Ciro e Joesley discutiram nomes para manter influência no Cade, aponta PF
Ministro defende o nome do "meu menino", Alexandre Cordeiro, atual presidente do órgão
Segundo conversa compartilhada em um relatório da Polícia Federal enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) e o empresário Joesley Batista discutiram nomes "ideais" para manter a influência no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
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Na conversa, Ciro defende a indicação do "meu menino", Alexandre Cordeiro, à presidência do órgão. Cordeiro assumiu a presidência do Cade em julho de 2021. Segundo o ministro, Cordeiro seria um nome de "bom senso". "Meu menino, ele era meu chefe de gabinete, eu botei ele lá", diz Ciro.
Segundo o relatório da PF, Ciro Nogueira "dar a entender que tinha influência no Cade e que não poderia perder essa influência. Ele cita, como exemplo, o Conselheiro Alexandre Cordeiro como sendo um dos "seus" no conselho".
Na conversa, Ciro Nogueira afirma que também há "uma mulher" que desejava assumir o tribunal. O empresário Joesley Batista responde: " Deus que me livre!". E acrescenta: "-É a tal da Alkimin? A tal da ... num sei o quê - Alkimin. - É, é fria".
Batista está se referindo à ex-conselheira do Cade, Cristiane Alkmin, que deixou o órgão em dezembro de 2018 para ser secretária da Fazenda de Goiás. Ciro também emite sua opinião sobre a conselheira: "ô, a mulher bota pra foder todo mundo".
Nogueira e Batista também falam que o próximo presidente do Cade deve ser uma pessoa "pro-mercado". No relatório enviado ao STF nesta 6ª feira, a Polícia Federal concluiu que o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), teria cometido crime de corrupção e lavagem de dinheiro.
Segundo as informações enviadas ao STF, houve suposto pagamento de propina do empresário Joesley Batista ao ministro para que apoiasse a reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014. O inquérito está no STF desde 2018.
O SBT News entrou em contato com a assessoria de imprensa do Cade, que está analisando o relatório da Polícia Federal. A reportagem será atualizada assim que a o órgão enviar um posicionamento oficial. O SBT News também tentou contato com o presidente do Cade, que está em agenda internacional e não respondeu até o momento.
A defesa do ministro publicou uma nota de contestação ao relatório da PF:
"A defesa técnica do Ministro Ciro Nogueira estranha o relatório da Polícia Federal, pois a conclusão é totalmente baseada somente em delações que não são corroboradas com nenhuma prova externa. Até porque a narrativa das delações não se sustenta.
A Defesa tem absoluta confiança que o tempo das delações sem nenhuma fundamentação já está devidamente superado pelas decisões independentes do Ministério Público e do Supremo Tribunal Federal.
Continuamos à disposição do Poder Judiciário com plena convicção que a verdade prevalecerá. O império das delações falsas e dirigidas não mais se sustenta"
Confira a íntegra do relatório: