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ENGANOSO: Não há registro de desabastecimento de diesel no Brasil, diferentemente do que alegam postagens em redes sociais

Confira a verificação realizada pelos jornalistas integrantes do Projeto Comprova

ENGANOSO: Não há registro de desabastecimento de diesel no Brasil, diferentemente do que alegam postagens em redes sociais
Projeto Comprova/Divulgação
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ENGANOSO: Os postos de combustíveis estão recebendo diesel no país, diferentemente do que afirmam posts nas redes sociais. A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) afirmou ao Comprova que houve limitação nas entregas em algumas bases de distribuição, mas que isso não significa falta de combustíveis para os consumidores ? um dos motivos teria sido a competitividade de preço entre empresas, "ocasionando sobrecarga de pedidos em determinadas bases em detrimento a outras e, consequentemente, restrição nas entregas de produtos pelas distribuidoras". Também à reportagem, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) negou haver desabastecimento.

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Conteúdo analisadoPublicações nas redes sociais, entre elas um vídeo gravado por um deputado federal, afirmando que "já está faltando diesel no Brasil e vai piorar". Segundo o deputado, o combustível está "sumindo" do mercado e, em breve, a população começará a perceber a falta de suprimentos nas prateleiras.

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Onde foi publicado: Twitter, Instagram e Facebook.

Conclusão do Comprova: Não há registro de desabastecimento generalizado de diesel nos postos de combustíveis, diferentemente do que afirmam um vídeo do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) e outros conteúdos similares publicados nas redes sociais.

A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), órgão do governo responsável por garantir o abastecimento no Brasil, afirmou ao Comprova que, até 17 de agosto, "nenhuma distribuidora relatou situação de restrição de abastecimento em nenhum estado" e que "os dados de estoques de combustíveis do mercado apresentam níveis regulatórios adequados".

Segundo informou à reportagem a Fecombustíveis, houve limitação nas entregas dos produtos em algumas bases de distribuições, o que não significa necessariamente falta de combustíveis para os consumidores. A normalidade na oferta dos produtos também foi confirmada pela Petrobras e distribuidoras do combustível, como a Vibra Energia e Ipiranga.

Como apurou o Comprova, a defasagem no valor dos combustíveis em relação ao mercado internacional causou restrições na venda do diesel no país antes do último reajuste da Petrobras, anunciado em 15 de agosto. Nas últimas semanas, a importação foi afetada pela alta nos preços do petróleo no exterior e a disparada do dólar, que, consequentemente, inviabilizaram a compra dos produtos no mercado internacional pelas distribuidoras independentes.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. No Instagram do deputado Gustavo Gayer (PL-GO), o post tinha mais de 202 mil visualizações e 32 mil curtidas até 18 de agosto.

Como verificamos: No Google, procuramos pelas publicações usadas pelo autor do vídeo analisado sobre o suposto desabastecimento. A partir daí, entramos em contato com ANP, Petrobras, Fecombustíveis, Ipiranga e Vibra Energia.

Por que houve restrições na venda do diesel?

A Petrobras anunciou em 16 de maio deste ano o fim do Preço de Paridade de Importação (PPI), que durante sete anos manteve o preço dos combustíveis atrelado diretamente ao mercado internacional (aqui, o Comprova explicou a política de preços da Petrobras). A nova política resultou em uma defasagem entre o valor do mercado interno e externo, tornando a importação do produto mais cara para as distribuidoras.

Devido à alta nos preços do petróleo no exterior e a disparada do dólar nas últimas semanas, a diferença entre os valores do diesel no Brasil e no restante do mundo atingiu 26% no dia 10 de agosto, segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). No mesmo dia, reportagem da CNN dizia que distribuidoras relataram à Abicom restrições na oferta de diesel em vários estados, como Rondônia, Pará, Tocantins, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O jornal O Tempo, citado como referência no vídeo analisado, também publicou matéria sobre o assunto, afirmando que estava "faltando diesel para diversas empresas de transporte em Minas Gerais".

Reportagem do Estadão mostrou, ainda, que as distribuidoras independentes sinalizaram "restrições na venda em alguns pontos do país". Segundo a matéria, a inviabilidade da compra de combustíveis no exterior, influenciada pela alta nos preços, e as restrições nos fornecedores nacionais, ocasionaram faltas pontuais de diesel. Isso não significa, no entanto, que houve desabastecimento generalizado. Em 11 de agosto, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que não há risco de desabastecimento de combustíveis no Brasil.

Aumento do diesel

Em 15 de agosto, a Petrobras anunciou aumento no preço de combustíveis nas refinarias. A gasolina teve uma alta de R$ 0,41 (16,2%), chegando a R$ 2,93 por litro para as distribuidoras, enquanto o preço do diesel foi para R$ 3,80 por litro ? um acréscimo de R$ 0,78 (25,8%). O aumento reduz a defasagem em relação ao mercado internacional e também, segundo as autoridades, diminui o risco de falta de combustível no país.

Segundo a Petrobras, a nova estratégia comercial da estatal "permitiu que a empresa reduzisse seus preços de gasolina e diesel e, nas últimas semanas, mitigasse os efeitos da volatilidade e da alta abrupta dos preços externos, propiciando período de estabilidade de preços aos seus clientes". No entanto, o avanço dos preços do petróleo no exterior e a disparada do dólar levaram a empresa a atingir o "limite da sua otimização operacional, incluindo a realização de importações complementares".

Os fatores, de acordo com a companhia, tornaram necessários os reajustes tanto na gasolina quanto no diesel, mirando no reequilíbrio dos preços da Petrobras em relação aos praticados pelo mercado e na melhora dos valores de margens da empresa.

No dia 16, o Tribunal de Contas da União (TCU) ainda informou que o órgão segue fiscalizando o abastecimento de diesel no país neste ano, a fim de evitar a falta do produto, tendo em vista a nova política de preços da estatal.

O que diz o responsável pela publicação: Gustavo Gayer, autor de um dos posts que viralizou e que já teve outros conteúdos de desinformação verificados pelo Comprova (alguns deles: 1234 e 5), foi procurado, mas não respondeu até a publicação deste texto.

O que podemos aprender com esta verificação: O vídeo verificado tem o título "Caos a (sic) vista" e daí já tiramos a primeira dica, uma vez que é comum que conteúdos com desinformação utilizem chamadas alarmistas. Então, ao se deparar com postagens assim, eleve seu nível de ceticismo e busque outras fontes de informação e veículos de imprensa da sua confiança.

Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: A Petrobras e sua política de preços são constantemente alvo de desinformação. O Comprova já verificou, por exemplo, ser falso que Lula tenha reconduzido Nestor Cerveró a cargo na empresa, que vídeo mente ao tentar ligar filho do petista a Petrobras e a aumento de combustíveis e que é enganoso post afirmando que a "Petrobras não é mais do Brasil". Contra esse tipo de desinformação, o projeto publicou, neste ano, na seção Comprova Explica, detalhes sobre a política de preços adotada pela Petrobras.

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