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Orçamento das 69 universidades federais cai em 10 anos

Valores de recursos destinados para manutenção das unidades acadêmicas voltou aos patamares de 2013

Orçamento das 69 universidades federais cai em 10 anos
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O Instituto Sou Ciência divulgou na manhã desta 3ª feira (21.nov) o Painel Financiamento da Ciência e Tecnologia, que aponta, de forma inédita, informações sobre o financiamento referente aos orçamentos das 69 universidades federais em todo Brasil. O dado é preocupante, as instituições acadêmicas voltaram a receber valores inferiores aos que recebiam em 2013.

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O Painel Financiamento da Ciência e Tecnologia tem o objetivo de apresentar dados de fácil compreensão sobre o financiamento do universo acadêmico e científico brasileiro. Os dados foram atualizados em valores corrigidos pela inflação.

No ano de 2022, o governo federal aportou R$ 53,2 bilhões, representando o valor semelhante, que foi investido há quase 10 anos, cujo valor em 2013 foi de R$ 54,9 bilhões. 

Os dados foram elaborados em série histórica de 2000 a 2022 pelo instituto, com valores atualizados em janeiro deste ano. 

As informações foram extraídas do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (SIOP), do Ministério do Planejamento. Além disso, o Painel mostra também como os recursos foram investidos em quatro áreas: despesas de manutenção e funcionamento; investimento em infraestrutura e material permanente; pagamentos de pessoal; e assistência ao estudante.

"Os números e gráficos do Painel explicam o que tem se observado nas universidades federais nos últimos anos: um processo de precarização das condições materiais e de trabalho, da oferta dos cursos de graduação e pós-graduação, e das atividades de pesquisa e de produção de conhecimento em ciência e tecnologia", afirma Maria Angélica Minhoto, professora do Departamento de Educação da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenadora do Painel.

Queda em série começa em 2018

Até o final do governo Dilma-Temer, em 2018, haviam 68 universidades federais instaladas, o governo Bolsonaro criou uma, a Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), ao desmembrar a Universidade Federal de Tocantins (UFT).

Os orçamentos das universidades federais tiveram redução durante todo o período governado por Jair Bolsonaro (PL), com perda de 14%, passando de R$ 8,7 bilhões: passando de R$ 61,1 bilhões em 2019, para R$ 52,4 bi em 2022.

No item "investimentos", que envolve obras, equipamentos e material permanente, como materiais utilizados para atividades de pesquisa, o valor despendido em 2022 foi de R$ 188,7 milhões, o mais baixo da série histórica.

"Até então, o menor aporte ocorrera em 2002, com R$ 196,8 milhões", informa a professora Soraya Smaili, coordenadora do Sou Ciência e ex-reitora da Unifesp.

A acadêmica estima que em 2022 o investimento médio de cada universidade foi de R$ 2,7 milhões -- valor suficiente para construir apenas 32 salas de aula em todo o país.

Era FHC x Era Bolsonaro

No período do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), entre 2000 a 2002, as então 49 universidades existentes receberam na época investimentos de R$ 817 milhões. 

Se comparado com o governo Bolsonaro (PL), com as 69 universidades existentes, o valor fica abaixo, com aporte de R$ 756 milhões.

O pico de investimentos nas instituições foi em 2014, quando o governo federal aportou R$ 1,5 bilhão. 

O levantamento também constatou que em maio deste ano foram apontadas no Ministério da Educação 364 obras paralisadas nas universidades e institutos federais.

Despesas de água, luz e internet

As despesas correntes, que ajudam a manter a operação das universidades, cobrindo gastos de água, luz, internet, insumos de papelaria, limpeza e transporte,  também teve queda.

Durante os quatro anos do governo Bolsonaro, foi registrado uma queda de 25% nessas despesas, passando de R$ 8,2 bilhões, em 2019, para R$ 6,1 bilhões, em 2022 -- valor chega próximo ao que foi investido em 2010, quando foi aportado R$ 6,7 bi. O pico em despesas correntes foi no ano de 2013, quando alcançou R$ 9,6 bilhões.

Queda na assistência estudantil e no quadro docente

Entre 2019 e 2022, as despesas com assistência também caíram 23%, despencando de R$ 1,1 bilhão, para R$ 845 milhões, queda mais acentuada desde 2013, quando os valores dispensados foram de R$ 902 milhões. Soraya também aponta que o governo anterior não houve contratações para reposição de aposentadorias, demissões e mortes, provocando a redução nos quadros docente e técnico das universidades pelo país.

"Retirar dinheiro dos programas de assistência estudantil significa reforçar a exclusão de jovens pobres", lamenta a pesquisadora do Sou Ciência.

Em relação aos professores e técnicos das instituições acadêmicas, os pagamentos de salários obtiveram crescimento entre 2000 e 2017. No entanto, de 2018 em diante, os funcionários tiveram redução nos aportes salariais de 12,7% -- passando de R$ 52,8 bilhões em 2019, para R$ 46 bilhões em 2022, voltando aos valores de 2014.


 

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