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"Os pobres devem morar nos centros das cidades", diz Léo Péricles

Representante do Unidade Popular (UP), mineiro propõem reformas econômicas, sociais e urbanas

"Os pobres devem morar nos centros das cidades", diz Léo Péricles
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Léo Péricles, candidato à Presidência da República pelo partido Unidade Popular (UP) é natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, tem 40 anos, e é técnico de mecânica. Em 2011, passou a integrar o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), e liderou ocupações urbanas e protestos de junho de 2013 em Belo Horizonte. Em 2020, se candidatou a vice-prefeito da capital mineira. 

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O candidato foi entrevistado pelo SBT News e falou sobre seus projetos para um eventual governo. Entre os planos de Péricles estão mudanças na educação, saúde, moradia e saneamento. O representante do UP também defende a taxação de grandes fortunas.

Confira a entrevista completa de Léo Péricles ao SBT News:

Por que um partido que não tem representação atualmente no Congresso Nacional apresenta uma candidatura à Presidência da República?

Primeiro que é um direito nosso, nós somos o mais novo partido político no Brasil, e o nosso partido é um partido de lutas sociais. Nós entendemos que, todas as mudanças na política, elas só podem acontecer e serem efetivas, até o nosso voto, se o povo estiver extremamente mobilizado e ocupando as ruas do país, apresentando um programa de mudanças, precisamos defender mudanças profundas nesse país. Nós estamos num Brasil que, em 522 anos, quem manda e desmanda são os muito ricos. Nós estamos vivendo em um país onde a imensa maioria da população é super explorada e oprimida. E pra mudar essa situação nós precisamos mobilizar o povo, e o partido nasceu pra isso. Nascemos porque somos indignados com essa política que está aí, não concordamos com a maioria dos políticos que estão aí, e não termos parlamentares ainda porque estamos disputando a primeira eleição nacional, representando chapa em todo país, não só à Presidência da República, mas governos de estados, senados e também deputados estaduais e federais. 

O programa registrado pela chapa do senhor na Justiça Eleitoral é baseado no debate em torno de propostas do partido. No que consistem esse programa e essas propostas?

Nós chamamos de mudanças de reformas estruturais, que nunca foram realizadas no Brasil. Queria começar com a suspensão do pagamento da dívida pública e auditoria dessa mesma, porque a dívida pública é um sistema que consome metade do orçamento do Brasil e ela não foi contraída para construir universidades, escolas, melhorar a vida do povo. Então a nossa proposta é suspender esse pagamento, pegar essa quantidade de recursos e investir, principalmente, em quatro pontos centrais (educação, saúde, moradia e saneamento). Na saúde, eu uso o SUS, sou candidato à Presidência e uso o SUS. Tive que fazer uma consulta com o neurologista e fiquei um ano e sete meses para ser atendido. Se fosse uma coisa grave, teria morrido. Isso tem que acabar no Brasil. Na moradia, porque você tem milhões de pessoas que não tem onde morar de forma digna, então precisa ter um grande programa. E também no saneamento. Inclusive com as frentes emergenciais de trabalho, que é contratar as pessoas a partir de onde elas moram pra ajudar a resolver os problemas, construir as moradias, fazer o saneamento. Com isso a gente já liga um grande programa de empregos pro Brasil gerar milhões de empregos e, com esse recurso, construir escolas, UPAs, construir hospitais e abrir concursos para milhões de pessoas fazerem com que o SUS e a educação sejam muito melhores no Brasil.

Para a geração de emprego, o que seria feito?

Frentes emergências de trabalho, mas nós achamos que tem outras medidas importantes, como a reestatização das empresas que foram privatizadas no Brasil. E a outra que nós defendemos é a reforma agrária, ela é fundamental, é uma das grandes reformas estruturais do Brasil que nunca foram realizadas. Vamos parar de dar dinheiro para o agronegócio e vamos investir na agricultura familiar, porque essa que traz a comida para a mesa do brasileiro e da brasileira. Então a reforma agrária consiste nisso, porque você movimentar uma economia dessa forma, colocar milhões de pessoas tendo direito a produzir, você produz alimento muito mais barato, cria condições do alimento chegar mais barato a nossa mesa e você cria milhões de empregos nessa cadeia de trazer alimentos baratos para as grandes cidades. Nós defendemos uma política de voltar o Brasil pro povo brasileiro e esse enfrentamento precisa acontecer. Na educação, nós temos alguma medidas muito importantes. Primeiro, começar pelos 15 milhões de brasileiras e brasileiros que não sabem ler e escrever porque políticas importantes, inclusive na alfabetização de jovens e adultos, não foram feitas pra eles. Nós temos no Brasil um dos melhores métodos de alfabetização do mundo, que é do mestre Paulo Freire. Em meses é possível não ter mais analfabetos. A outra medida é o grande investimento, que precisa acontecer, e chamar os conselhos de educação, chamar os profissionais de educação a participar, nós temos uma tecnologia hoje no mundo e no Brasil que nós podemos envolver milhões de educadores nas resoluções do MEC.

A reforma do ensino médio seria mantida?

Revogá-la. Nossa proposta é essa. Inclusive, outra medida da educação é fortalecer o ensino médio e as escolas técnicas, para que nossa juventude consiga ter contato com a indústria, com conhecimento, com ensinos técnicos. E além disso, com essa quantidade de recursos que fizemos referência da dívida pública, é possível construir universidades também e garantir o que vários países da América do Sul já fazem, que é o livre acesso das pessoas às universidades. Nós somos defensores das cotas.

Programas sociais, com distribuição de renda, como Auxílio Brasil, o senhor pretende manter, pretende ampliar?

Nossa proposta é não perder perspectiva que a esquerda de verdade tem que ter, de não ter mais nenhuma desempregado no país. Tenho duas propostas em relação a isso: primeiro ter o auxílio emergencial e ele ser incluído na Constituição pra não ficar na mão do governo, ele ser de dois salários mínimos e existir esse auxílio enquanto existir desempregado.

Qual política de moradia do plano de governo do senhor?

A reforma urbana, que é uma das propostas estruturais que falei, ela vai mexer na grande propriedade do nosso país, que são esses grandes prédios inteiros que estão abandonados. No mundo inteiro, as políticas mais avançadas de moradia colocam as pessoas pobres para morar nos centros das cidades. A construção de moradia também vai fazer parte, são duas medidas: aproveitar o que está pronto e garantir a construção em grandes terrenos desocupados que podem resolver o problema.

Quais são os projetos do senhor para a segurança pública?

Primeiro é ter uma efetiva segurança pública que cuide do povo pobre e trabalhador desse país. Hoje, infelizmente, as polícias como estão montadas, elas se assemelham mais a grupos de extermínio do que realmente segurança. E eu estou falando isso aqui porque até a ONU recomendou ao governo brasileiro há alguns anos que extinguisse suas polícias militares. No lugar disso, defendemos a desmilitarização. No lugar dessas polícias que temos hoje, que a gente possa ter polícias comunitárias, que estejam ligadas aos problemas que as pessoas vivem no dia a dia e elas nem precisam ser armadas para resolver os problemas. O problema central não é aumentar a repressão, a maior política de segurança pública que pode acontecer são grandes investimentos em saúde, em educação, em emprego, em política de esporte e cultura para a juventude.  O problema é social.

A política de acesso às armas deve ser mantida?

Totalmente contrário. Várias matérias recentes mostram que essas armas estão indo para o crime organizado. Nós somos contra esse armamento que o Bolsonaro propõe. Inclusive, nenhum lugar do mundo se resolve problemas de segurança pública armando individualmente pessoas.

Qual o papel da Petrobras no governo do senhor?

Importantíssimo. Ela precisa voltar a ser 100% do povo brasileiro. Nossa proposta é que não tenha mais acionistas privados na Petrobras. Temos que reverter esse lucro todo. Nossa proposta é que com a Petrobras 100% estatal, inclusive com controle da distribuição, do refino do petróleo, esse refino tem que estar na mão do estado brasileiro, inclusive a distribuição dos postos tem que estar na mão da Petrobras, para não ficar na mão do mercado, porque o mercado fica tomando decisão e colocando o preço que quer, e o preço tem que ser tabelado pelo governo brasileiro. Não faz o menor sentido produzir aqui no Brasil e pagar em dólar.

Como o senhor pretende combater a corrupção?

As empresas precisam ter controle do povo, não podem estar apenas estatizadas. Elas precisam ter conselhos onde o povo participe das soluções e das decisões. Precisamos ampliar a democracia.

Dentro desse plano de governo cabem reformas administrativas e tributárias?

Não defendemos reforma tributária, defendemos o contrário, que ela vai fazer com que os ricos paguem impostos no Brasil. Temos que taxar grandes fortunas nesse país, ter políticas que vão fazer com que pobres não paguem impostos. Propomos tirar dos muito ricos para poder financiar as políticas sociais desse país. Se for feito dessa forma, é justo chamar de reforma estrutural. 

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