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Políticos do PL, de Bolsonaro, são suspeitos de liderar protestos

Relatórios enviados ao STF têm nomes do partido nos atos antidemocráticos; PTB, PP e PRTB também estão na lista

Políticos do PL, de Bolsonaro, são suspeitos de liderar protestos
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Políticos e um dirigente do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, estão na lista de suspeitos de liderarem e incentivarem os atos antidemocráticos pelo país, desde a vitória do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 30 - segundo turno das Eleições 2022. Manifestantes fecharam rodovias e vias próximas de prédios das Forças Armadas, onde permanecem acampados em alguns locais, para contestar o resultado das urnas, pedir intervenção militar e o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF). 

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Relatórios de inteligência e de informação policial dos estados enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF), por decisão do ministro Alexandre de Moraes, listam veículos e pessoas autuados e suspeitos. Os documentos são reunidos em processo, em que se busca identificar lideranças e patrocinadores dos atos antidemocráticos, para responsabilização penal e cível. 

Conforme revelou o SBT News, os primeiros relatórios enviados ao Supremo mostraram que entre os fichados por organizar, financiar e incentivar os protestos estão políticos, candidatos, empresários, em especial do setor do agronegócio e dos transportes, policiais, pastores e donos de clubes de tiro e comerciantes de armas.

Na lista de políticos e candidatos, os documentos citam membros do PL como lideranças ou pessoas que atuaram ativamente para organizar, divulgar e financiar os protestos. Há ainda políticos do PP, do PRTB, do PTB, do Republicanos, do União Brasil, do PSC e do PSD - aliados de Bolsonaro durante o governo. Procurado pela reportagem, o PL informou que não ia se manifestar.

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Documento reservado do MT: organização | Reprodução

Os relatórios registram que os atos contestam a vitória de Lula nas urnas e que se tratam de manifestações pró-Bolsonaro. Moraes determinou, logo após os primeiros protestos, que todos os estados deveriam encaminhar relatórios identificando lideranças dos protestos. Em despacho da última semana, o ministro deu 48 horas para que a PRF e as polícias nos estados encaminhassem os dados dos alvos e das ações de repressão adotadas.

No dia 12, Moraes determinou o bloqueio de contas de 43 empresas e pessoas suspeitas de financiar os atos antidemocráticos, em especial, o montado em frente ao quartel do Exército, em Brasília.

Identificar e responsabilizar

Os levantamentos das polícias são preliminares.  As listas serão unificadas para aprofundamento das apurações no STF. Nos estados, o Ministério Público e a Polícia Civil têm aberto apurações próprias que buscam identificar e responsabilizar as lideranças que organizaram e financiaram os protestos.

A reportagem do SBT News selecionou os nomes destacados nos documentos enviados ao STF ligados ao partido de Bolsonaro. Entre os políticos (com mandato ou não e candidatos) estão pelo menos sete nomes do PL em quatro estados: Alagoas, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Pará e Tocantins.  

Goiás: dirigente do PL

Relatórios da Polícia Civil e do Ministério Público, em Goiás, identificaram um dirigente do PL - partido de Bolsonaro - entre os suspeitos de serem liderança do protesto que bloqueou a rodovia GO-080, na cidade de Goianésia (GO), impedindo o tráfego para Jaraguá (GO).

Rafael Luiz Ottoni Peixoto, presidente da Comissão Provisória Municipal do PL em Goianésia, está fichado nos relatórios como suspeito de liderar o protesto, junto com Jamil El Hosni - que foi candidato a vereador pelo PSL em 2020. A reportagem não conseguiu contato com os citados. 

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Relatório de Goiás identifica dirigente do PL | Reprodução

O MP pediu na Justiça que os citados fossem responsabilizados com base no relatório da Polícia Civil. A juíza Ana Paula de Lima Castro acolheu o pedido do MP e determinou que o estado enviasse a tropa de choque da PM para desmontar o bloqueio. 

Segundo os relatórios, os alvos "lideram movimento de obstrução da GO-080, na altura da saída de Goianésia para Jaraguá, próximo ao Clube Campestre, desde a manhã do dia 1 sob argumento de que manifestam apoio ao candidato derrotado no pleito presidencial". "A organização estaria sendo liderada por Jamil El Hosni e Rafael Luiz Otoni Peixoto, presidente da Comissão Provisória Municipal do PL." 

Em Goiás, também são identificados outros políticos, como Leonardo Rodrigues de Jesus Soares, ex-vereador pelo PSDB em São Miguel do Araguaia e Sandro Lopes (PRTB), candidato a prefeito de São Miguel do Araguai, em 2020. Foi identificado também o ex-deputado Victor Priori, que foi do PSDB. Empresário do agronegócio, ele foi acusado pelo Ministério Público por fechar suas empresas e colocar seus funcionários nos atos.

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Relatório da PF, candidata do PL | Reprodução

Espírito Santo: candidato a deputada

Em Espírito Santo, os setores de inteligência da Polícia Civili e da Polícia Federal listaram algumas lideranças nos protestos pelo estado. Uma delas, a candidata a deputada estadual pelo PL Ticiani Rossi, que é professora em Guarapari (ES). 

Ticiani concorreu a uma vaga na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, mas não foi eleita. No documento da PF, consta que ela teria participado do protesto BR-101, na altura de Guarapari. Com ajuda de PM que atuava no local, no controle e segurança das ações no local, eles identificaram "algumas lideranças do movimento". 

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PF registrou candidato do PL no protesto | Reprodução

"Uma senhora de camisa Branca calça preta e óculos: foi verificado ainda que na parte de traz da camiseta da senhora havia a inscrição TICIANI. Mostrou ser uma das lideranças com acesso irrestrito a barraca da coordenação do movimento onde existia um ponto de apoio." 

Nos relatórios enviados pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) do Espírito Santo, a candidata do PL também foi identificada e destaca como uma das suspeitas de liderar o protesto.  

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Relatório da Draco: políticos listados | Reprodução

"Vale ressaltar, que constatamos também a participação de pessoas que foram candidatas a cargos eletivos nas diversas esferas (municipal, federal, e estadual), mas, não possuímos ainda elementos suficientes para afirmar que essas pessoas são lideranças do movimento."

Outro político que aparece identificado nos documentos reservados da PF e da Draco é o candidato ao governo do estado pelo PRTB, Claudio Paiva, aliado de Bolsonaro. No relatório elaborado pela Polícia Civil foi anexado um panfleto de campanha de Paiva em que ele aparece com Bolsonaro, em dobradinha.

"As manifestações estavam pacíficas e controladas pelas forças policiais. Que houve interdição na BR 101 em Viana, ES. Que em Guarapari/ES não houve interdição no transito da BR - 101. Que houve interdição parcial na rodovia Jones dos Santos Neves", registra o relatório da Draco, que listou no mesmo evento os nomes da candidata à deputada do PL e do candidato ao governo pelo PRTB.

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Relatório ES: candidato governador do PRTB | Reprodução

"Que TICIANI ROSSI mostrou ser uma das lideranças. (...) Que foi identificado à pessoa de CLAUDIO CEZAR MA TTOS PAIVA, que concorreu a um cargo eletivo em Guarapari/ES."

A Polícia Civil registrou ainda páginas dos perfis de Paiva na internet, inclusive uma postagem de um vídeo, em que ele "convoca os populares para fazer parte das manifestações em frente ao 38º Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro".

No estado, a Draco também destacou como um suspeito de liderar os protestos Ubirajara Nobre Carlos, conhecido como Bira Carlos, que foi candidato a deputado estadual pelo PL. Em 2018 ele também concorreu a uma vaga na Assembleia e em 2016 a vereador.

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Relatório da Draco: candidato a deputado do PL | Reprodução

No Espírito Santo, o documento elaborado na última semana pela polícia registra que não havia "obstrução de vias em nenhum local de manifestação, e até o presente momento não há notícias de que novos bloqueios podem ocorrer". Segundo o documento, "nessa fase embrionária da investigação, não consta participação de organização criminosa nos atos de manifestações ora investigados." 

Alagoas: candidato

Em Maceió, relatório de inteligência da Polícia Militar de Alagoas registra entre os "articuladores" dos protestos um candidato a deputado estadual do PL no estado. Kayo Gustavo Fragoso Carneiro da Cunha é listado como um dos administradores de uma página no Instagram usada para organizar os protestos. 

"Foi possível verificar pelo menos dois tipos de articulações de lideranças para viabilizar tal manifestação. Parte das lideranças se reúnem, articulam e organizam via Redes Sociais (WhatsApp e Telegram com maior ênfase, Instagram em menor escala), enquanto uma outra parte articula o movimento in loco (fazem uso frequente do microfone, tomam a frente de negociações e conversam com a imprensa como líderes)", informa o documento reservado da PM. 

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Documento da inteligência da PM: articuladores | Reprodução

O documento inclui o candidato entre os possíveis "articuladores no in loco" identificados. "Kayo Gustavo Fragoso Carneiro da Cunha, foi candidato a deputado estadual no pleito eleitoral de 2022. É conhecido por integrar movimentos de direita. É administrador das páginas @acordamaceio e @kayofragoso, ambas da rede social Instagram, por onde transmite ao vivo a manifestação."

Além de conceder entrevista à imprensa, no dia 1º "identificando-se como uma das lideranças do movimento", Kayo Fragoso "coloca-se como porta-voz do grupo em negociações com o Gerenciamento de Crises" - grupo das autoridades de segurança e de estado, montado desde o início dos protestos, no dia 31 de outubro, após o fim do segundo turno das eleições. 

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Documento reservado: indivíduos identificados | Reprodução

Os membros da inteligência da PM, identificaram que nos atos ele "faz frequentemente o uso do microfone disponibilizado no carro de som, além de ser reconhecido pelos participantes do ato como uma liderança". "Foi possível identificar a divulgação de sua chave Pix para arrecadação de fundos para o movimento."

Mato Grosso: políticos e caminhoneiros

A Polícia Civil do Mato Grosso identificou entre os envolvidos nas manifestações no estado a ex-prefeita de Sinop Rosana Martinelli (PL), que nas eleições 2022 entrou como segundo suplente na chapa do senador Wellington Fagundes (PL), que foi reeleito, e o candidato a deputado estadual Adavilso Azevedo pelo PL. Foram identificados ainda outros políticos nos movimentos de outros partidos.

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Documento reservado da polícia do MT | Reprodução

"Rosana Tereza Martinelli, 2ª suplente do Mato Grosso nas Eleições 2022 pelo PL (Partido Ligeral), teria se unido à manifestação dos caminhoneiros no bloqueio, convidando os empresários da cidade para fechar os comércios e que seus funcionários se juntassem ao movimento", informa relatório técnico da polícia. 

Outro integrante do PL identificado no relatório foi Adavilso Azevedo da Costa, que concorreu como deputado estadual pelo PL.

"Adavilso Azevedo e Fabiana Rosane são conhecidos pelos chamamentos de outras manifestações em Cuiabá. Inclusive, Adavilso foi candidato ao cargo de deputado estadual na última eleição pelo Partido Liberal (PL), ficando como suplente e Fabiana é funcionária da prefeitura do município de Santo Antônio de Leverger", informa o relatório reservado da polícia enviado ao STF. Azevedo também possui um caminhão, informa o relatório. 

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Relatório do MT: monitoramento de mensagens | Reprodução

Há ainda outros políticos e candidatos listados nos protestos do Mato Grosso, do PTB, do PSB e do PSD. Um deles é Odilon Fonseca, que foi candidato a deputado federal pelo PTB local. Outro é Rafael Younekubo, que foi candidato a deputado estadual pelo PTB.

"No dia 7/11/2022, por volta das 20h, Rafael Yonekubo e Ely Caminhoneiro apresentaram-se como supostos lideres, quando policiais militares do Batalhão de Trânsito organizavam a escolta de aproximadamente 200 caminhões tratores da manifestação em frente a 13ª Brigada de Infantaria até o Posto Aldo Locatelli, para no dia seguinte iniciarem uma viagem ao Distrito Federal."

O documento enviado ao STF informa que com "o exíguo prazo disponível para a coleta de dados e o empreendimento das diligências solicitadas, não foi possível lograr de forma incontestável a identificação dos organizadores e/ou financiadores" dos protestos sob monitoramento. "Todavia, os monitoramentos realizados permitiram a especificação dos caminhões empregados nos eventos em tela, acompanhados da respectiva indicação de seus proprietários, tendo chamado a atenção dos analistas envolvidos a presença de alguns caminhões pertencentes à mesma pessoa física ou jurídica em idêntico local de protesto."

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Relatório da polícia do Pará | Reprodução

Pará: assessor de deputado

No Pará, um assessor do deputado federal Éder Mauro (PL-PA) foi identificado como uma das lideranças do protesto em frente ao 2º BIS. Na manifestação do dia 1ª de novembro foram feitos registros de Sandro Nascimento Ferreira Branco discursando. 

"Durante o levantamento de campo também foram verificados alguns indivíduos que exerciam o controle e orientavam o comportamento dos manifestantes presente no movimento, inclusive autorizando ou não as pessoas a convocarem INTERVENÇÃO MILITAR e/ou FEDERAL", registra documento reservado da polícia.

Segundo o documento, Sandro Branco "é secretário parlamentar do gabinete do deputado federal Éder Mauro, sobre o teto de um carro de som e segurando a bandeira do Brasil, incitava os manifestantes e exclamava palavras de ordem ao microfone."

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No local, onde houve bloqueio de via, "os agentes policiais observaram uma aglomeração de pessoas trajando camisas no Brasil, na cor amarela e hasteando bandeiras do Brasil e placas com mensagens do tipo: "INTERVENÇÃO FEDERAL, COM BOLSONARO NO PODER!"; "ARTIGO 142", "DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA E LIBERDADE".

O relatório registra ainda que os "manifestantes recebiam a todo momento apoio, como água e comida, de veículos estacionados na avenida".

Tocantins: concentração na Havan

A polícia identificou em Tocantins suspeitos de terem organizado e patrocinado a maior manifestação do estado, que fechou a Ponte Fernando Henrique Cardoso, em Palmas. O protesto foi organizado à partir de uma concentração formada na frente da loja Havan, do empresário Luciano Hang, um dos principais aliados de Bolsonaro. 

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Documento em TO cita grupos de organizadores | Reprodução

"As manifestações se iniciaram após a divulgação do resultado das eleições presidenciais no domingo dia 30/10/2022. A princípio, no Estado do Tocantins, observou-se que as movimentações eram apenas de pessoas inconformadas com o resultado do pleito eleitoral", registra o relatório.

O documento foi elaborado para subsidiar investigação pela Polícia Civil, "visando a responsabilização de alguns líderes do grupo de manifestantes que promoveram bloqueios nas rodovias estaduais" - em especial a rodovia TO-080 e na ponte Fernando Henrique Cardoso, que liga a capital à cidade de Porto Nacional (TO).

Segundo relatório reservado, "em poucas horas, verificou-se que o movimento possuía uma coordenação por parte de líderes locais". "Grupos de WhatsApp foram criados visando difundir com celeridade as informações estruturadas e repassadas por grupos de manifestantes situados fora do Estado. Diante dos indícios de liderança apresentados nos grupos de WhatsApp acompanhados, buscou-se qualificar as pessoas que evidenciaram essa função organizando e insuflando a participação de outras pessoas." Foram selecionados dois grupos para a análise: grupo "MANIFESTO PALMAS PONTE"; e grupo "PALMAS/TO.CONSERVADORES".

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Relatório Tocantins cita ponte e pastor político do PP | Reprodução

Um dos alvos é um pastor, que foi policial militar e candidato do PP. É Nelcivan Costa Feitosa, que foi policial militar. Pastor Nelcivan, como é conhecido, faz parte do grupo MANIFESTO PALMAS PONTE, informa o relatório. "Em diversas situações, durante as reuniões presenciais dos manifestantes na Capital, foi visto liderando os manifestantes, incentivando-os a participar dos protestos e bloquear vias."

Na imagem acima, Nelcivan está ao lado de outra liderança Thiago Marasca Moura. "Thiago Marasca convoca pessoas que estão reunidas em frente à Havan para fechar todas as entradas da Cidade de Palmas. De fato, após esse episódio, o grupo se deslocou para a ponte Fernando Henrique Cardoso, na rodovia TO-080 no dia 31/10/2022, fechando a rodovia."

O documento registra ainda que Pastor Nelcivan liderou o movimento com Thiago Moura em outra ocasião. "No dia 02/11/2022 ambos novamente subiram no mesmo veículo de som para liderar o grupo de manifestantes que se aglomerou em frente ao Quartel do 22º Batalhão de Infantaria do Exército."

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Lideranças convocam ato em frente a Havan | Reprodução

O alvo das apurações foi candidato a deputado estadual pelo PSD. Sua mulher, conhecida como Pastora Hilda do Nilcivan, concorreu a uma vaga de deputada federal.

"Além disso, a investigação para apuração dos crimes praticados por essas lideranças deve ser pautada no financiamento que foi promovido para a manutenção dos manifestantes que bloquearam as rodovias, ou seja, o fornecimento de alimentos, o fornecimento de pneus que foram queimados, aluguel de tendas, aluguel de banheiros químicos e identificação dos proprietários ou possuidores dos veículos que foram deliberadamente usados para fechar as rodovias."

Outros estados: deputado, policiais e pastores

No Rio Grande do Sul, o relatório da Divisão de Inteligência Policial e Análise Criminal listou entre os suspeitos de incentivar os protestos no estado nomes conhecidos da política e da polícia local. Um dos citados foi o Tenente Coronel Zucco (Republicanos), deputado estadual que foi eleito deputado federal, com a maior votação no estado, 259.023 votos. 

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Relatório do RS lista deputado Zucco | Reprodução

"Foram localizadas publicações relativas a agentes públicos com intensa atividade em redes sociais e fora destas. A partir de ações de coleta, foram possíveis as identificações de algumas dessas publicações no sentido de apoio ou incentivo a presença de cidadãos nos locais de reunião e/ou manifestações populares", informa o relatório reservado. "Destacamos a resposta à publicação de ZUCCO do usuário 'paulorsul' falando em 'retomar' aquilo que as eleições supostamente teriam subtraído do povo."

Em nota divulgada, Zucco informou que recebeu "com surpresa pela imprensa a informação" de que seu nome teria sido incluído em relatório enviado ao STF. "Já determinei a minha equipe de comunicação que analise tal conteúdo para saber exatamente do que se trata e qual o seu teor. Minha assessoria jurídica também já está analisando a questão." Ele reiterou nota divulgada pelas Forças Armadas, em 11 de novembro, que cita "livre manifestação do pensamento; à liberdade de reunião, pacificamente" e a Constituição. "Não constitui crime [...] a manifestação crítica aos poderes constitucionais nem a atividade jornalística ou a reivindicação de direitos e garantias constitucionais, por meio de passeatas, de reuniões, de greves, de aglomerações ou de qualquer outra forma de manifestação política com propósitos sociais."

Também foi listado no documento postagens do delegado da Polícia Civil Heliomar Athaydes Franco, que foi candidato a deputado estadual pelo União Brasil. "Foi possível perceber que o Delegado Heliomar fez publicações em seu perfil após o segundo turno das eleições, porém, posteriormente apagou." A reportagem não conseguiu contato com ele. Em manifestação na imprensa local, ele afirmou que se "manifestou com as suas convicções políticas e não fez nenhum tipo de incitação, nem pedido de intervenção militar.

O documento lista ainda outros nomes de candidatos e agentes de segurança, como o do "agente de segurança pública Patrício Jardim Antunes". "Conhecido como inspetor Patrício, o qual é vereador no município de Dom Pedrito e foi candidato a deputado estadual pelo PP fez diversas publicações referente a possível fraude nas urnas e assuntos relacionados as eleições para a Presidência da República", registra o documento. 

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Candidato do PP, Inspetor Patrício | Reprodução

A polícia destacou algumas mensagens publicadas pelo candidato em perfil de rede social na internet. "As publicações trazem mensagens publicadas pelo inspetor Patrício com conteúdo relacionado à não aceitação do resultado das eleições, inclusive com considerações que levantam uma suposta corrupção e fraude no processo eleitoral."

Em Mato Grosso do Sul foi identificada a candidata a deputada federal pelo PP Sirlei Ratier e o ex-prefeito de Costa Rica (MS) Waldeli dos Santos (MDB) entre os sete suspeitos de serem lideranças de protestos organizados no estado. Sirlei Ratier, que é médica e foi candidata, negou em nota ser organizadora dos protestos. "Esse é um movimento espontâneo do povo, que está ocorrendo em frente aos quartéis em todo o território nacional e não tem líderes, ou organizadores. Sou totalmente favorável ao movimento, mas não sou organizadora."  Waldeli dos Santos não foi localizado para comentar o caso. 

No Maranhão os relatórios listaram um candidato estadual pelo PTB, Claudio Rogério Silva Raposo, que organizava motociatas para a candidatura de reeleição de Bolsonaro, e de um candidato a deputado estadual pelo Podemos Marcelo Thadeu Penha Cardoso, que é investigador da polícia, que tiveram "participação mais ativa e que faziam o uso da palavra de forma mais frequente na manifestação em frente ao 24º Batalhão de Infantaria de Selva (24º BIS), na capital, São 
Luís. "O movimento tomou proporções maiores, centenas de pessoas, vestindo as cores da bandeira do Brasil, protestaram pedindo intervenção militar no país, apuração de denúncias relacionadas às urnas eletrônicas e contra o Tribunal Superior Eleitoral."

"Claudio Rogério Silva Raposo (...) é líder do movimento PATRIOTAS DO ASFALTO SLZ. Em 2022 organizou no Estado (cidades de São Luís e Imperatriz) eventos de 'motociatas' a favor do então candidato à reeleição à Presidência da República", registra informação enviada ao STF pelo comandante-geral da PM do Maranhão, coronel Emerson Bezerra da Silva. 

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Relatório reservado da PM do Acre | Reprodução

No Acre, o candidato a deputado federal pelo Solidariedade Pastor Jesus Silva foi listado em relatório de inteligência da Polícia Militar do estado. O documento registra manifestação realizada no dia 2 de novembro em frenta ao 4º Batalhão de Infantaria de Selva (4º BIS), em Rio Branco. "Os manifestantes diziam não aceitar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2022." O documento registra que aproximadamente 1 mil manifestantes estiveram no ato. "Percebeu-se que algumas pessoas se destacaram como lideranças: "Pastor Jesus", "Pastora Deyse" e "Emir"."

Protestos

Nos últimos dias, caminhoneiros e apoiadores de Bolsonaro voltaram a bloquear rodovias federais pelo país. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou neste sábado (19.nov) que são registrados 17 pontos de bloqueio e 12 interdições em rodovias federais, em Rondônia, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará e Paraná. 

Desde o início dos atos, em 30 de outubro, mais de 1,1 mil interdições já foram desfeitas pelas autoridades. A reação da PRF aos protestos iniciados logo após os resultados das urnas está sob investigação, por ordem do STF. O diretor-geral da corporação, Silvinei Vasques, é suspeito de ter demorado a desmobilizar os atos, que chegaram a quase 400.

As apurações do STF envolvem dados sobre eventual responsabilidade do diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, por omissão nas ações de contenção. No início dos bloqueios, a PRF demorou a agir para desmobilizar os protestos. Indicado ao cargo no governo Bolsonaro, ele chegou a declarar voto no presidente e foi acusado não só por demora na reação policial aos protestos, mas também de ter agido contra ordem do STF, ao realizar blitze em veículos de transportes de eleitores do dia de votação - o que havia sido proibido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Além de contestar a vitória do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), manifestantes têm defendido bandeiras antidemocrátricas, como a intervenção militar no país, e contestado a legitimidade dos resultados das urnas - o petista venceu com 50,9% dos votos válidos, contra 49,1% do presidente.

Leia também:

+ Relatórios enviados ao STF identificam patrocinadores de protestos

+ Forças Armadas condenam excessos, mas defendem manifestações

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