Kwai é investigada no Brasil pelo MPF por espalhar fake news
Inquérito apura se rede social criou e propagou conteúdos falsos para aumentar seguidores
Inquérito civil aberto pelo Ministério Público Federal (MPF) investiga se rede social Kwai criou e espalhou falsas notícias para aumentar o número de visualizações e de seguidores no Brasil. Um dos focos da apuração será a suposta produção e circulação de fake news nas eleições de 2022. A rede social chinesa foi amplamente usada por bolsonaristas e petistas para ataques e trocas de acusações na campanha.
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O pedido de abertura do inquérito cita "indícios de que postagens na rede com informações inverídicas e apelativas sejam produzidas não por usuários regulares do Kwai, mas pela própria plataforma – diretamente ou por meio de empresas de publicidade por ela contratadas, sem qualquer identificação de sua origem", segundo o MPF.
A investigação do MPF contra a Kwai será feita com três frentes temáticas:
- Suposta criação de perfis falsos de órgãos e autoridades públicas brasileiras no Kwai, como se fossem páginas oficiais.
- Possível produção e circulação de notícias falsas na rede social, sobretudo durante a eleição de 2022, com a finalidade de aumentar sua audiência e em contrariedade tanto com os termos de serviço da plataforma quanto com os compromissos que ela afirma publicamente ter para contenção de desinformação.
- Tentativa de elevar o engajamento de usuários por meio da veiculação de vídeos contendo atos de violência contra mulheres e exposição indevida de crianças e adolescentes.
Procurada, a Kwai não se manifestou até a publicação desta reportagem.
A ação foi aberta por determinação do procurador regional da República Yuri Correa da Luz, da área de Direitos do Cidadão, em São Paulo. Tem como base "uma denúncia anônima que o MPF recebeu pelo canal institucional de atendimento aos cidadãos".
A Joyo Tecnologia Brasil Ltda., que representa a chinesa Kwai, e empresas de publicidade que teriam produzido conteúdos considerados "desinformativos ou apelativos" foram acionadas pelo MPF para prestar esclarecimentos. O procurador pediu dados de contratos, mensagens, gravações, documentos, vídeos postados, entre outros.
Redes sociais. A Kwai passa a integrar o grupo de redes sociais alvos do MPF relativo aos conteúdos e métodos usados. A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, em São Paulo, tem aberto, desde 2021, uma investigação contra outras sete plataformas digitais: YouTube, TikTok, Instagram, Facebook, X (antigo Twitter), Whatsapp e Telegram. Elas são investigadas por possíveis omissões no combate à desinformação e à violência digital.