Desafeto de Moro e réu dos processo é ouvido por novo juiz da Lava Jato
Tacla Duran é réu como operador de propinas da Odebrecht e estava foragido desde 2017; ele acusou suposta "extorsão"
O operador financeiro do setor de propinas da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran, que teve ordem de prisão anulada no início do mês pela 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, entregou documentos nesta 2ª feira (27.marc) para o novo juiz da Operação Lava Jato, Eduardo Appio, sobre supostas irregularidades envolvendo uma advogado amigo do senador Sérgio Moro (União-PR).
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Taclar Duran entregou um registro bancário de um suposto pagamento para advogado de Curitiba, que seria ligado a Moro, em uma suposta negociação irregular de delação premiada e trocas de mensagens. Material que, segundo ele, comprovaria que houve tentativa de "extorsão".
Duran se apresenta como advogado. Foi investigado na Lava Jato e denunciado à Justiça por crimes de lavagem de dinheiro, entre outros crimes, como um dos principais operadores de propinas da Odebrecht, com contas no exterior, em especial da Suíça.
Delatores da Odebrecht entregaram as provas de contas, valores movimentados, ordens de pagamentos para políticos, agentes públicos entre outros. Desde 2016, Duran estava foragido na Espanha, onde mora, com ordem de prisão preventiva contra ele na Lava Jato.
Testemunha
Com decisão do ministro Ricardo Lewandowski do Supremo Tribunal Federal (STF), que trancou o andamento de cinco ações penais da Lava Jato, entre elas a que tem Tacla Duran como alvo, ele foi ouvido pelo juiz de Curitiba como testemunha.
O juiz encerrou a audiência, após Tacla Duran citar o senador Moro e o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) - ex-procurador da República. "Diante da notícia crime de extorsão, em tese, pelo interrogado, envolvendo parlamentares com prerrogativa de foro, ou seja, deputado Deltan Dallagnol e o senador Sério Moro".
Appio informou que encerraria "a presente audiência para evitar futuro impedimento, sendo certa a competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal", para quem enviou o caso. O juiz ainda determinou que Tacla Duran recebesse segurança da PF. O juiz viu "risco concreto de vida e segurança".
"O acusado está sendo encaminhado ao programa federal de testemunhas protegidas por conta do grande poderia político e econômico dos envolvidos, sendo certo que toda e qualquer medida somente será apreciada por este Juízo Federal em caso de risco concreto à visa e/ou segurança das testemunhas e autoridades envolvidas", registra trecho do despacho de Appio.
As acusações foram feitas por Tacla ainda em 2017, sem provas.
Moro nega qualquer irregularidade. "Trata-se de uma pessoa que, após inicialmente negar, confessou depois lavar profissionalmente dinheiro para a Odebrecht e teve a prisão preventiva decretada na Lava Jato. Desde 2017 faz acusações falsas, sem qualquer prova, salvo as que ele mesmo fabricou. Tenta desde 2020 fazer delação premiada junto à Procuradoria Geral da República, sem sucesso. Por ausência de provas, o procedimento na PGR foi arquivado em 9 de junho de 2022", informou o senador.
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