Britânicos conversam com brasileiros sobre ida de Bolsonaro à Rússia
Governo dos EUA já tinha tentado convencer o governo do Brasil a cancelar a viagem a Moscou
Diplomatas britânicos estão conversando com seus colegas brasileiros sobre a viagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Rússia. A informação foi confirmada nesta 4ª feira (2.fev) ao SBT News por um porta-voz do governo do Reino Unido, durante uma conversa com correspondentes estrangeiros, em Downing Street, onde fica o gabinete do primeiro-ministro Boris Johnson.
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"O nosso esforço é diplomático. E nós encorajamos todos os esforços nesse sentido pra convencê-lo (Vladimir Putin) a recuar." Os contatos, segundo o porta-voz, não acontecem no nível ministerial, o que quer dizer que nem o premiê, nem sua ministra das Relações Exteriores estão diretamente envolvidos nas conversas, mas mostram a preocupação dos britânicos com um possível alinhamento do Brasil e de outros países à Rússia no momento em que líderes ocidentais tentam isolar o presidente Vladimir Putin.
O primeiro-ministro Boris Johnson conversou nesta 4ª por telefone com o presidente russo. Nos bastidores, no entanto, o Kremlin tem esnobado os esforços britânicos. "Não confiamos na diplomacia britânica", disse o vice-embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Dmitry Polyanskiy, em entrevista à rede de TV britânica Sky News. Ele classificou o trabalho diplomático do Reino Unido na atual crise como "inútil" e afirmou que a Rússia prefere a interlocução com os norte-americanos.
A tensão da crise já envolve o Brasil. Segundo a agência Reuters, o governo dos Estados Unidos está pressionando o presidente Jair Bolsonaro a cancelar a visita ao colega russo. Ainda que o brasileiro evite se envolver diretamente na crise, uma visita à Rússia agora pode ser interpretada como um apoio implícito ao líder do país.
O governo brasileiro ainda não confirmou a viagem, mas diplomatas ucranianos e russos já dão a ida a Moscou como certa. A viagem está programada para o próximo dia 14. Yury Ushakov, assessor do governo russo, afirmou que o Kremlin "sabe que os líderes de Brasil e Argentina receberam pedidos pra que cancelem suas viagens e os contatos com a Rússia". O presidente argentino, Alberto Fernández, encontra-se com Putin nesta 5ª feira (3.fev) em Moscou.
Em entrevista à agência russa Tass, Ushakov afirmou que ambos "são países representativos que devem decidir como devem tratar suas relações externas, com quem devem fazer contato e que países devem visitar". A Embaixada do Brasil em Londres foi procurada para comentar o assunto, mas até a mais recente atualização desta reportagem, não respondeu aos contatos do SBT News. Em Brasília, o Itamaraty também foi procurado e ainda não se manifestou.