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Do Brexit ao partygate: relembre a trajetória de Boris Johnson

Primeiro-ministro britânico deixou o cargo após renúncia em massa de funcionários

Do Brexit ao partygate: relembre a trajetória de Boris Johnson
Boris Johnson, primeiro-ministro interino do Reino Unido
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Nesta 5ª feira (7.jul), o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, renunciou ao cargo após mais uma polêmica abalar o seu governo, marcado por altos e baixos. Relembre a trajetória do líder conservador que foi jornalista e prefeito de Londres antes de chegar ao cargo mais alto do país. 

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Eleito pela primeira vez para o parlamento em 2001, Johnson transitou entre o jornalismo e a política, tornando-se conhecido como colunista e convidado em programas de perguntas e respostas de comédia na TV.

Em seu primeiro cargo político, como prefeito de Londres entre 2008 e 2016, adequou os talentos. Construiu um perfil global como embaixador alegre da cidade -- uma imagem exemplificada quando ele ficou preso em uma tirolesa durante os jogos olímpicos de Londres, em 2012, acenando com bandeiras inglesas enquanto balançava no ar.

Como jovem jornalista, Johnson foi demitido do The Times de Londres por inventar uma citação. Certa vez, ele foi gravado prometendo dar a um amigo o endereço de um jornalista que o amigo queria espancar. Ele também foi demitido de um cargo sênior por mentir sobre um caso extraconjugal. Como correspondente em Bruxelas do Daily Telegraph, Boris Johnson se especializou em histórias exageradas de desperdício da União Europeia, histórias que ajudaram a virar a opinião britânica contra o bloco, com consequências de longo alcance.

O historiador Max Hastings, ex-chefe de Johnson no Telegraph, mais tarde o chamou de "um homem de dons notáveis, falho por falta de consciência, princípio ou escrúpulo".

Foi o Brexit que deu a Johnson sua grande chance. A co-liderança dele na campanha para tirar o Reino Unido da União Europeia ajudou o lado "pró-Brexit" a garantir uma vitória apertada em um referendo de 2016. A votação do Brexit foi um triunfo para Johnson, mas não o tornou imediatamente primeiro-ministro. Theresa May ganhou um concurso de liderança do Partido Conservador e assumiu o cargo.

Johnson teve que assistir e esperar por três anos enquanto May lutava para garantir um acordo de divórcio aceitável tanto para o bloco quanto para o Parlamento britânico. Quando ela falhou, a promessa de Johnson de "fazer o Brexit" lhe rendeu o cargo de primeiro-ministro em julho de 2019, com dois terços dos votos dos membros.

Em 29 de agosto do mesmo ano, Johnson pediu à rainha que suspendesse ou fechasse o Parlamento por cinco semanas, no auge de conflitos políticos sobre o Brexit. A decisão, considerada ilegal pela Suprema Corte meses depois, deu menos tempo a oponentes de Johnson de impedir um Brexit sem acordo. Essa foi a primeira de uma série de polêmicas que marcaram o mandato de menos de três anos do então premiê.

Ainda sim, no fim de 2019, após a dissolução do Parlamento, Johnson conseguiu uma maioria de 80 assentos nas eleições gerais, conseguindo o apoio que precisava para aprovar a legislação do Brexit. A vitória fez de Johnson o líder conservador mais bem sucedido eleitoralmente desde Margaret Thatcher. 

Após vários atrasos na data de partida, Johnson alcançou o objetivo de tirar o Reino Unido da União Europeia em 31 de janeiro de 2020. No entanto, apesar do slogan de Johnson, o Brexit estava longe de estar "concluído", com muitos problemas ainda a serem resolvidos, incluindo o delicado status da Irlanda do Norte, uma fonte contínua de atrito entre o Reino Unido e o bloco.

Aí veio a pandemia. Johnson inicialmente parecia relaxado com a ameaça que o novo coronavírus representava para o Reino Unido e hesitou impor restrições ao movimento e à atividade comercial. Ele mudou de rumo e impôs um bloqueio em março de 2020. Dias depois, ele mesmo precisou ser internado após ser infectado, passando várias noites em terapia intensiva em um hospital de Londres. O tratamento de Johnson em relação a pandemia atraiu críticas decididamente mistas. Ele se irritou por ter que impor restrições e, desde o início, falou precipitadamente sobre o fim da pandemia em poucas semanas.

O Reino Unido passou a ter um dos maiores números de mortes por covid na Europa e alguns dos bloqueios mais longos. Mas o governo acertou ao investir cedo no desenvolvimento e nas compras de vacinas e entregando doses à maior parte da população.

O sucesso da vacinação trouxe a Johnson um impulso nas pesquisas, mas o problemas seguiam crescendo. Mensagens de Whatsapp revelaram que Johnson pediu fundos a um doador do Partido Conservador para reformar sua residência oficial, o que teria custado em torno de R$ 1,5 milhão. Ele não teria relatado essa doação, o que acarretou em uma multa milionária ao Partido Conservador pela Comissão Eleitoral. No Reino Unidos doações são controladas e reveladas ao público quatro vezes por ano. 

Johnson também foi bastante criticado ao tentar mudar as regras dos padrões parlamentares para atrasar a suspensão de Owen Paterson, um apoiador que havia sido censurado por violar as regras de lobby. Diante da enorme reação, ele volta atrás e permite que os legisladores votem na suspensão de Paterson, que renuncia.

Sem tempo de tomar fôlego, uma nova polêmica -- a mais grave dentre todas -- surge e abala a confiança do Partido Conservador na governabilidade de Johnson. Conhecido como "Partygate", uma investigação de um membro do partido conservador, Sue Gray, confirmou as alegações de que Johnson e outros integrantes do alto escalão teriam promovido festas em Downing Street, durante o lockdown -- uma das medidas para conter o avanço da pandemia.

A gota d'água veio quando surgiram detalhes das festas no escritório e na casa de Johnson em Downing Street enquanto o país estava em confinamento. Fotos revelaram noites de bebedeira e até mesmo uma festa na véspera do funeral do príncipe Phillip, do qual a rainha Elizabeth II participou sozinha devido às restrições no país.

A invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, deu aos políticos e à mídia britânicos coisas mais urgentes para se concentrar. Isso trouxe um alívio dos problemas domésticos para Johnson, que ganhou elogios internacionais pelo apoio militar, financeiro e moral à Ucrânia. Ele viajou para Kiev duas vezes para se encontrar com o presidente ucraniano Voldymyr Zelensky.

Mas as derrotas nas eleições especiais de junho de 2022 -- uma em um distrito que votou nos conservadores por um século -- mostraram aos conservadores que a raiva pelo partygate não havia desaparecido.

Logo depois, estoura o caso que tornou-se a última polêmica do governo de Boris Johnson. Ao menos 60 membros do governo renunciaram, incluindo o ministro das Finanças e secretário da Saúde, depois de Johnson ser pego mudando a versão sobre a maneira como lidou com alegações de má conduta sexual de um integrante sênior do governo, Cris Pincher. Em um primeiro momento, Johnson disse não saber das alegações, mas precisou se desculpar depois que uma queixa contra Pincher, de três anos atrás, surgiu na 3ª feira (5.jul), da qual Johnson teria conhecimento. 

Boris Johnson reconheceu que "foi um erro" nomear Pincher para o governo, mas o dano já havia sido feito. Sem apoio do próprio partido, foi obrigado a renunciar nesta 5ª feira (7.jul), mas se manteve como primeiro-ministro interino enquanto um novo governo não é decidido. 

* Com informações da Associated Press

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