Novo filme de Wes Anderson traz ator brasileiro no elenco

Um mundo de cores muito particular. O diretor Wes Anderson é conhecido por criar universos com personagens complexos e cenários cheios de nostalgia. O estilo dele é tão forte que pessoas de todo o mundo estão fazendo vídeos para as redes sociais seguindo a estética do cineasta americano. E, agora, o novo filme assinado por ele, "Asteroid City", chega aos cinemas, cheio de estrelas e com o cantor e ator brasileiro Seu Jorge no elenco.

+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
No meio da Espanha, nos arredores de Madri, Wes Anderson montou mais uma de suas cidades, com um tanto de faroeste e outro tanto da melancolia dos locais que serviram de base para testes nucleares. Um lugar abandonado, com poucas dezenas de moradores, com viadutos que levam a lugar nenhum. 

Após desenhar seu cenário perfeito, Wes levou sua trupe favorita: atores que há tempos aparecem nos enredos do diretor texano, além de novos convidados que também se renderam a mais uma de suas irresistíveis fábulas adultas cheias de personagens excêntricos. 

A experiência é uma imersão para o público e foi assim também para os atores que fizeram tudo in loco, sem efeitos especiais.

"Eles criam todo o ambiente e neste espaço físico é onde tudo acontece. Então, na verdade, acho que de certa forma é quase como fazer teatro, porque você tem todo o espaço ali e não é o que acontece normalmente quando fazemos um filme. Não é o processo de ter as gravações de som, voltar para o trailer, e todo o tempo parado entre uma coisa e outra. São coisas que apenas consomem o tempo que faz parte do processo de fazer cinema e que não há muito o que se possa fazer contra isso, mas de alguma maneira Wes evitou e isso é muito vibrante", contou a atriz Scarlett Johansson na pré-estreia do filme no Festival de Cannes.

"Para mim, parece que Wes Anderson é o maestro de uma orquestra e todos nós somos músicos com instrumentos individuais. Cada um se concentra muito em cada instrumento e apenas o apresentamos sem realmente saber exatamente como tudo vai se encaixar. Ele rege essa orquestra, um pouco menos de Brian, um pouco mais de Scarlett neste momento ou o que quer que seja. É tão ele, ele faz os ajustes à medida que avança", explicou o ator Bryan Cranston.

"Quando Scarlett diz que era como estar em uma peça de teatro, para mim isso soa bem. Acho que é isso que espero que a gente tenha e que vale a pena fazer um esforço para criar um espaço real. Além disso, direi que sou particularmente atraído pelas técnicas antigas. A maneira como trabalhamos é provavelmente muito mais semelhante à forma como um filme era feito em 1930 do que a maioria dos filmes são feitos agora", relatou o diretor.

Pela segunda vez, o cantor e ator brasileiro Seu Jorge também se juntou ao seleto grupo. Ele havia trabalhado com Wes, em 2003, no filme "A Vida Marinha".

"Ele é alguém que eu amo e ao longo dos anos sempre mantemos contato. Eu vou nos shows dele, tenho visto ele em Nova York, em Paris, em lugares diferentes. Neste caso, tivemos a chance de reunir um grupo de cowboys. Perguntamos se ele tinha tempo para fazer o filme e ele tinha. Então foi um prazer ter a experiência da música que eles fizeram juntos e a presença dele neste grupo de cowboys, liderado por Rupert Montana. Mas o bônus foi que, todas as noites enquanto filmávamos, ele trazia o violão, depois do jantar", contou Anderson.

Anderson é um dos cineastas mais influentes da nova geração, do cinema americano excêntrico. Muita imaginação, em um método quase matemático de criar histórias, que depois de nascerem na cabeça do cineasta, primeiro se transformam em uma animação feita com maquetes para depois ganhar vida com os atores. 

Um estilo que se transformou em hashtag badalado nas redes sociais (#wesandersontrend) com pessoas de todo o mundo compartilhando fotos e vídeos 'à la Anderson'.

A cidade asteroide

Asteroid City foi batizada assim por causa de um meteorito que caiu no local há milhares de anos. O longa foi filmado na Europa, mas a cidade retratada é americana. Os anos são os de 1950. A comédia sarcástica de ficção científica é recheada de crítica social e reflexões existenciais. Segue a história de uma família que passava por Asteroid City quando o carro quebrou e fica presa na cidade justamente no feriado comemorativo do Dia do Asteroide, festejado com uma convenção de observadores cósmicos jr., em um lugar onde se leva muito a sério tudo que é relacionado ao espaço sideral. 

Mas, a trama fica até em segundo plano com a composição visual cheia de simetria e a paleta de cores que se destacam, em um clima retrô que salta aos olhos como obra de arte.