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ENGANOSO: Vídeo que insinua fraude em votação em Maceió reproduz infográfico com erro

Confira a verificação realizada pelos jornalistas integrantes do Projeto Comprova

ENGANOSO: Vídeo que insinua fraude em votação em Maceió reproduz infográfico com erro
Divulgação/Projeto Comprova
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Enganoso: É enganosa a insinuação de fraude envolvendo a contagem de votos na capital de Alagoas, Maceió, apontada em vídeo postado no Twitter. A suposta artimanha "denunciada" pelo autor do conteúdo buscaria prejudicar o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). Para expor dados da eleição naquela capital, o vídeo mostra informações publicadas pelo sistema do jornal O Globo, que apresentou erros - o que já foi identificado pelo veículo. A totalização de votos é feita oficialmente pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cujo sistema manteve a integridade durante todo o processo eleitoral realizado no dia 2 de outubro.

Conteúdo investigadoVídeo que circula no Twitter mostra divergência dos percentuais de voto de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Bolsonaro nas zonas eleitorais de Maceió em relação ao resultado geral da eleição no município. Bolsonaro fica à frente em cada uma das cinco zonas, mas aparece em 2º lugar quando o autor seleciona a opção "todas as zonas eleitorais". O responsável sugere que essa diferença representa indício de fraude na eleição. A gravação tem como plano de fundo uma camisa da Seleção Brasileira de futebol.

Onde foi publicado: Twitter.

Conclusão do Comprova: Um erro no infográfico desenvolvido pelo jornal O Globo para divulgação dos resultados do primeiro turno da eleição presidencial provocou confusão na interpretação dos dados e foi usado como base de vídeo enganoso que insinua fraude no pleito em Maceió. No entanto, o problema no sistema do jornal não tem ligação com a totalização dos votos, de responsabilidade do TSE, ou seja, não há indício de fraude.

Saiba mais:
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No vídeo aqui verificado, o autor consulta o resultado da votação por zona eleitoral de Maceió no Mapa da Votação e constata que Bolsonaro teve percentuais maiores do que Lula nas cinco regiões. Contudo, quando seleciona a opção "todas as zonas eleitorais", que deveria mostrar o resultado geral no município, o sistema do jornal exibe o petista à frente, com 56,5% dos votos. Em seguida, está Bolsonaro, com 36,05%. Diante disso, o autor sugere que houve fraude a favor de Lula.

Por um erro no sistema, a opção "todas as zonas eleitorais" puxou os dados do resultado da votação em todo o estado de Alagoas, onde, de fato, Lula ficou à frente, com o percentual de 56,5%. Em nota, O Globo explicou o problema e informou que o erro ocorreu no sistema do próprio veículo, na distribuição de votos totais nas 63 cidades em que era possível consultar a votação por zona eleitoral. O site do TSE apresenta os dados corretos.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: Até o dia 10 de outubro, o tuíte obteve 13,9 mil visualizações, 342 curtidas e 216 compartilhamentos.

O que diz o autor da publicação: A conta responsável pela publicação no Twitter não permite envio de mensagem direta. O Comprova buscou perfil semelhante em outras redes, mas não obteve sucesso. No início do vídeo, o autor se identifica com um nome, mas não identificamos seu perfil nas redes sociais.

Como verificamos: Após ter acesso ao conteúdo investigado, a equipe fez buscas no Google, tendo como retorno uma publicação de O Globo, na qual o jornal reconhece a falha em seu mapa de apuração.

A busca também encontrou uma publicação da Justiça Eleitoral, que classificou a insinuação de fraude como "boato" e apontou a ocorrência de equívoco na divulgação feita pelo jornal.

Por fim, a equipe acessou os dados oficiais do TSE relativos ao resultado das eleições no estado de Alagoas e comparou com os números do conteúdo verificado.

Portal do TSE tem dados corretos sobre votação em Maceió

No vídeo aqui verificado, o autor filma a tela de um celular com dados da votação para presidente em Maceió, capital de Alagoas. O vídeo mostra a página do Mapa de Votação do jornal O Globo, informação confirmada pela identidade visual e pelo endereço "infograficos.oglobo.globo.com" na tela do aparelho. Além disso, O Globo publicou nota informando que seu sistema de divulgação de dados da votação do primeiro turno apresentou erro que corresponde ao conteúdo apresentado no vídeo.

Os dados do TSE mostram que, em Alagoas, Lula recebeu 974.156 votos, o que representa 56,5%. Já Bolsonaro teve 621.515 votos, 36,05%. Em Maceió, Bolsonaro recebeu o maior percentual de votos, 49,59%, ante 40,43% do petista.

No vídeo, o autor pesquisa no site de O Globo os percentuais de votos dos candidatos à Presidência em cada uma das zonas eleitorais de Maceió. O Comprova confrontou as informações mostradas na publicação com os dados divulgados pelo TSE e constatou que os percentuais das zonas estão corretos, com Bolsonaro à frente de Lula em todos os casos (apesar disso, o nome de Lula aparece primeiro no sistema do tribunal porque ele ficou à frente no resultado geral, considerando todo o estado de Alagoas):

Zona 0001:

Lula: 39,13% (34.346 votos)

Bolsonaro: 50,45% (44.285 votos)

Zona 0002:

Lula: 39,92% (51.420 votos)

Bolsonaro: 49,74% (64.064 votos)

Zona 003:

Lula: 41,57% (38.308 votos)

Bolsonaro: 48,95% (45.114 votos)

Zona 033:

Lula: 41,01% (30.249 votos)

Bolsonaro: 49,11% (36.226 votos)

Zona 054:

Lula: 40,75% (41.391 votos)

Bolsonaro: 49,58% (50.364 votos)

No entanto, por causa do erro no sistema de O Globo, quando o autor do vídeo pesquisa no site do jornal pelo resultado geral da votação em Maceió (na opção "todas as zonas eleitorais"), o portal apresenta Lula à frente. Isso ocorre, segundo O Globo, porque o sistema puxa o resultado do estado de Alagoas (Lula com 56,5% e Bolsonaro com 36,05%). De fato, os percentuais apresentados de forma errada no sistema, como se fossem de Maceió, correspondem ao resultado que os presidenciáveis tiveram no estado.

A inconsistência no sistema de O Globo não tem relação com a apuração e divulgação oficial dos dados, feitas pelo TSE, ou seja, o problema não é indício de fraude, como sugere o autor do vídeo. O tribunal divulgou corretamente o resultado da eleição em Maceió, conforme mostra a captura de tela abaixo:

| Portal do TSE mostra informações corretas sobre a votação para presidente em Maceió (AL)

Site do jornal O Globo também apresentou erro em outros estados

Apesar de o vídeo viral ter como foco o problema nos dados em Alagoas, o jornal informou que captou em seu mapa erro na agregação automática dos resultados feita por seu sistema nas 63 cidades para as quais estava disponível a opção de visualizar os dados por zonas eleitorais.

O jornal destacou que o percentual de votos de cada candidato em cada zona eleitoral está correto na apresentação numérica de dados e no mapa de cor. Entretanto, quando o usuário selecionava a opção "todas as zonas eleitorais", que deveria levar para o resultado geral no município, o sistema apresentava os percentuais do Estado em questão.

Na nota publicada, o Globo ressaltou que não há erro em dados captados da base de informações do TSE e que o problema em seu sistema não tem relação com a totalização de votos feita pelo tribunal. A consulta por zona eleitoral foi desativada pelo site até que o erro seja corrigido. O jornal não informou por quanto tempo o problema persistiu.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam na internet relacionados às eleições presidenciais de 2022, à pandemia e a políticas públicas do governo federal. O conteúdo aqui investigado sugere falsamente a existência de fraude eleitoral, reforçando a ideia de insegurança nas urnas eletrônicas e no sistema eleitoral brasileiro. A totalização de votos no Brasil é feita exclusivamente pelo TSE.

Outras checagens sobre o tema: Sobre insinuações de fraude eleitoral, recentemente, o Comprova também investigou que post inventou dados para insinuar fraude eleitoral a favor de Lula, que o Exército não interferiu na apuração de votos e que não há comprovação de que urna tenha impedido voto em Bolsonaro no Pará.

Investigação e verificação

O Popular, Correio e Estadão participaram desta investigação e a sua verificação, pelo processo de crosscheck, foi realizada pelos veículos Metrópoles, CNN, Plural, Correio do Estado, Rádio Band News, O Dia, AFP, Piauí, Grupo Sinos, A Gazeta, Folha, Imirante.Com, SBT e SBT News.

Projeto Comprova

Esta reportagem foi elaborada por jornalistas do Projeto Comprova, grupo formado por 42 veículos de imprensa brasileiros, para combater a desinformação. Iniciado em 2018, o Comprova monitorou e desmentiu boatos e rumores relacionados à eleição presidencial. Agora, na quinta fase, o Comprova segue verificando conteúdos suspeitos sobre políticas públicas do governo federal e eleições, além de continuar investigando boatos sobre a pandemia de covid-19. O SBT e SBT News fazem parte dessa aliança.

Desconfiou da informação recebida? Envie sua denúncia, dúvida ou boato pelo WhatsApp 11 97045 4984.

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