Prefeito diz que recusou pedido de propina de R$ 40 mil feito por pastor
José Manoel de Souza (PP) fala que Arilton Moura condicionou liberação de recurso do MEC à quantia
O prefeito de Boa Esperança do Sul (SP), José Manoel de Souza (PP), disse nesta 6ª feira (25.mar), em entrevista ao SBT, que recusou um pedido de propina de R$ 40 mil de um dos pastores suspeitos de intermediar verbas do Ministério da Educação (MC) para os municípios.
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Denúncias de prefeitos sobre subornos que pastores pediam para facilitar liberação de verbas do MEC começaram a surgir na esteira da divulgação de um áudio do ministro Milton Ribeiro, em reunião com prefeitos, dizendo que repassa recursos a municípios apontados por pastores. Na gravação, Ribeiro afirmou ainda que atende o pleito dos pastores a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com o chefe do Executivo de Boa Esperança do Sul, em encontro com o pastor Arilton Moura em um restaurante, em março de 2021, após questionar a liderança religiosa sobre como seriam liberadas verbas para o município, Arilton lhe disse que não era possível ajudar todas as cidades, tendo em vista o tamanho do Brasil, mas que poderia lhe ajudar liberando uma escola de curso profissionalizante se, em contrapartida, José Manoel de Souza depositasse naquele momento R$ 40 mil na conta da igreja evangélica. "Eu me espantei, fiquei perplexo, assustado, levantei, bati nas costas dele e disse: pastor, muito obrigado, para mim dessa forma não serve", relata o prefeito.
Foi após participar de uma reunião no MEC que José recebeu o convite para ir ao restaurante, onde estariam não só Arilton, mas também o pastor Gilmar Santos. A pessoa que lhe convidou, cujo nome diz não se recordar, afirmou que ambos os líderes religiosos "falariam um pouco sobre as demandas e as liberações para o município".
O convite e o pedido, afirma o prefeito, ocorreram na segunda viagem que fez a Brasília após o início do mandato; ele foi eleito em 2020. Na primeira, em janeiro de 2021, foi ao MEC para falar sobre demandas em aberto, mas ninguém lhe pediu propina. Depois do encontro no restaurante também, Arilton não voltou a fazê-lo.
Segundo José, o pastor parecia uma pessoa "muito ligada" ao MEC. Na reunião na pasta em janeiro, pensou que ele fosse "um prefeito, porque ele estava sentado na roda, era uma mesa redonda, e ele estava sentado ao lado de todos os prefeitos, normal, tanto ele como o Gilmar".
Já na reunião de março, acrescenta, "ele estava mais à frente, ao lado da mesa que compunha a equipe do ministro Milton Ribeiro". "Eu achei que ele fizesse parte do governo." José fala ter ficado "muito assustado" com a repercussão do caso. Em suas palavras, "é uma sensação horrível você ver que em plena pandemia, mesmo que não fosse pandemia, é uma corrupção escancarada".
Principalmente na viagem em que houve o pedido de propina, relembra, o ministro Milton Ribeiro "bateu muito na tecla anticorrupção, que era um governo honesto, que era o governo que mais ajudava os municípios, que ele tava lá para apoiar, que era um governo voltado a olhar cada município, entender os problemas, ele falou inúmeras vezes 'anticorrupção'."
Assista à entrevista completa: