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Desfecho para guerra na Ucrânia pode estar longe, avalia especialista

Próximos caminhos para Rússia se resumem em novas negociações ou expansão generalizada do conflito

Desfecho para guerra na Ucrânia pode estar longe, avalia especialista
Negociações de cessar-fogo entre os países estão congeladas desde meados de março | Reprodução
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Pouco tempo após a Rússia diminuir o número de ataques à Ucrânia, as forças militares voltaram a intensificar os combates, mirando, sobretudo, áreas residenciais no leste do país. Tais ações são consideradas como crimes de guerra pela comunidade internacional e já estão sendo investigadas por membros da Anistia Internacional, União Europeia (UE) e do Tribunal Penal Internacional. Os assíduos conflitos, no entanto, ainda estão longe de um desfecho quando o assunto se volta para as negociações entre os países.

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Segundo análise de Angelo Segrillo, professor e especialista em história da Rússia e União Soviética, a Ucrânia é um interesse estratégico por parte de Moscou, enquanto a luta para o governo ucraniano baseia-se em uma guerra existencial, cujo objetivo é garantir a soberania e sobrevivência do país. Além disso, o apoio de nações ocidentais contribui significativamente para a duração do conflito, seja por meio do envio de suprimentos e armamentos ao exército ucraniano ou pela implementação de sanções contra o Kremlin.

"As sanções vêm mostrando grande impacto. Isso porque a economia da Rússia está sendo isolada pelas nações ocidentais mais avançadas, o que, a curto prazo, foi adaptado pela formação de uma economia de guerra, intervenção do Estado e confisco cambial. Situação essa que pode levar Moscou a problemas sérios a longo prazo", diz Segrillo. Para ele, é difícil prever o tempo de duração da guerra, mas o cenário atual aponta para um conflito militar de desgaste com mais tempo, que será sentido por todas as partes: Ucrânia, Rússia e Ocidente. 

Contudo, as consequências da ofensiva já estão causando um impacto global, principalmente na oferta e no preço de commodities importantes. Com as exportações ucranianas bloqueadas pela Rússia no Mar Negro, países africanos, por exemplo, estão enfrentando o início da escassez de alimentos, intensificando o nível de insegurança alimentar local. De acordo com levantamentos da Organização das Nações Unidas (ONU), o valor cobrado pelo trigo cresceu 56,2% em apenas um ano.

Tal situação vem sendo alvo constante de críticas por líderes da comunidade internacional. O último a se pronunciar sobre o assunto foi o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, que responsabilizou Moscou pela atual crise alimentar mundial. Durante declaração na 5ª feira (30.jun), o diplomata reforçou que somente o fim da guerra na Ucrânia pode impedir o aumento da fome entre as populações, mas insistiu que a decisão está nas mãos do presidente russo, Vladimir Putin.

Neste contexto, Segrillo afirma que enxerga dois caminhos que podem ser seguidos pelo Kremlin. O primeiro seria a volta das negociações de cessar-fogo com o governo ucraniano -- congeladas desde março --, fazendo com que a Rússia volte pouco a pouco ao jogo internacional. "Isso pode levar a um acordo que não vai ser 100% para todo mundo, mas necessário", avalia o professor. A outra alternativa, por sua vez, seria um acirramento das contradições entre Moscou e o Ocidente, resultando em uma guerra mais generalizada e acelerando o isolamento do país.

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No caso da segunda opção, Segrillo reforça que o papel da China seria fundamental, uma vez que o país tem interesse em manter relações com a Rússia por questões geopolíticas. O cenário, no entanto, é contraditório, já que o mercado chinês se tornou a segunda maior economia do mundo porque manteve relações estratégicas importantes com as nações ocidentais. Por isso, até o momento, a China aderiu uma posição neutra em relação à guerra, dizendo apenas que está do "lado certo" do conflito.

Armas nucleares

Além da expansão do conflito militar na Ucrânia, os governos mundiais estão preocupados com a possível utilização de armas nucleares por parte do exército russo. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, subiu o tom nas afirmações e declarou que, claramente, a Rússia está considerando o uso de armas químicas e biológicas no território ucraniano. A declaração ocorreu com a intensificação das grandes sanções econômicas aplicadas contra Moscou, que já englobam mais de US$ 300 bilhões em ativos bloqueados.

Nesta semana, Putin disse estar aberto para o diálogo sobre a não proliferação de armas nucleares. Em discurso na cidade de São Petersburgo, o chefe de Estado assegurou que o Kremlin quer garantir "a estabilidade estratégica" e mantém aberta a conversa para "preservar os regimes de não proliferação de armas de destruição em massa e melhorar a situação no campo do controle de armas". Apesar de ambos os presidentes defenderem a questão, ainda não houve contato direto entre os líderes.

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