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Ex-PCC virou informante e revelou plano contra Moro, alvo da PF

Investigação começou em São Paulo e levou autoridades a seguir passos de membro de grupo de elite da facção

Ex-PCC virou informante e revelou plano contra Moro, alvo da PF
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O audacioso plano do PCC contra o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro - atual senador pelo União-PR - e outras autoridades caiu no radar dos investigadores após um ex-membro da facção revelar ao Ministério Público de São Paulo a intenta criminosa.

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Sequestros, atentados e mortes simultâneos estavam sendo coordenados por Janederson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, revelou o informante, sob proteção da Justiça, em um processo contra o PCC.

Também conhecido como NF ou Dodge, Nefo seria uma das principais lideranças da célula do PCC chamada de "sintonia restrita", espécie de grupo de elite da facção, responsável por operações e execuções sensíveis, como as de autoridades e de policiais, e que funciona como um núcleo de inteligência.

O ex-membro da facção foi ouvido em 2022. Ele declarou que Nefo foi encarregado de montar o plano, fazer o monitoramento e executar o sequestro de Moro. E forneceu o caminho para que o MP paulista e a polícia iniciassem as investigações dos alvos. Eram quatro números de telefone celular usados por membros do PCC ligados ao cabeça. 

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Trecho da ordem de prisão dos alvos da Sequaz | Reprodução

Os telefones começaram a ser monitorados com autorização judicial.

"O histórico criminal do depoente protegido e o fornecimento de dados simples, mas comuns em troca de informações do meio criminal (terminais atualizados para contatos momentâneos), levaram a instauração de inquérito policial para o aprofundamento de pesquisas em bancos de dados e diligências de campo", registra documento da Polícia Federal (PF).

Plano em execução

A Operação Sequaz deflagrada na 4ª feira (22.mar) desmontou o plano do PCC para sequestrar Moro. Em quatro estados (São Paulo, Curitiba, Mato Grosso do Sul e Rondônia) e no Distrito Federal, 120 policiais foram às ruas para prender 11 investigados e apreender provas.

As apurações mostraram que o plano estava em fase de execução avançada, como revelam os documentos. Havia contabilidade do PCC, desde valores gastos com compra de armas, transportes, até imóveis para execução do monitoramento e dos crimes. 

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Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo | Reprodução

Nefo comandava, segundo a PF, a equipe que monitorava os passos de Moro e família em Curitiba - o senador é identificado pelo codinome Tokio nas mensagens e registros do PCC. Para isso, alugaram uma casa perto da residência da família e uma sala comercial, próximo ao escritório político. Havia também uma chácara alugada, que os investigadores suspeitam que seria usada com cativeiro.

O PCC estaria em busca da liberdade de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e da flexibilização das regras adotadas em 2019, pelo governo federal, de restrições nos presídios às lideranças da facção.

Moro proibiu as visitas íntimas em presídios federais, quando era ministro da Justiça no governo Jair Bolsonaro (PL), e coordenou a transferência e o isolamento de 22 líderes do PCC, entre eles, Marcola.

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Trecho de documento da PF sobre Nefo | Reprodução

Organograma do crime

Um dos membros mais ativos no plano sob comando de Nego era Reginaldo Oliveira de Sousa, o Rê. Fora dos presídios, ele atuaria em uma célula responsável pelas execuções e sequestros.  

Nefo e Ré foram presos pela PF, na Sequaz. O primeiro estava na região de Campinas, no interior, e o segundo, na Baixada Santista.

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Reginald Sousa, o Rê, executava ordens de Nefo | Reprodução

Outro cabeça do esquema seria Valter Lima Nascimento, o Guinho, também do núcleo sintonia restrita do PCC, que foi preso em janeiro pela Rota, em São Paulo. Ele aparece nas mensagens trocadas entre Nefo e os demais membros de liderança do plano, segundo registram imagens destacadas pela PF à Justiça Federal.

A PF aprofundou as investigações e esquadrinhou a quadrilha, monitorou seus passos, conversas e levantou dados.

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Valter Lima Nascimento, o Guinho | Reprodução

"Temos como comprovada a atuação dos criminosos na cidade de Curitiba/PF, há pelo menos seis meses, com presença física dos investigados, veículos, bem como ações voltadas para a prática dos crimes em apuração", informa documento do Grupo Especial de Investigações Sensíveis (Gise), da PF. 

No inquérito, foi montado um organograma dos membros do PCC envolvidos no plano contra autoridades, alvos da Sequaz. Nele, Nefo aparece no topo e, vinculados a ele, outros 13 nomes alvos da operação da PF.

O inquérito da PF foi aberto em 3 de fevereiro, após envio dos dados pelo Gaeco do MP de São Paulo e embasou as ordens de prisões e buscas e apreensões, da 9ª Vara Federal de Curitiba, na Operação Sequaz.

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Nesta 5ª feira (23.mar), a Justiça Federal de Curitiba retirou o sigilo do processo, em que foi deflagrada a Operação  Sequaz. Os documentos mostram como o plano estava avançado contra Moro e revela os registros dos criminosos.

A juíza justificou a decisão de liberar o sigilo. "Considerando a repercussão que o presente caso vem tendo na mídia, autorizo o encaminhamento aos órgãos de imprensa que assim solicitarem, via assessoria de imprensa desta Seccional, cópias das representações policiais e das decisões que autorizaram as prisões e as buscas, bem como o termo de audiência de custódia realizada ontem, dia 22/03/2023", escreveu Gabriela Hardt.

Leia mais:

+ Dados de inquérito revelam plano do PCC em execução contra Moro

+ Os codinomes usados pelo PCC; Moro era Tokyo, e sequestro, Flamengo

+ Lula afirma que plano de ataque contra Moro foi "uma armação" do senador

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