Em meio à processo de anexação, ataque russo deixa 23 mortos na Ucrânia
Referendos são considerados ilegais e serão votados no Conselho de Segurança da ONU
Ao menos 23 pessoas morreram e 28 ficaram feridas depois que soldados russos bombardearam um posto de controle na cidade ucraniana de Zaporizhzhia, nesta manhã (30.set). Segundo informado pelo governador Oleksandr Starukh, o alvo do ataque foi um comboio humanitário que seguia em direção ao território, ocupado por tropas russas.
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"Essas pessoas foram para resgatar seus parentes nos territórios ocupados e levavam ajuda humanitária. Tivemos que pegar nossos cidadãos e levá-los para a parte livre da Ucrânia. Os invasores atacaram ucranianos indefesos. Este é outro ataque terrorista de um país terrorista", disse Starukh, acrescentando que decretou luto oficial no dia 1º de outubro.
A ação acontece no dia em que o presidente russo, Vladimir Putin, pretende assinar os documentos formais de anexação de quatro cidades ucranianas, incluindo Zaporizhzhia. Para isso, Moscou reconheceu, na noite de 5ª feira (29.set), a região como independente, assim como o município de Kherson e as regiões separatistas de Donetsk e Luhansk.
Apesar dos referendos chegarem a quase 100% de aprovação, a anexação é considerada ilegal pela comunidade internacional, que já afirmou que não reconhecerá as cidades como partes da Rússia. Para reafirmar a decisão, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) deve se reunir hoje para votar uma resolução condenando a ação.
"Neste momento de perigo, devo enfatizar meu dever como secretário-geral de defender a Carta das Nações Unidas", disse António Guterres. "A Carta é clara. Qualquer anexação do território de um Estado por outro Estado resultante da ameaça ou uso da força é uma violação dos Princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional", acrescentou.
O chefe da ONU ressaltou que qualquer decisão de Moscou de prosseguir com a anexação das cidades ucranianas não terá valor legal, além de ser uma escalada perigosa. Isso porque, com a junção, a Rússia terá 15% do território ucraniano, aumentando o poder de Moscou na batalha. Líderes também acreditam que moradores podem ser convocados para lutar na ofensiva.
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"Qualquer decisão da Rússia de avançar comprometerá ainda mais as perspectivas de paz. Isso prolongará os impactos dramáticos na economia global e dificultará nossa capacidade de fornecer ajuda para salvar vidas em toda a Ucrânia. É hora de se afastar da beira do abismo. Agora, mais do que nunca, devemos trabalhar juntos para acabar com essa guerra devastadora e sem sentido e defender o direito internacional", finalizou Guterres.