Reformas deverão ser feitas no 1º semestre, diz Doria sobre eventual governo
Tucano criticou o governo Bolsonaro por não ter reformado a tributação
O ex-governador de São Paulo e pré-candidato a presidente da República, João Doria (PSDB), afirmou nesta 2ª feira (11.abr) que, num eventual governo, as reformas administrativa e tributária deverão ser feitas no primeiro semestre de gestão. A declaração foi feita em almoço-debate com líderes empresariais (da organização LIDE), no Hotel Unique, em São Paulo.
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Doria criticou o governo Bolsonaro (PL) por não ter reformado a administração pública e a tributação no país. Em suas palavras, "um governo que entra tem que ter a coragem de fazer as reformas de imediato". "Eu aprendi com o meu amigo Rodrigo Maia [ex-presidente da Câmara dos Deputados] que ou você faz isso no momento em que tem prestígio do resultado eleitoral, ou depois você terá muitas dificuldades", completou. No caso da tributária, o político trabalharia pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019, em tramitação na Câmara dos Deputados. Segundo ele, "ela vai simplificar a tributação sobre o consumo, para ganho de eficiência e estimular o crescimento econômico".
Outras promessas feitas pelo tucano para uma possível gestão sua no Palácio do Planalto incluem desestatizar empresas como Eletrobras, Petrobras e Correios; ampliar as relações do Brasil com o Oriente Médio; retomar proximidade maior com a China, Estados Unidos e França, por exemplo; ter um ministro do Meio Ambiente que entenda e proteja este; ampliar e melhorar o SUS, ao qual se referiu como "uma conquista do Brasil"; e, se possível, aprimorar a reforma trabalhista - nada que ela estabelece seria revogado. Doria classificou essas mudanças nas leis trabalhistas, promovida no governo Temer, como "conquista da sociedade".
Quando questionado sobe o que está sendo feito de errado pelo Governo Federal na área de segurança pública e o que faria para mudar, disse que, quando Moro era ministro, havia um protocolo para o setor, completamente abandonado após a saída do ex-juiz da pasta. Além disso, ele defendeu o desarmamento da população."Quem tem que estar bem armado e proteger a população, seja rural, seja urbana é a polícia", pontuou. De acordo com o tucano, o Governo Federal, depois da substituição da gestão de Moro na pasta da Justiça e Segurança Pública, "seguiu na direção equivocada de propor o armamento".
Ainda em relação ao tema, Doria disse ser preciso "retomar o fator que confere às Forças Armadas a Constituição brasileira". "O Exército, a Marinha e a Aeronáutica tem que seguir o seu papel constitucional e não seguir uma linha equivocada, que, aliás, não tem seguido, graças a comandos conscientes do papel real das Forças Armadas".
A respeito de um vale-gás, o pré-candidato a presidente pontuou: "no nosso governo será obrigatório. Não é razoável imaginar que pessoas sem renda, sem capacidade de ter renda, sem salário, tenham que gastar RS$ 150,00 por botijão de 13 kg de gás". A fala foi proferida em seu discurso inicial no evento, o qual utilizou ainda para relembrar uma série de feitos do seu governo em São Paulo, em deferentes áreas, como economia, educação e saúde. "O PIB do estado de São Paulo, nesses três anos, cresceu cinco vezes mais que o PIB brasileiro", disse. De acordo com Doria, "onde cresce a economia, cresce a distribuição de renda, cresce o emprego e diminui a pobreza". "Essa é uma regra básica do liberalismo e principalmente do liberalismo que pratica e exercita corretamente a economia".
Mais uma vez, ele se apresentou como um "liberal social", ou seja, alguém que segue o liberalismo econômico e, ao mesmo tempo, se preocupa em fazer com que o Estado promova ações para melhoras as condições de vida dos menos favorecidos. Um eventual governo seu, afirmou, será voltado para "o povo". Em determinado momento, disse não defender "o que o [ex-presidente] Lula defende que é tirar dos ricos, onerar os ricos, aumentar o imposto dos ricos para favorecer aos mais pobres". "Eu defendo que os pobres tenham a oportunidade de se tornarem ricos pelo trabalho", acrescentou.
O tucano responsabilizou o ministro da Economia, Paulo Guedes, pelo aumento no desemprego registrado nos últimos anos; em suas palavras "não foi só a pandemia, foi a arritmia, a falta de um bom ministro e de uma boa gestão econômica do atual governo". Segundo Doria, "São Paulo foi diferente". As reformas administrativa e previdenciária, além de arrecadação de R$ 265 bilhões de investimentos privados e compra da CoronaVac, foram outros feitos de sua gestão citados. As reformas, pontuou, geraram 8 mil obras no estado.
Após o discurso de Doria, antes que os empresários começassem a questioná-lo, foi passado um vídeo destacando, em especial, o trabalho feito pelo Executivo paulista em busca de uma vacina contra a covid.
Críticas
O pré-candidato do PSDB fez uma série de críticas ao Executivo Federal. Segundo ele, um governo que tem cinco ministros da Educação não acredita na educação". Em outro momento, afirmou: "O Brasil hoje é considerado um dos três piores exemplos do mundo na questão ambiental. Muito mais do que perder o protagonismo".
O político criticou também a reeleição. "Se eu puder contribuir com uma reforma política, essa reforma vai acabar com a reeleição no Brasil", falou. O motivo, conforme o integrante do PSDB, é que ela faz os políticos se preocuparem mais em serem reeleitos que com aquilo que realmente importa para os cidadãos. Em sua visão, o país precisa "de uma eleição de cinco anos de mandato" e todos os pleitos deveriam ser feitos simultaneamente; atualmente, os de prefeitos e vereadores ocorrerem de forma separada dos demais.
Terceira via
A respeito da chamada terceira via, ou seja, aqueles que se oporão a Lula e a Bolsonaro nas eleições, como ele, Doria disse que ela "está viva" e "soma forças" com a senadora Simone Tebet (MDB). Além disso, a chamou de "via da esperança".
Falando sobre como impedir que as pessoas votem em populistas, o tucano declarou: "Se você oferecer um discurso convincente, verdadeiro, real, essa população, mesmo em cidades pequenas, pode mudar a sua intenção de voto e votar naquilo que pode representar a verdadeira esperança para o Brasil".
Objetivos
De acordo com o ex-chefe do Executivo paulista, um dos objetivos de um eventual governo será "fazer o enfrentamento daqueles que não atuam não só com eficiência, como não atuam também com honestidade". Segundo ele, podem lhe acusar "do que for, menos de ladrão". "Ladrão eu não sou e eu combato os ladrões".
Compareceram ao almoço-debate ainda, nesta 2ª, a deputada federal Joice Hasselmann (PSDB-SP), Rodrigo Maia (PSDB) e o ex-secretário da Fazenda e Planejamento de São Paulo Henrique Meirelles, entre várias outras pessoas.