"Interlocução com o Congresso", diz Bolsonaro sobre indicação de Nogueira
Presidente minimizou declarações feitas pelo senador no passado
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta 5ª feira (22.jul) que a indicação do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil tem o objetivo de melhorar a interlocução do Governo Federal com o Congresso, "nada mais além disso". A declaração foi feita na tradicional transmissão ao vivo do presidente pela internet.
"Acreditamos que uma melhor interlocução com o parlamento seria um senador", afirmou Bolsonaro. Na sequência, em tom crítico à imprensa, pontuou: "E quando alguns falam em Centrão, de forma pejorativa, o que geralmente a midia quer é afastar políticos do centro, mais ao centro de mim. São aproximadamente 200 parlamentares, se eu abro mão desses 200, sobram 300, daí não tem mais quórum para votar PEC [Proposta de Emenda à Constituição]".
Bolsonaro acrescentou que conhece Ciro Nogueira, por já ter sido inclusive do mesmo partido que ele, e minimizou o fato de o parlamentar tê-lo chamado de fascista e defendido o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no passado; segundo o chefe do Executivo federal, "as posições mudam" e as falas de Ciro são "coisa passada".
O presidente disse também que o Progressistas (PP) pode ser sua futura sigla caso venha a se apresentar como candidato em eleições, pois não tem "partido ainda". Em outro momento da live, ele voltou a criticar o ex-presidente Lula e chegou a acusá-lo de querer "roubar a nossa liberdade". Nas palavras de Bolsonaro, ao falar sobre os protestos em Cuba, o petista teria demonstrado que "continua apoiando o regime cubano". "Para ele aquilo está uma maravilha", completou.
Ainda de acordo com o presidente, as manifestações em Cuba foram por liberdade, remédios, alimentos e energia elétrica, e o antigo Programa Mais Médicos -- que extingiu em 2019 -- obrigava a extradição ou repatriação de médicos cubanos que pedisse asilo no Brasil.
Já no final da live, ao ser questionado por um apoiador sobre se o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, teria ameaçado as eleições, o presidente foi breve: "A resposta está na nota dele".
Preço da CoronaVac
Outro assunto que o chefe do Executivo retomou foi o preço da CoronaVac. Segundo ele, o laboratório chinês Sinovac ofertou a vacina ao Ministério da Saúde pela metade do preço cobrado pelo Instituto Butantan por dose (US$ 10,00, ou R$ 52,00). "Não estou levantando suspeita sobre o Butantan, sobre os seus servidores, nada. Mas é uma notícia curiosa. Agora, aumenta a curiosidade quando eu perguntei para o ministro da Saúde [Marcelo Queiroga] qual é a planilha de preços do Butantan. Ele falou "presidente, nunca deram para nós, sempre negaram nos apresentar a planilha de preços", disse.
Bolsonaro afirmou que, diante disso, o governo enviará ofício à Controladoria-Geral da União (CGU), ao próprio centro de pesquisas, ao Ministério da Justiça e ao Tribunal de Contas da União (TCU). "A gente espera que o Butantan, não quero entrar em detalhe, explique", concluiu.
Aprovação de aumento do fundo eleitoral
Sobre a aprovação no Congresso do aumento do fundo eleitoral, por meio da Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022, o presidente classificou como "mentira" que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e parlamentares bolsonaristas votaram a favor da quania maior para o financiamento de campanhas.
Segundo ele, na realidade, eles votaram na LDO, e "houve um destaque [sobre o fundão] para votar em separado um dos itens, daquele um quilo do Projeto de Lei, e o presidente da Câmara em exercício atropelou, atropelou, não foi votado".
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