Boric defende reação conjunta da América Latina caso haja golpe no Brasil
Em entrevista à Time, presidente do Chile falou sobre possibilidade de Bolsonaro não aceitar resultado das eleições
Com o Chile prestes a votar em um referendo sobre a aprovação de uma nova Constituição, o presidente do país, Gabriel Boric, falou à revista norte-americana Time sobre o plebiscito. Também falou sobre América Latina, e instou a região a reagir em conjunto para evitar um golpe ao ser questionado sobre o que faria para apoiar a democracia caso Bolsonaro não aceitasse os resultados das eleições de outubro.
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"Se houve uma tentativa, como houve na Bolívia, por exemplo, em 2020, onde as acusações de fraude acabaram sendo usadas para justificar um golpe de Estado, a América Latina tem que reagir em conjunto para evitar que isso aconteça", afirmou Boric, que também elogiou o "forte sinal" à favor da democracia dado pela sociedade brasileira com a carta organizada pela Faculdade de Direito da USP.
"Foi muito promissor ver a carta de São Paulo, que reúne um milhão de assinaturas a favor da democracia, de um amplo recorte [da sociedade e da política]. Acho que foi um sinal forte da sociedade brasileira", elogiou
Boric entrou para a política em 2013 quando foi eleito líder da federação nacional de sindicatos estudantis do Chile e se tornou uma figura proeminente entre aqueles que queriam mudanças no governo. Como congressista, participou das manifestações históricas que tomaram conta do país de outubro a dezembro de 2019. A explosão social agravou a crise no governo de Sebastián Piñera e levou Bóric a ser eleito presidente na eleição de 2021.
Sua trajetória foi alvo do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o debate na TV Band, no último domingo (29.ago). Ao atacar Lula (PT), Bolsonaro disse que o petista apoiava o presidente do Chile "que praticava atos de tacar fogo em metrôs".
O Ministério de Relações Exteriores do Chile repudiou as declarações . Em nota, o governo chileno disse que as falas de Bolsonaro são "inaceitáveis e não condizem com o trato respeitoso que se deve os chefes de Estado nem com as relações fraternas entre os dois países latino-americanos". "O presidente Boric já manifestou publicamente as diferenças que o separam do presidente Bolsonaro, mas, ao mesmo tempo, assinalou a importância de manter boas relações entre os Estados do Brasil e do Chile", apontou o documento.