Filósofo Roberto Romano morre vítima da covid-19 aos 75 anos
Professor aposentando da Unicamp, ele deixa a mulher, dois enteados e duas netas
O filósofo e professor aposentado do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH/Unicamp) Roberto Romano da Silva morreu nesta 5ª feira (22.jul), aos 75 anos, vítima da covid-19. Nome respeitado no meio acadêmico, ele estava internado desde 14 de junho no Instituto do Coração (InCor), do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP).
Roberto era natural de Jaguapitã, no Paraná. Na adolescência, se mudou para Marília, em São Paulo, e começou a atuar na Juventude Estudantil Católica, além de como monitor de um curso do método Paulo Freire da Faculdade de Filosofia do município. Posteriormente, entrou para a Ordem Dominicana, iniciou os estudos no Instituto de Filosofia e Teologia de São Paulo e, em 1969, passou no vestibular de filosofia na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP.
No regime militar que sucedeu o golpe de 1964, ele chegou a ser torturado e preso. Em 1973, de volta à liberdade, conseguiu se graduar em filosofia. Depois, fez mestrado e doutorado na Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais (EHESS), na França, e, em 1985, ingressou na Unicamp como pesquisador. Ele conseguiu ser aprovado em um concurso de livre-docência em 1995.
Roberto Romano foi ainda autor de diversos livros, como Igreja contra Estado (1979) e Conservadorismo romântico: Origem do totalitarismo (2001). Ele deixa a esposa, socióloga Maria Sylvia Franco -- com quem estava casado há 50 anos --, dois enteados e duas netas. Em nota, o reitor da Unicamp, Tom Zé, disse que a "universidade lamenta profundamente o falecimento". "Sempre se caracterizou pela defesa do ensino público e das nossas instituições de fomento à ciência e tecnologia", acrescentou.
Entre as pessoas que se pronunciaram sobre a morte, está também o ex-deputado federal e vereador do Rio Chico Alencar (PSOL). "Estudioso da alma humana, crítico desse governo das trevas, a Covid o levou, aos 75. Roberto deixa um rastro de luz", escreveu no Twitter. Roberto Romano criticava a atuação do Governo Federal na pandemia.
Mais uma perda nesse tempo em que tudo demora em ser tão ruim: meu amigo de juventude, ele então frade dominicano, ROBERTO ROMANO, professor de ética da Unicamp. Estudioso da alma humana, crítico desse governo das trevas, a Covid o levou, aos 75. Roberto deixa um rastro de luz. pic.twitter.com/CoVzJch1kD
? Chico Alencar (@chico_psol) July 22, 2021