Em 1989, SBT liderou pool de emissoras nos debates do segundo turno
Bandeirantes, Globo, Manchete e SBT se uniram para informar o eleitor nesse momento decisivo
Seis grupos de comunicação se uniram para a transmissão do debate deste sábado (23.set), às 18h15, entre candidatos à Presidência da República.
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Foi assim também na retomada da vida democrática no Brasil. Na eleição histórica de 1989, o SBT liderou um pool de emissoras de televisão nos dois debates do segundo turno.
As redes Bandeirantes, Globo, Manchete e SBT se uniram em torno de um objetivo comum: informar o eleitor nesse momento decisivo.
Foi uma disputa muito apertada. Fernando Collor, recém alçado ao cenário político nacional, defendia o programa dos liberais: "um combate sem tréguas às mordomias, ao tamanho do estado, à corrupção, aos marajás sob todas as suas formas. O meu compromisso é com o pé descalço, com o descamisado".
Lula vinha do sindicalismo operário e representava uma frente de esquerda: "os ricos terão que perder para que a classe trabalhadora comece a comer".
O debate foi dividido em quatro blocos, cada um apresentado por um representante das emissoras do pool. As perguntas eram feitas por jornalistas das TVs. Os candidatos também podiam fazer perguntas entre si. Foram 2h30 de combate.
O fim da ditadura militar devolveu aos brasileiros o direito ao voto. Em 1989, o país tinha 82 milhões de eleitores, e a maioria escolheria o presidente da República pela primeira vez
Não existiam urnas eletrônicas, marqueteiros de campanha, muito menos internet e redes sociais, mas já naquela época, a televisão, com a propaganda e os debates ao vivo, era o meio mais eficiente para avaliar os candidatos e tomar a decisão.
Os brasileiros acompanhavam com interesse o segundo e último debate entre Collor e Lula, como demonstrou a fenomenal audiência de 66 pontos.
"Eu lembro que o Collor não queria ir. O Lula disse que ia e queria saber se nós garantiríamos que, se o candidato adversário não fosse, se ele poderia dar uma entrevista. Nós dissemos que sim, aí isso forçou o Collor a ir também", afirma Albino Castro, coordenador do pool em 89.
A cena inicial dos candidatos se cumprimentando, vista no debate anterior, não se repetiu. "O Lula avisou que não ia cumprimentar o Collor e não houve o cumprimento", relembra o apresentador Boris Casoy. As razões foram os ataque pessoais feitos anteriormente.
Diferente do que acontece hoje, as regras permitiam que o candidato mostrasse material de apoio. "Havia pilhas de documentos que eram na verdade pastas vazias. Era apenas pra intimidar", afirma o jornalista Luiz Fernando Emediato, que integrou o pool.
Durante o debate, Collor tentou colar em Lula a imagem do candidato que, se eleito, daria um calote nos brasileiros, o que a equipe econômica do próprio Collor faria três meses mais tarde, com o confisco da poupança.
"Eu sou contra os calotes. Eu sou contra ao beiço que o meu adversário quer dar ma divida externa, a dívida interna, aí incluída também a caderneta de poupança, Eu sou absolutamente contra qualquer tipo de calote", afirmou Collor.
Ainda hoje, 33 anos depois, persiste a polêmica: a edição do debate no Jornal Nacional do dia seguinte teria favorecido Collor. Ele venceu a eleição. A partir desse episódio, as TVs deixaram de editar debates. Daí pra frente, só ao vivo.
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