Vítimas de abuso em igrejas francesas podem ser indenizadas
Só neste ano, mais de 700 denúncias foram feitas contra padres e religiosos
As vítimas de abusos sexuais em igrejas da França poderão receber até 60 mil euros de indenização, conforme anunciado pela Instância Nacional Independente de Reconhecimento e Reparação (Inirr), nesta quarta-feira (1º.jun). Para calcular o valor, serão estabelecidos três eixos: a gravidade dos abusos, as "falhas" da Igreja e as consequências na saúde física, mental e social da vítima.
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A presidente da Inirr, Marie Derain de Vaucresson, indica que 736 pessoas entraram em contato com a entidade até 31 de maio, metade pedindo uma indenização financeira, sem especificá-la necessariamente. Segundo ela, o valor máximo do pagamento, que não possui uma quantidade mínima, se situa na "faixa superior da indenização da justiça civil".
Em outubro de 2021, uma investigação encomendada por entidades do país apontou que 216 mil menores de idade foram abusados por padres e religiosos entre os anos de 1950 e 2020. O número, no entanto, subiria para 330 mil caso fossem considerados os leigos que trabalharam nas instituições religiosas durante o período.
Na época, o papa Francisco expressou sentir vergonha de si mesmo e da Igreja Católica. "Desejo expressar às vítimas a minha tristeza e minha dor pelos traumas sofridos, e também minha vergonha, nossa vergonha, pela incapacidade da Igreja, durante muito tempo, para colocá-las no centro de suas preocupações", disse.
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O pontífice pediu ainda que bispos e superiores religiosos façam o esforço necessário para que "tragédias semelhantes não voltem a ocorrer" e lembrou o endurecimento do regulamento contra clérigos que abusam sexualmente de menores de idade e adultos vulneráveis, assim como a responsabilização em casos de omissão e negligência.