Presos envolvidos em esquema imobiliário com milicianos na Muzema

Uma operação do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu nesta terça-feira (16) catorze pessoas acusadas de envolvimento na construção e na venda de apartamentos em áreas dominadas por milicianos.

O empresário Leonardo Igrejas Esteves Borges, de 40 anos, foi preso em casa, em um condomínio de luxo de frente para o mar, localizado na Barra da Tijuca. Leonardo é apontado como um dos principais investidores do esquema imobiliário ilegal criado por milicianos. 

Em outro bairro, na zona oeste, a polícia prendeu Bruno Cancella, de 28 anos. De acordo com o Ministério Público, ele movimentou vinte e cinco milhões de reais em quatro anos com a venda de imóveis irregulares nas localidades da Muzema, Rio das Pedras, Itanhangá, e nos bairros Anil e Gardênia Azul - todas na zona oeste do Rio de Janeiro. 

A mulher de Bruno, Letícia Cancella, que é funcionária da Secretaria Municipal de Fazenda, também é investigada. De acordo com os promotores, ela fornecia laudos de segurança construtiva e acessava dados cadastrais dos imóveis para a quadrilha. 

Outro integrante do grupo é Renato Siqueira, que foi preso na semana passada. Ele atuou como corretor de apartamentos dos dois prédios que desabaram na região da Muzema, em abril. Vinte e quatro pessoas morreram na tragédia. Na época, dois suspeitos foram presos. 

Escutas telefônicas que estão no inquérito mostram que os acusados mantinham contatos com outros agentes públicos para regularizar os imóveis, e usavam uma estratégia quando havia qualquer ameaça de interromper as construções: facilitavam a venda dos imóveis, e as unidades já ocupadas atrasavam as ações judiciais. 

Ainda segundo o Ministério Público, o esquema destruiu sete mil metros quadrados de área protegida da Floresta da Tijuca. A operação foi apenas um passo para tentar frear a ação criminosa dos milicianos.