Aliados focam em agenda econômica para Bolsonaro evitar assunto urnas
Flávio Bolsonaro diz que fala do pai sobre democracia não teve influência de assessores ou aliados
O trajeto de pouco mais de 5 minutos que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez na tarde desta 4ª feira (27.jul) entre o Palácio do Planalto e a Câmara dos Deputados serviu como uma espécie de teste para saber quanto tempo o presidente ficará sem tratar sobre as urnas eletrônicas e o processo eleitoral.
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Jornalistas que acompanharam a caminhada indagaram Bolsonaro sobre o manifesto preparado por empresários, juristas e banqueiros com a defesa da democracia e também sobre as declarações do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, que afirmou que o país não pode aceitar o negacionismo eleitoral.
Bolsonaro chegou a responder que o manifesto é resultado do descontentamento dos banqueiros com o Pix, mesmo argumento do chefe da Casa Civil, ministro Ciro Nogueira. Logo depois disso, o presidente foi questionado se vai passar a faixa, caso não seja reeleito em outubro. Foi quando Ciro Nogueira e o ministro das Comunicações, Fábio Faria, disseram para Bolsonaro falar sobre inflação e ações econômicas do governo.
O chefe do Executivo chegou a sugerir a Ciro Nogueira que interrompessem o trajeto para seguir de carro até o Congresso, o que foi rechaçado pelo ministro, já que eles estavam cercados pelos jornalistas e seguranças.
Ao ingressar na sede do Legislativo pela lateral - onde fica a entrada do Senado -, Bolsonaro ficou sem o assédio dos repórteres e seguiu para a Convenção do PP, que ocorreu no Anexo III da Câmara dos Deputados. Diante de aliados, fez um discurso bem diferente do usado com embaixadores estrangeiros há 9 dias, quando colocou em xeque a segurança das urnas eletrônicas diante da comunidade internacional.
"Vivemos num país democrático, defendemos a democracia, não precisamos de nenhuma cartinha para dizer que defendemos a democracia. Nosso caminho é a democracia, a liberdade, respeito à Constituição" disse Bolsonaro nesta 4ª.
Após a convenção, o filho do presidente, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), negou que a mudança de postura do pai seja resultado da influência da coordenação da campanha à reeleição, do marqueteiro Duda Lima ou de assessores do presidente. Segundo Flávio, todos já sabem que Bolsonaro não aceita que digam ou que mandem ele falar ou fazer qualquer coisa. O senador diz que o pai segue a intuição política e que, se houve outro tom no discurso, é porque o presidente chegou à conclusão de que era o momento de ajustar as declarações sobre as urnas e o sistema de votação.
"Se ele está expressando alguma coisa, isso não tem influência de ninguém. É coisa que ele chegou à conclusão e ele tem o poder de convencimento" afirmou o filho do presidente na saída da Câmara dos Deputados.
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