"Não irei me intimidar", diz senador Renan ao ser indiciado pela PF
Investigações apontam que relator da CPI da Covid recebeu propina para apoiar projeto da Odebrecht
Em nota enviada à imprensa neste sábado (3.jul), o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, disse estar surpreso com a notícia de que a Polícia Federal o indiciou por corrupção por receber propina da Odebrecht em 2012. "Estou surpreso que justamente agora, quando a PF, instituição de Estado, abre investigação sobre a Precisa para facilitar Habeas Corpus do vendedor da vacina da propina e garantir seu silêncio na CPI. Mas não irei me intimidar. Os culpados pelas mortes, pelo atraso das vacinas, pela cloroquina e pela propina irão pagar", afirma o senador.
Ele diz ainda que o inquérito não tinha provas e mesmo assim foi prorrogado: "A Polícia Federal não tem competência para indiciar senador. Apenas o STF. Essa investigação está aberta desde março de 2017 e como não encontraram prova alguma, pediram prorrogação".
O relatório da PF foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na 6ª feira (02.jul) e deve ser encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá sobre a apresentação de denúncia contra o parlamentar por suspeita de receber R$ 1 milhão em propina da Odebrecht em troca de apoiar projeto de interesse da empresa.
O documento diz que "verificou-se a existência de elementos probatórios concretos de autoria e materialidade para se atestar a presença de indícios suficientes de que o Senador da República JOSÉ RENAN VASCONCELOS CALHEIROS, no exercício de mandatos sucessivos de Senador da República desde 1995, juntamente com outras pessoas, cometeu o delito de corrupção passiva ao solicitar e receber pagamentos indevidos no montante de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), no dia 31.05.2012, ano em que não foi candidato nas eleições, no contexto da aprovação do Projeto de Resolução do Senado nº 72/2010, convertido na Resolução do Senado Federal nº 13/2012".
Além do senador, foram indicados outras 4 pessoas no inquérito. O documento é assinado pelo delegado Vinícius Venturini da Polícia Federal.
Em nota, a Odebrecht, que hoje se chama Novonor, informa que colaborou com a Justiça a partir de 2016. "Desde essa época, a empresa fez acordos no Brasil com o MPF, AGU, CGU e CADE e no exterior com o DOJ (EUA), Banco Mundial e BID, além de instituições em mais seis países".