ano de 2023 esse impacto é da ordem de R$ 8 bilhões, então, seguramente, não será por isso que não se cumprirá a meta. Até porque nós temos outras alternativas tanto de arrecadação quanto de gastos públicos”, defendeu o presidente do Senado a jornalistas, na última terça-feira (9.jan).

A falta de impacto foi questionada pelo economista César Bergo ao SBT News. O professor de Mercado Financeiro da Universidade de Brasília, pondera que o valor, faz diferença nas contas públicas e é maior do que as projeções do governo em outros campos apresentados ao Congresso, como a regulação de jogos eletrônicos. Mas também considera que a decisão de enviar uma medida provisória alterando uma decisão de deputados e senadores não foi um bom movimento político do governo.

“O melhor mesmo era o governo ter apresentado um Projeto de Lei em vez de medida provisória. Não tem impacto imediato, mas o Congresso poderia se debruçar, seria o mais correto. Do ponto de vista econômico, o ideal seria que não tivesse havido um veto do presidente e fosse voltado para buscar uma outra solução”, avalia.

+ Leia as últimas notícias de política no SBT News

O especialista também destaca a necessidade de uma conclusão do tema para avanço da análise econômica do próximo ano. “Hoje a interrogação para 2024 é a política fiscal mesmo, não tem dúvida. Porque tem inflação caindo, política monetária de certa forma sendo conduzida de maneira adequada, cambial também, a dolarização, o dólar está caindo. E com o limite de juros para cartão de crédito, provavelmente a inadimplência vai diminuir. Está caminhando. Resta a política fiscal para dizer que 2024 vai ser um ano bom”, diz.

Alternativas à medida provisória

Pacheco afirmou que vai contribuir com sugestões à Fazenda para arrecadação. Entre os temas citados pelo senador está a diminuição de gastos públicos: “O compromisso fiscal do Congresso Nacional precisa ser cumprido à risca. É muito importante que a gente faça discussão sobre gasto público”.

Uma alternativa indicada nos últimos dias é a possível taxação de compras on-line em valores inferiores a US$ 50, conforme reportagem do jornal o Estado de S.Paulo. O Ministério da Fazenda não confirma valores estimados para a arrecadação. A sugestão havia sido cogitada no ano passado, mas perdeu força.

+ Governo e Congresso avaliam tributação de compras internacionais para bancar desoneração, diz jornal

Além do ponto de reoneração gradual, a medida provisória limita o uso de créditos tributários obtidos por empresas na Justiça e revisa o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse).

Governo insiste em MP

Apesar de movimentos de parlamentares para devolução da medida provisória, o governo insiste na manutenção da sugestão enviada ao Congresso. O líder da base no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que uma devolução “não está sendo trabalhada”, mas indicou possibilidade de que o texto seja fatiado em projetos de lei.

O encaminhamento da medida provisória foi alvo de críticas entre deputados e senadores, por contrariar a aprovação de projeto que prorroga o benefício a setores da economia e municípios até 2027. Em dezembro, parlamentares também derrubaram o veto de Lula ao texto, e insistem na postergação do benefício.

Movimento do Congresso

As possibilidades para o Congresso são as de rejeitar, de forma integral ou parcial, devolver o texto ou apenas frear a tramitação, até que a medida provisória perca a validade. A equipe econômica de Lula, por sua vez, deve insistir na manutenção da MP, como forma de aumento da arrecadação federal e alcance do déficit zero das contas públicas.

Impacto em empregos

A desoneração na folha de pagamentos contempla 17 setores da economia, entre os que mais empregam no país. Mesmo a sugestão gradual poderia colocar postos de trabalho em risco, conforme divulgou a Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Aumentará os custos das contratações e os riscos para a competitividade dos produtos e serviços brasileiros tanto no comércio internacional quanto no mercado interno”, diz trecho de comunicado divulgado após a apresentação da medida provisória.

Pesquisa do Ipea também mostra que setores desonerados tiveram uma queda de 13% entre os anos de 2012 a 2022, com fechamento de 960 mil postos de trabalho. O economista César Bergo também explica o risco: “Do ponto de vista da empresa, a oneração sobe de 8% para 20% da folha de pagamento. Esses 20% implicam de que a cada 5 funcionários, 1 terá que ir embora. Nem toda empresa fará isso, mas, na prática, se quiser manter o custo de mão de obra algo terá que ser feito.”

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

Política

Últimas notícias

Motorista do Porsche é fichado em prisão de Guarulhos

Motorista do Porsche é fichado em prisão de Guarulhos

O empresário se entregou na segunda-feira (6), na 5ª Delegacia Seccional, na zona leste de São Paulo
Governo e oposição fecham acordo, e votação de veto ao projeto das "saidinhas" é adiada

Governo e oposição fecham acordo, e votação de veto ao projeto das "saidinhas" é adiada

Votação desse e de outros vetos do presidente Lula deverá ocorrer no dia 28 de maio
Cavalo Caramelo: Lula diz que foi "dormir inquieto com a imagem” e comemora resgate

Cavalo Caramelo: Lula diz que foi "dormir inquieto com a imagem” e comemora resgate

Animal é tido como símbolo do Rio Grande do Sul; primeira-dama já havia anunciado salvamento nas redes
Congresso aprova projeto que acelera pagamento de emendas ao Rio Grande do Sul

Congresso aprova projeto que acelera pagamento de emendas ao Rio Grande do Sul

Estado enfrenta tragédia provocada por fortes chuvas que o atingiram nos últimos dias
Greve geral na Argentina: companhias aéreas brasileiras cancelam todos voos para o país

Greve geral na Argentina: companhias aéreas brasileiras cancelam todos voos para o país

Sindicatos argentinos iniciaram protestos nesta quinta (09) contra políticas econômicas, como o "plano motoserra", anunciadas por Javier Milei
Polícia Federal descobre corrupção em estatal de portos ao desmontar pirâmide de criptomoedas

Polícia Federal descobre corrupção em estatal de portos ao desmontar pirâmide de criptomoedas

Operação nesta quinta-feira (9) mira ex-dirigente da Portos do Paraná, que escondia R$ 5 milhões na Áustria
Lula fala em visitar cidades do RS após água baixar para burocracia não "atrapalhar" medidas de socorro

Lula fala em visitar cidades do RS após água baixar para burocracia não "atrapalhar" medidas de socorro

Presidente disse que povo brasileiro é o mais generoso do mundo e que poderes precisam "cavucar" para encontrar dinheiro e ajudar o Rio Grande do Sul
Elon Musk, da Starlink, e Tim Cook, da Apple, anunciam ajuda ao Rio Grande do Sul

Elon Musk, da Starlink, e Tim Cook, da Apple, anunciam ajuda ao Rio Grande do Sul

Bilionários da tecnologia vão enviar doações e equipamentos de internet aos afetados pela tragédia climática que afeta o sul do Brasil
Cavalo Caramelo é resgatado de telhado no Rio Grande do Sul; veja imagens

Cavalo Caramelo é resgatado de telhado no Rio Grande do Sul; veja imagens

Animal ficou ilhado por quatro dias no teto de uma casa; Corpo de Bombeiros de SP participou do resgate
Idosa morre no mesmo banco que "Tio Paulo" foi levado por Érika Souza

Idosa morre no mesmo banco que "Tio Paulo" foi levado por Érika Souza

Maria Santana teve um mal súbito dentro do estabelecimento em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro
Publicidade
Publicidade