Após 5 meses de conflito, Rússia e Ucrânia travam guerra na internet
Memes, vídeos e postagens nas redes sociais mobilizam a opinião pública
Não é de hoje que propaganda e guerra andam de mãos dadas. Foi assim na guerra do Vietnã. Há quase dez anos, o estado islâmico entendeu o poder das redes sociais e criou um batalhão digital, que era usado pra recrutar jovens no mundo todo. Recurso também muito usado pelos organizadores da primavera árabe, mas a guerra digital nunca foi tão intensa quanto agora.
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Nos meios tradicionais, jornais e TVs russos, que não dizem o que o governo quer, foram fechados. Críticos passaram a ser taxados como antipatriotas, intimidados ou até mesmo presos. E nas profundezas da internet, o Kremlin tem armas para atingir alvos com alta precisão, detalhe que chamou a atenção do analista de inteligência internacional da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Leonardo Paz.
"Você consegue detectar se esse soldado ucraniano usa o Facebook, Instagram numa determinada região, já consegue geolocalizar o cara e direcionar mensagens para aquele público, de maneira que você consegue tentar mexer com a cabeça das pessoas", diz.
Do outro lado, a luta é não apenas para desconstruir a imagem de Putin, mas também para pressionar os aliados por mais armas.
Russos e ucranianos estavam na mesma união soviética e tiveram uma escola de propaganda muito parecida. Posts usados há mais de meio século, com referências ao inimigo nazista começaram nessa época, quando havia um regime nazista de fato. Esse material, que hoje é vendido como souvenir, ainda tem certo apelo com as gerações mais antigas, mas os dois lados entenderam que era preciso mais para se comunicar com um outro público.
Mensagens rápidas, sarcásticas e simples, que façam de um, o herói, e do outro, o vilão. Uma novela que torna realidades complexas em algo fácil de digerir, essa é também a guerra dos memes, que os ucranianos usam tanto para atacar os russos, quanto para pressionar os aliados a enviar mais ajuda.
Não é diferente do outro lado. Junto a isso tudo, as cenas difundidas por soldados russos ou ucranianos, e as muitas armas usadas para ridicularizar o inimigo. Os likes, a interação e audiência não vão definir o que se passa no campo de batalha, mas tem uma influência inegável na opinião pública, um dos pilares mais importantes para qualquer país envolvido em uma guerra.