Chile deve ter 2º turno entre fã de Bolsonaro e ex-líder estudantil
Antonio Kast e Gabriel Boric, representantes da extrema-direita e da esquerda, lideram eleições
Santiago - Os chilenos vão às urnas neste domingo (21.nov) para escolher quem vai comandar o país pelos próximos quatro anos. Segundo as últimas pesquisas, a disputa deve ficar entre o candidato de extrema-direita José Antonio Kast, do Partido Republicano, e o deputado de esquerda Gabriel Boric, do Aprovo Dignidade.
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Kast, 55 anos, é advogado e já se declarou fã do presidente brasileiro Jair Bolsonaro e do ex-presidente norte-americano Donald Trump. Já Boric, 35, é um ex-líder estudantil que chegou ao Congresso chileno. A tendência, porém, é de que nenhum dos dois alcance os 50% necessários para ser eleito já neste domingo. Assim, a decisão deve ficar para o segundo turno, marcado para 19 de dezembro. Além do presidente, os chilenos também escolhem em 2021 novos deputados e senadores.
Nas ruas, antes mesmo do resultado, o clima geral é de insatisfação, impulsionada pela enorme desigualdade social no país. Como o voto é facultativo, protestos estimulavam a população a não comparecer às urnas. Questionado sobre o que espera do pleito, um eleitor foi direto: "Que as pessoas votem". Já uma outra eleitora contou esperar que o próximo presidente atenda a todas as necessidades da população e que escute o povo. Ela se disse esperançosa. "Não posso ser tão amarga. Tenho que ter esperança", afirmou.
O Chile vive um dos piores momentos econômicos de sua história e, há alguns anos, lida também com uma intensa crise social. Em 2019, o país foi tomado por manifestações. Inicialmente, os protestos eram contra o aumento da tarifa de transporte público. Mas acabaram virando um clamor por uma nova Constituição. A que estava em vigor até então foi escrita durante o regime de Augusto Pinochet e continha leis da época da ditadura.
Com alta rejeição, o atual mandatário, Sebastián Piñera, que já havia presidido o país de 2010 a 2014, decidiu não concorrer à reeleição.Com isso, pela primeira vez em 16 anos, o Chile não será comandado por ele ou pela ex-presidente Michelle Bachelet. Piñera, aliás, correu o risco de sequer terminar o atual mandato. Acusado de corrupção por práticas apontadas pela investigação jornalística Pandora Papers, ele teve um pedido de impeachment aprovado pela Câmara, mas o processo foi arquivado pelo Senado na semana passada.