PRF abordou quatro vezes mais ônibus no nordeste no 2° turno da eleição
Apesar de proibidos por decisão do STF, bloqueios superaram operações do São João, maior festa da região
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) abordou quatro vezes mais ônibus no nordeste do que em outras regiões do país, no segundo turno das eleições do ano passado. A informação é de um relatório da própria PRF, que será repassado à Polícia Federal. Os dados foram apresentados pelo Ministério da Justiça.
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O relatório elaborado pela PRF mostra que entre os dias vinte e oito e trinta de outubro do ano passado, foram fiscalizados (2185) dois mil cento e oitenta e cinco ônibus na região nordeste do país, onde Lula havia recebido mais votos no primeiro turno das eleições. Na região sudeste, onde a vantagem de Lula havia sido menor, foram (571) quinhentas e setenta e uma abordagens. No dia da votação, (324) trezentos e vinte quatro ônibus foram parados pela PRF no nordeste, quatro vezes mais abordagens do que na região sudeste (79).
Ilegal
Uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral havia proibido abordagens ao transporte público no dia do segundo turno. Mas o relatório aponta que o esquema montado para o segundo turno superou em tamanho a operação para as festas juninas, o maior evento turístico da região. " A maior operação do nordeste é o São João e, sim, houve uma desproporção em relação ao segundo turno das eleições", afirma Antonio Jorge Barbosa, diretor-executivo da PRF.
Outro fato que chamou a atenção do Ministro da Justiça, Flavio Dino, foi a mudança de planejamento na atuação da PRF para o segundo turno, o que incluía uma cooperação com a Polícia Federal e maior uso de recursos públicos.
"O planejamento inicial era de alocação de aproximadamente três milhões e seiscentos mil [ R$ 3, 600 milhões] para os dois turnos: primeiro e segundo. Depois teve uma determinação nova de que haveria um plano específico para o segundo turno, e aí foram alocados mais três milhões e meio [ R$ 3,5 milhões] " - Flávio Dino, Ministro da Justiça e Segurança Pública
A Polícia Rodoviária Federal informou que irá abrir processos administrativos disciplinares a respeito desse assunto. Os dados também serão repassados à Controladoria-Geral da União e à Polícia Federal, que tem investigação aberta sobre o tema junto ao Supremo Tribunal Federal. A expectativa é de que o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e o ex-Diretor-Geral da PRF, Silvinei Vasques, sejam ouvidos. A defesa de Anderson Torres confirmou que ele vai depor no próximo dia vinte e quatro, à PF de Brasília, sobre a atuação da Polícia Rodoviária nas eleições. Disse ainda que o ex-ministro é o maior interessado no esclarecimento dos fatos. Não conseguimos contato com a defesa de Silvinei Vasquez.
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