Dino rebate Netanyahu sobre ajuda de Israel após PF prender brasileiros ligados a Hezbollah
Ministro da Justiça e Segurança Pública afirma que "nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal"
Em resposta a declarações do premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou nesta 5ª feira (9.nov), que "nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal". Na 4ª feira (8.nov), a PF prendeu dois suspeitos de integrar o grupo extremista islâmico Hezbollah, como resultado da Operação Trapiche.
Após o anúncio da prisão dos suspeitos, o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, publicou uma nota afirmando que a prisão dos dois brasileiros suspeitos de agir com o Hezbollah teve a contribuição do Mossad, o serviço secreto israelense. "O Mossad agradece às autoridades brasileiras pelo papel na prisão da célula terrorista operando sob ordens do Hezbollah, que pretendia lançar um ataque contra alvos da comunidade judaica no Brasil", diz outro trecho do comunicado.
Em uma extensa publicação no site "X", o antigo Twitter, Flávio Dino rebateu as declarações de Israel. O ministro da Justiça frisou que as investigações foram iniciadas antes do início do confronto entre Israel e Hamas.
"Nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal do Brasil. E nenhum representante de governo estrangeiro pode pretender antecipar o resultado da investigação conduzida pela Polícia Federal, ainda em andamento", disse o ministro Dino no site "X", o antigo Twitter, que ainda afirmou que as investigações da Operação Trapiche começaram antes das "tragédias em curso na cena internacional".
1.O Brasil é um país soberano. A cooperação jurídica e policial existe de modo amplo, com países de diferentes matizes ideológicos, tendo por base os acordos internacionais.
? Flávio Dino ?? (@FlavioDino) November 9, 2023
2.Nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal do Brasil. E nenhum representante de governo?
"Apreciamos a cooperação internacional cabível, mas repelimos que qualquer autoridade estrangeira cogite dirigir os órgãos policiais brasileiros, ou usar investigações que nos cabem para fins de propaganda de seus interesses políticos", acrescentou Dino em outro trecho da nota.
Nota da PF
Em nota, a Polícia Federal afirmou que se utiliza da cooperação internacional como instrumento de combater a criminalidade organizada para preservar a segurança do Brasil. Sem citar Israel, afirmou que "declarações dessa natureza violam as boas práticas da cooperação internacional e podem trazer prejuízos a futuras ações nesse sentido". A corporação também ressaltou que cabe exclusivamente às instituições brasileiras definir os encaminhamentos e conclusões sobre fatos investigados em território nacional. "Não se pode antecipar conclusões sobre os resultados da investigação, que segue seu rito de acordo com a lei brasileira", concluiu a PF.