Moraes nega pedido para enviar investigação de empresários para à 1ª instância
Executivos foram alvos de busca e apreensão da PF por defenderem golpe de Estado em conversa no WhatsApp
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou um pedido para que fosse enviada para a primeira instância da Justiça, a investigação sobre os empresários apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Os executivos trocaram mensagens em um grupo de WhatsApp defendendo um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fosse eleito em outubro. A decisão foi assinada na última 6ª feira (9.set) e divulgada nesta 3ª feira (13).
O pedido de envio para a 15ª Vara Federal Criminal da Justiça de Brasília, tirando assim a competência do STF, foi apresentado pela defesa do empresário Luciano Hang. O dono da rede de lojas Havan é um dos investigados que sofreram buscas pela PF no último dia 23 de agosto e está com as contas bloqueadas. A defesa argumentou que os empresários não têm foro privilegiado, portanto o Supremo não seria a esfera competente para o julgamento.
Moraes afirmou que o envio da apuração para outra instância da Justiça era "absolutamente prematuro" e completou informando que a Polícia Federal ainda não terminou de analisar os elementos colhidos nos endereços dos envolvidos.
"Ainda que esta investigação se encontre em fase inicial, seria absolutamente prematuro proceder ao declínio de competência desta Suprema Corte, ainda mais em momento anterior à análise, pela Polícia Federal, dos elementos colhidos a partir das buscas e quebras de sigilo realizadas nos autos", escreveu o ministro.
Moraes já informou que as investigações sobre os empresários são vinculadas a inquéritos que apuram o possível financiamento dos executivos à atos antidemocráticos, como a veiculação de notícias falsas, discurso de ódio e de ataques orquestrados às instituições públicas e às urnas. Alexandre de Moraes é o relator no Supremo dos inquéritos que apuram atos antidemocráticos e milícias digitais.
Além de Luciano Hang dono da rede Havan, estão no processo: Afrânio Barreira Filho, dono do Coco Bambu; Ivan Wrobel, dono da W3 Engenharia; José Isaac Peres, fundador da rede de shoppings Multiplan; José Koury, dono do Barra World Shopping; Luiz André Tissot, presidente do Grupo Sierra; Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo, dono da Mormaii e Meyer Joseph Nigri, fundador da Tecnisa.