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Daniel Cravinhos escreve carta para Andreas Richthofen, irmão de Suzane

Autor do texto foi condenado a 39 anos pelas mortes dos Richthofen e diz que “carrega o peso do arrependimento e da culpa”

Daniel Cravinhos escreve carta para Andreas Richthofen, irmão de Suzane
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Condenado a 39 anos pela morte de Marísia e Manfred Richthofen, Daniel Cravinhos escreveu uma carta com um pedido de desculpas a Andreas Richthofen, filho do casal e irmão de Suzane, ela também condenada por participar da morte dos pais.

Na mensagem, Daniel diz que “carrega o peso do arrependimento e da culpa” e que espera que Andreas “encontre a compaixão” para “perdoá-lo”. O crime ocorreu há 22 anos e Andreas tinha 15 na época dos homicídios. Manfred e Marísia foram mortos a pauladas por Daniel e pelo irmão, Cristian.

Suzane e Daniel viviam um relacionamento. Andreas via o namorado da irmã como um “grande amigo”. Os dois se reencontraram pela última vez na reconstituição do crime, quando os autores já estavam na cadeia.

Atualmente, Daniel cumpre pena em liberdade, enquanto Andreas se formou em Química na Universidade de São Paulo (USP) e vive recluso no interior paulista. Há sete anos, foi detido após pular o muro de uma casa, aparentemente sob efeito de drogas, e foi internado em uma clínica para dependentes químicos.

Em conversa exclusiva com o Tá Na Hora, do SBT, Cravinhos afirmou que não teve retorno de Andreas e que “não cria expectativas”, além de não querer “forçar” a presença dele com o irmão de Suzane.

Leia a carta escrita por Daniel Cravinhos:

"Querido Andreas,

Após sete anos de reflexão, finalmente encontro coragem para escrever a você. Sinto-me apreensivo com a sua possível reação ao ler essa carta. Recentemente, tomei conhecimento de notícias suas por meio de amigos em comum e pela imprensa, o que me levou a tomar a decisão de pôr para fora o que estou sentindo.

Minha mente está em turbilhão, pois meu desejo mais profundo é ter o seu perdão. As palavras mal conseguem expressar a intensidade de minha angústia e remorso. Minhas mãos tremem enquanto escrevo, e cada linha é uma batalha contra os fantasmas do passado.

Há duas décadas, desde aquele fatídico dia, carrego o peso do arrependimento e da culpa, ciente de que minhas ações trouxeram tamanha tragédia para nossas vidas. Desde sempre penso em você, a maior vítima de tudo o que aconteceu. Hoje, ao praticar motovelocidade, a imagem do seu rosto vem à minha mente. Como seria bom ter você ao meu lado, correndo em uma moto. Lembra do mobilete que construímos juntos?

Somos vizinhos em São Roque. Meu sítio fica a três quilômetros do seu. Sinto vontade de tocar a sua campainha, mas temo sua reação. Morro de medo que você se sinta ameaçado com a minha presença. Além disso, sei que a sociedade me vê unicamente como o assassino de seu pai. E você? Como você me enxerga além disso?

Saí da prisão em 2017 após perder 17 anos de minha liberdade. Mas você perdeu muito mais do que eu. Desejo compreender seu luto e fazer parte dele. Lembro do dia da reprodução simulada feita na sua casa duas semanas após o crime, quando você abraçou o Cristian e me olhou emocionado. Quando íamos nos abraçar, os policiais não deixaram. Entendi o seu gesto de carinho como um perdão. Contudo, você era apenas um adolescente. Hoje, você é um homem adulto. Gostaria de conversar contigo e expressar meus sentimentos.

Desde que saí da prisão, reconstruí minha vida, assim como Suzane, sua irmã. Aos trancos e barrancos, o Cristian também está tentando recomeçar. No entanto, a culpa continua a me perturbar. Parte de minha família me rejeita, e sinto que um dedo acusador aponta para mim constantemente, me lembrando do que fiz. Essa culpa não desaparecerá com a sentença que me condenou a 39 anos. Seguirá comigo até o fim dos meus dias.

Espero, do fundo de minha alma, que você encontre no coração a compaixão para me perdoar. Sei que minhas palavras podem parecer insuficientes diante da magnitude do que aconteceu, mas é com toda a sinceridade e humildade que peço por tua misericórdia. Estou disposto a enfrentar as consequências de meus atos e a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para tentar reparar o enorme dano que lhe causei. Se você permitir, gostaria de ter a oportunidade de falar pessoalmente, olhos nos olhos, e abrir meu coração.

Mas, se você preferir manter distância, respeitarei. Apenas desejo saber o tamanho do abismo emocional que nos separa para saber se é possível atravessá-lo. Hoje, serias capaz de me dar o abraço que não aconteceu 22 anos atrás?

Daniel Cravinhos."

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