Publicidade

Invasão russa à Ucrânia pode elevar preço dos combustíveis no Brasil

Valor do barril de petróleo já registra alta com aumento das tensões no Leste Europeu

Invasão russa à Ucrânia pode elevar preço dos combustíveis no Brasil
Publicidade

A Ucrânia encara a ameaça de um ataque em seu território. Com o deslocamento de tropas russas à fronteira entre os dois países, a diplomacia internacional voltou a atenção para a região, quase oito anos após a invasão e anexação da Crimeia. Desde então, especulações são feitas em torno de como ficará o cenário econômico mundial no caso de um conflito.

Gás natural e petróleo são encontrados em abundância no Leste Europeu, que abriga zonas da antiga União Soviética, como Moldávia e Bielorrússia. Mesmo após a independência dos territórios, a área continuou no radar de interesse do Kremlin, que nunca deixou de exercer influência na região.

Juntos, os países, incluindo a Ucrânia, conectam gasodutos utilizados no transporte do gás às outras nações do continente, que dependem do serviço especialmente no inverno. Sabendo da necessidade da União Europeia diante de seu produto, a Rússia, por diversas vezes, ameaçou interromper o fornecimento caso não tenha os seus interesses atendidos pelo Ocidente.

+ Leia as últimas notícias no portal SBT News

Ao SBT News, especialistas comentaram os impactos gerados no caso da interrupção do fornecimento de gás. Para o professor Paulo Feldmann, do Departamento de Administração e Economia da Universidade de São Paulo (FEA-USP), o corte no abastecimento "vai afetar a economia e a população. "No entanto, os próprios russos vão ser impactados, pois deixarão de receber [o dinheiro pelo gás]. Interromper o fornecimento também seria ruim para a imagem da Rússia, que deixaria de ser um fornecedor confiável", afirmou.

Quanto às oscilações em torno do preço do petróleo, que assim como o gás figura entre os principais produtos exportados pelos russos, Feldmann explica, "quando sobe o preço do petróleo, aumenta a gasolina aqui [no Brasil]". "As duas coisas que mais impactam nos preços são o aumento do barril de petróleo no exterior e a desvalorização do real. Isso pode acontecer no caso de um conflito", acrescentou, destacando que a especulação em torno do tema também propiciam variações nos valores em que é comercializado. "O barril de petróleo subiu e pode continuar subindo por conta da especulação [se vai ter ou não um conflito] no mercado financeiro mundial."

Influenciado pela tensão no Leste Europeu, o barril Brent, extraído no Mar do Norte, fechou o mês de janeiro em alta. Em Londres, a commodity chegou a ser comercializada a US$ 88, aproximadamente R$ 464. Nos Estados Unidos, o barril WTI também teve alta, sendo vendido a US$ 85, cerca de R$ 448. Os aumentos foram os maiores registrados desde 2014. "O resultado [da elevação] é a inflação. O choque do petróleo no ambiente [da ameaça do conflito] pode afetar a estabilidade financeira global, em particular dos países emergentes, como o Brasil. Nós somos dependentes dos derivados de petróleo - como a gasolina e o diesel. Além disso, você tem o Banco Central americano subindo as taxas de juros para segurar a inflação", explicou Claudio de Moraes, professor de Macroeconomia e Finanças do Coppead, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Para Moraes, no entanto, o cenário se difere da década de 70, marcada pela crise no petróleo: "Nos anos 70, tinha uma dependência quase exclusiva do petróleo. Hoje, nós temos matrizes variadas, como o gás e a energia solar. No caso da Rússia, a tendência é ser a curto prazo. Tanto os russos não podem ficar muito tempo sem vender o petróleo, quanto o mundo não pode suportar o preço elevado".

Desta vez, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), é o centro das negociações, encabeçadas por Rússia e Estados Unidos, que buscam conter a ameaça. O governo de Vladimir Putin condena a entrada da Ucrânia na aliança militar, criada pelos norte-americanos durante a Guerra Fria com o intuito de frear a expansão soviética no continente europeu.

Apesar de outras nações, como Hungria e Polônia [que foram aliadas da União Soviética], já integrarem a organização, a entrada da Ucrânia é encarada como uma ameaça pelos russos. Ao contrário dos dois países primeiramente citados, Rússia e Ucrânia dividem a mesma fronteira. Além disso, ambos detêm uma forte ligação cultural, com povos de mesma origem étnica.

"O que os russos estão demandando é inaceitável para os Estados Unidos. Os americanos não vão abrir mão de ter uma influência na Ucrânia. Ao mesmo tempo, os russos veem a Ucrânia como um espaço geográfico essencial para a sua segurança", pontuou o professor Maurício Santoro, do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Para o docente, "o risco existe, mas existem sinais de contenção, da busca de uma solução pacífica".

Em 2021, cerca de 100 mil soldados russos foram deslocados à divisa entre os dois países. No mesmo ano, um documento vazado pela Agência Bloomberg apontou que um ataque estaria sendo planejado para o fim de janeiro ou início de fevereiro. Reuniões entre Putin e chefes de Estado, inclusive com a participação do presidente dos Estados Unidos Joe Biden, passaram a ser comuns na agenda internacional. A diplomacia também passou a atuar na mediação das negociações. 

Em torno da situação, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, visitou Kiev, capital da Ucrânia, onde se encontrou com o presidente Volodymir Zelensky. O encontro foi recebido como uma demonstração de apoio ao país. Em contrapartida, a Alemanha, dependente do gás fornecido pelos russos, negou o fornecimento de armas aos ucranianos. A China, por sua vez, é aliada de Putin. No dia 27 de janeiro, o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, declarou que os Estados Unidos devem levar 'a sério' as demandas reivindicadas pela Rússia.

Na última 3ª feira (1º.fev), foi a vez de Vladimir Putin se manifestar em sua primeira coletiva de imprensa desde o início da tensão. Na fala, acusou os Estados Unidos e a Otan de estarem tentando atrair os russos para uma guerra indesejada. Ademais, afirmou que, embora os pedidos da Rússia ainda não tenham sido atendidos, espera que o diálogo entre as potências continue. 

Leia também:

+ Entenda os motivos que levam à crescente tensão entre Rússia e Ucrânia

+ EUA enviam 3 mil soldados para países do Leste Europeu

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

sbtnews
portalnews
mundo
rússia
ucrânia
estados unidos
combustíveis
petróleo
gás
joe biden
vladimir putin
leste europeu
conflito
ameaça
guerra
victoria nogueira

Últimas notícias

Mega-Sena sorteia prêmio de R$ 100 milhões neste sábado (20)

Mega-Sena sorteia prêmio de R$ 100 milhões neste sábado (20)

Apostas podem ser feitas até as 19h
Justiça condena três homens por assassinato de adolescente no RJ

Justiça condena três homens por assassinato de adolescente no RJ

Homens levaram a vítima para um imóvel abandonado, onde ele foi violentamente espancado e morto com um golpe de machado
Senadores da Argentina aumentam seus próprios salários da noite para o dia

Senadores da Argentina aumentam seus próprios salários da noite para o dia

Medida causou indignação em momento em que o país enfrenta uma grave crise econômica, com metade da população vivendo na pobreza
Andreas von Richthofen revela pendências com Suzane e diz se vai perdoar Daniel Cravinhos

Andreas von Richthofen revela pendências com Suzane e diz se vai perdoar Daniel Cravinhos

Filho caçula do casal Manfred e Marisia, assassinados pela filha Suzane von Richthofen em 2002, deu entrevista exclusiva ao Tá na Hora, do SBT
Número de furtos aumenta mais de 20% no estado de São Paulo

Número de furtos aumenta mais de 20% no estado de São Paulo

Em 2023, foram registrados106 mil crimes do tipo a mais do que em 2021
Phoenix FIP vence leilão bilionário do Governo de SP para privatização da Emae

Phoenix FIP vence leilão bilionário do Governo de SP para privatização da Emae

Com proposta de R$ 1,04 bilhão, grupo assume controle acionário da Empresa Metropolitana de Águas e Energia
Sete em cada dez brasileiros acreditam que povos indígenas precisam de mais proteção, diz pesquisa

Sete em cada dez brasileiros acreditam que povos indígenas precisam de mais proteção, diz pesquisa

Grande parte dos brasileiros acredita que os povos originários foram e são pouco protegidos
Após reunião com Lula, líder do governo diz que projeto que dá aumento a juízes pode “quebrar o país”

Após reunião com Lula, líder do governo diz que projeto que dá aumento a juízes pode “quebrar o país”

Encontro ocorreu após convocação de emergência de líderes e ministros para tratar de pautas-bomba e arrefecer rusgas com a Câmara
Defensoria Pública da União exige indenização de R$ 1 bilhão do X (antigo Twitter)

Defensoria Pública da União exige indenização de R$ 1 bilhão do X (antigo Twitter)

Ação civil apresentada à Justiça Federal atribui à empresa de Elon Musk facilitação do "ódio político e racial"
Extrema pobreza atinge menor nível histórico em 2023, estima FGV

Extrema pobreza atinge menor nível histórico em 2023, estima FGV

Cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE
Publicidade
Publicidade