Energia: irresponsabilidade do governo intensifica crise, diz economista
César Bergo explica que falta de planejamento do Estado pode impactar ainda mais no bolso do cidadão
O Brasil enfrenta a maior crise hídrica das últimas nove décadas. Um cenário de melhora, infelizmente, ainda não é paupável. Isso porque, além da escassez de chuvas, há falta de planejamento do governo, segundo o economista César Bergo.
Em entrevista ao Agenda do Poder desta 2ª feira (25.out), o especialista apontou que o Estado não tem investido adequadamente para que as questões energéticas sejam solucionadas. O resultado pode ser sentido pela população, que já sente os impactos na renda e, consequentemente, na qualidade de vida.
"Este ano foi severo. O custo da energia subiu absurdamente, as famílias estão desempregadas, sem renda e há ainda o fator de encarecer a energia. O político vai pagar por isso sim, porque as pessoas vão ter um mal-estar, a qualidade de vida vai cair, e o bolso também vai doer", diz.
Os efeitos da crise hídrica serão destaque nos debates eleitorais de 2022, segundo especialistas. Os reservatórios das usinas do sudeste e centro-oeste, responsáveis pela geração de 70% da energia consumidada no país, hoje estão 17,79% abaixo de suas capacidades, podendo chegar a 10% em novembro.
"A vida não tem preço, se o cidadão precisa, o Estado tem que ajudar. Do ponto de vista do planejamento de fato, esse governo tem falhado muito, até porque o ministério do Planejamento deixou de existir", destaca.
"Obviamente a economia trabalha a questão de recursos escassos, mas chega um momento em que o planejamento é fundamental, e obviamente o que vai acontecer é que vai ter um preço a se pagar por isso, por essa irresponsabilidade", acrescenta Bergo.
Além disso, segundo o economista, o teto de gastos é uma referência importante, não só para o país, mas internacionalmente, para que investidores estrangeiros tenham uma boa visão sobre o Brasil. A queda da bolsa e a alta do dólar, por exemplo, foram influenciadas pelas declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o governo poderia pedir uma "licença" para gastar e estourar o teto de gastos.
"Nós somos muito dependentes do capital financeiro para investimento. Tudo isso, somado, acaba resultando em inflação, juros altos, desemprego e queda de renda", completa Bergo.
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