"É um bom dia para a democracia", diz Biden sobre eleições legislativas
Com o bom desempenho de democratas em muitos estados, Casa Branca se mostra otimista sobre resultado
Washington DC -- A agenda do presidente foi atualizada no começo da tarde. Quem não estava na Casa Branca precisou correr para atender ao evento considerado raro nesta administração. Esta foi a terceira entrevista coletiva concedida por Joe Biden desde a posse no ano passado. A última foi em janeiro. Biden escolheu falar um dia depois das eleições legislativas americanas conhecidas como Midterms, ou de meio de mandato. Menos de 24 horas depois do fechamento das urnas, o clima na sede do Poder Executivo era positivo. Os democratas conseguiram mais votos que o esperado. "É um bom dia para a democracia. Enquanto muitos previam uma onda vermelha [republicana] isso não aconteceu', disse o presidente americano. Biden ainda afirmou que não irá apoiar nenhum republicano que possa defender projetos que levem ao aumento da inflação ou a uma situação mais grave de crise climática global.
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Ucrânia
Questionado se o resultado das eleições do dia 8 podem intertferir na política externa em relação à Ucrânia, Biden disse: "Vamos precisar de tempo para recalibrar as opiniões depois dos resultados. Estou indo ao G20. Soube que o presidente Putin não vai e vamos ver quais serão os próximos passos". Biden ainda afirmou que os Estados Unidos não deram um cheque em branco para a Ucrânia, mas investiram em equipamentos de defesa para o governo de Kiev. "Em mais de uma ocasião pediram aviões nossos, mas não vamos provocar uma terceira guerra mundial", disse.
De quem será a maioria na Câmara
"Ainda temos uma possibilidade de ter a maioria. Estamos chegando perto", disse Joe Biden no dia seguinte ao fechamento das urnas no momento em que o resultado da Câmara e do Senado ainda está incerto.
Joe Biden ainda falou sobre a importância da estabilidade política no país. "O resto do mundo olha os Estados Unidos" e lembrou do primeiro G7 que compareceu, no ano passado, logo depois da posse em meio a um clima de insegurança em Washington devido à invasão recente do Capitólio. "Naquele G7 eu disse: 'A América está de volta' e alguém que não vou citar o nome respondeu: 'Por quanto tempo'. Outro [líder] disse: 'E o que você fará, Joe, se você acorda e descobre um dia que milhares de pessoas invadiram o Capitólio mais uma vez e tentam reverter o resultado das eleições'. Respondi que eles estariam em risco", afirmou o presidente acrescentando que o fato de 6 de janeiro do ano passado foi o acontecimento mais grave desde a Guerra Civil. "O mundo olha para nós. Se os Estados Unidos se desestabilizam, muito irá mudar no mundo. Regras e instituições importam", disse Biden.
As afirmações acontecem também no momento em que o ex-presidente Donald Trump parece buscar o momento mais adequado para anunciar oficialmente que quer concorrer pelo partido Republicano à Presidência em 2024. As intenções de Trump podem, no entanto, serem ofuscadas por Ron de Santis, governador da Flórida reeleito. Biden evitou falar sobre os dois mas garantiu que vai concorrer em 2024. "Me observe."
Britney Griner
O caso da jogadora de basquete Britney Griner também foi questionado. A atleta foi condenada na Rússia e está presa por ter entrado no país com uma quantidade pequena de Cannabis, substância de consumo permitido nos Estados Unidos, mas proibido no país de Vladmir Putin. Griner foi condenada a 9 anos de prisão em um processo tido como político em meio ao conflito Ucrânia-Rússia e à posição americana de apoio à Kiev.
"Tenho acompanhado o caso diariamente e falado com a esposa dela. Minha aposta é que, agora que a eleição acabou, vamos conseguir trazê-la de volta. Esta é minha meta."
Política interna
Questionado sobre o que o governo americano irá fazer pelas famílias que ainda sofrem os efeitos da pandemia e da crise global, Biden lembrou de dois momentos pessoais que envolveram a perda de familiares próximos.
"Somos muito afortunados como família, porque passamos por dias muito duros. Tenho a vantagem de ter uma família. Minha [primeira] esposa foi morta em um acidente de carro junto à minha filha. Perdi depois um filho. Eu sei o que é esta dor. O que podemos é mostrar que estamos disponíveis, mostrar empatia, oferecer ajuda especializada, psicólogos, apoio financeiro", afirmou lembrando dos milhares de mortos durante a pandemia.
Encontro com Xi-Jinping
Biden embarca nesta 5ª feira (10.nov) para a África e a Ásia. Vai para o Egito, onde discursará na COP27, e depois fará paradas em outros países, incluindo a Indonésia, onde acontecerá o G20.
A Casa Branca já adiantou que ele se encontrara com Xi-Jinping. "Não planejo fazer concessões, mas entender o que os dois países necessitam", disse.
Elon Musk
O bilionário sul-africano que recentemente assumiu a administração do Twitter pediu publicamente na plataforma votos para os candidatos republicanos. Biden foi quesitonado sobre como ele enxerga a postura de Elon Musk em relação a isso. O presidente evitou fazer comentários neste sentido. Disse apenas que a contribuição tecnológica de Musk deve ser pontuada. O empresário cedeu o fornecimento de internet via satélite da Starklink para a Ucrânia.